Comunicação

Igreja reflete sobre regulamentação ética da Inteligência Artificial

Bispos brasileiros alinham pensamentos ao Papa Francisco sobre a espiritualidade e as novas tecnologias

Escrito por Redação A12

17 JAN 2024 - 11H15 (Atualizada em 17 JAN 2024 - 15H06)

witsarut sakorn/Shutterstock

No primeiro dia do ano de 2024, o Papa Francisco divulgou uma mensagem para o Dia Mundial da Paz abordando as novas tecnologias, reforçou a regulamentação e aprovou seu uso para melhorias na sociedade.

"Os avanços tecnológicos que não conduzem a uma melhoria da qualidade de vida da humanidade inteira, nunca poderão ser considerados um verdadeiro progresso”.

O Pontífice fez um apelo à comunidade internacional para que adote "um tratado internacional vinculativo, que regule o desenvolvimento e o uso da inteligência artificial nas suas variadas formas".

O Cardeal Odilo Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo, em consonância com o Santo Padre, questionou as novas tecnologias em artigo publicado no jornal O Estado de São Paulo:

“Deixaremos que o mundo seja governado por máquinas, com base em cálculos e previsões que os algoritmos vão produzindo? São elas capazes de captar a realidade complexa do mundo das coisas e de as relacionar entre si com base em critérios de liberdade, vontade, decisão, compaixão, arrependimento, amor, solidariedade? Até onde a aplicação da inteligência artificial deve entrar na privacidade das pessoas e interferir nas suas escolhas livres? Seremos nós os futuros autômatos, enquanto as máquinas comandam nossa vida?”

Leia Mais3 conselhos do Papa Francisco aos comunicadoresComunicação: expressão de comunhãoTecnologia sem vício: equilibrando a Era Digital e a vida realDom Edson Oriolo, bispo da Igreja Particular de Leopoldina (MG), em artigo pela Vatican News, acredita que é possível cultivar a espiritualidade mesmo em meios digitaisComo exemplo, ele citou os sacerdotes ordenados das gerações baby boomers (1946-1964), da geração X (1965-1980), da geração Y (1981 e 1996), da geração Z (1997 e 2010), da geração Alpha (a partir de 2010) que apresentam várias formas de vivência da espiritualidade que sustenta seu ministério ou consagração.

Os mais vividos falam da reza do terço, dos devocionários, da Bíblia, dos livros de novenas e de outros meios que os colocam em ligação com o transcendente. Os mais novos falam do smartphone, dos aplicativos, dos blogs, onde encontram meios para se deixarem guiar pelo Espírito, nas diversas circunstâncias da vida. Há uma riqueza enorme de exercícios, instrumentos e meios que sustentam a vida interior, entendendo o sacerdócio ou consagração no aspecto ontológico e funcional. Cada geração conecta com o transcendente à sua maneira”.

A era digital vem proporcionando uma revolução, em muitos aspectos de nossas vidas e a espiritualidade não fica de fora. O Pontífice recordou que "é necessário que os jovens desenvolvam uma capacidade de discernimento no uso de dados e conteúdos recolhidos na internet ou produzidos por sistemas de inteligência artificial. As escolas, as universidades e as sociedades científicas são chamadas a ajudar os estudantes e profissionais a assumir os aspectos sociais e éticos do progresso e da utilização da tecnologia".

Dom Oriolo salienta que as plataformas de mídia social, os blogs, os vídeos de mensagens, os podcasts e os canais de vídeo vêm se tornando os novos templos e espaços sagrados nos quais as pessoas estão buscando orientação e conexão espiritual.

“Há uma transformação, impactando a espiritualidade dos que buscam vida interior e a comunhão com Deus. Segundo um estudo do instituto Reveiw of Religious Research, feito com jovens entre 18 e 35 anos da América do Norte, cerca de 35% dos jovens consomem algum tipo de conteúdo religioso online”.

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Por fim, Dom Odilo alerta:

Que o uso da inteligência artificial não aumente ainda mais as desigualdades sociais e econômicas entre os povos e os cidadãos. 'O objetivo da regulamentação da inteligência artificial não deveria ser apenas a prevenção de más aplicações, mas também o incentivo às boas aplicações' (cf. n.º 8). A inteligência artificial não deve ser vista apenas como uma preocupação, mas também como uma promessa esperançosa. Dependerá de como a usarmos”.

Fonte: Vatican News

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