Quando chega o tempo de eleições, muitas perguntas começam a surgir. Será que padres podem se candidatar? E pode pedir voto dentro da Igreja? Essas dúvidas são comuns e, para ajudar você a entender melhor o que a Igreja fala sobre política, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) preparou um documento explicando tudo direitinho.
Esse material foi feito pela equipe da CNBB para responder às perguntas que os fiéis fazem sobre a participação da Igreja nas eleições. O Frei Jorge Luiz Soares da Silva, que cuida dessa área, conta que a Igreja tem suas orientações para ajudar os católicos a entenderem a política de um jeito mais claro e de acordo com os ensinamentos de Jesus.
Agora, uma das perguntas mais frequentes é se padres podem ser candidatos. A resposta é que não, não é recomendado. O papel do padre é cuidar da fé, da comunidade e da espiritualidade das pessoas. Eles são chamados para servir a Deus e ao povo de outro jeito, e não diretamente na política. E quanto a candidatos pedirem votos na Igreja, isso também não pode. A Igreja é um lugar de oração, de encontro com Deus, e não de campanha eleitoral.
Mas isso não quer dizer que nós, como católicos, devemos ficar de fora da política. Pelo contrário! A Igreja nos orienta a participar, a votar com consciência, sempre pensando no bem de todos, principalmente dos mais pobres e necessitados. O voto é uma maneira importante de exercer nosso papel como cidadãos.
Então, quando você for votar, lembre-se das orientações da Igreja. A política faz parte da nossa vida e pode ser uma maneira de construir um mundo mais justo e fraterno, mas a missão da Igreja é espiritual. E juntos, com oração e discernimento, podemos fazer escolhas que reflitam os valores do Evangelho.
“Nós procuramos responder, exatamente dentro daquilo que é a orientação da Igreja, o ensinamento da Igreja, sobretudo a partir da encíclica Fratelli Tutti, e com base naquilo que é a Doutrina Social da Igreja, apontando a política como um meio necessário para a construção de uma sociedade mais justa, mais igualitária. E também respondendo exatamente à forma como a Igreja atua, não no campo de promoção direta e imediata de algum candidato, mas exatamente procurando apresentar os pilares, aquilo que é uma reflexão sadia a respeito da política, para que possamos ajudar aos eleitores na escolha dos seus candidatos, justamente levando em consideração aquilo que são os valores que a Igreja defende”.
Atuação de padres e bispos
A Igreja tem uma posição clara sobre como padres e bispos devem agir durante o período eleitoral. A CNBB recomenda que eles sigam a Doutrina Social da Igreja, que é baseada em princípios importantes como a justiça social, a solidariedade, a defesa da vida desde a concepção até a morte natural, o cuidado com os mais vulneráveis e a defesa da Ecologia Integral. Esses valores servem de guia para os fiéis no momento de escolher em quem votar, incentivando sempre a promoção do bem comum e o cuidado com toda a criação de Deus.
Candidaturas de membros do clero
O documento deixa claro que os padres e bispos não podem se candidatar a cargos públicos. Isso significa que os membros do clero estão proibidos de concorrer a cargos políticos, como vereador, deputado ou prefeito. A razão disso é que a Igreja quer garantir que os padres e bispos possam focar na sua missão pastoral, sem se envolver diretamente no poder civil.
Debate político dentro das igrejas
A Igreja também alerta que as celebrações e momentos de oração não devem ser usados como oportunidades para fazer campanha política. Durante as missas e encontros religiosos, é importante manter o foco na comunhão e na vivência da fé.
Por outro lado, a Igreja incentiva a criação de momentos de reflexão, onde os fiéis possam aprender mais sobre política, à luz da fé e da Doutrina Social da Igreja. O Papa Francisco, por exemplo, destaca na encíclica Fratelli Tutti que a política deve ser um serviço ao bem comum e sempre guiada por valores cristãos.
Apoio a candidatos
Embora padres e bispos também sejam cidadãos e tenham o direito de votar, a Igreja mantém uma posição de neutralidade política. Isso significa que ela não apoia diretamente nenhum candidato. No entanto, a Igreja oferece orientações aos fiéis, ajudando-os a escolher bem, sempre baseados nos valores cristãos.
Em casos especiais, onde há uma ameaça clara aos princípios da fé católica, os bispos e autoridades da Igreja podem se manifestar e orientar os fiéis sobre essas questões.
A boa política segundo a Igreja
Por fim, o documento da Igreja também apresenta o que seria uma “boa política”, de acordo com os ensinamentos do Papa Francisco na encíclica Fratelli Tutti. Entre os principais princípios da boa política, destacam-se:
Esses valores são essenciais para que a política realmente sirva a todos e ajude a construir uma sociedade mais justa e fraterna. No domingo, 6 de outubro, reflita bem sobre suas escolhas e em quem você vai votar, pois seu voto pode fazer a diferença na saúde, educação e assistência social do nosso país. Isso é muito importante!
Fonte: CNBB
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