Vivemos em tempos em que as palavras têm grande força, tanto para construir quanto para ferir. Muitas vezes, no dia a dia, podemos acabar magoando as pessoas ao nosso redor sem perceber, seja por causa do tom de voz, seja pela escolha das palavras. É por isso que a Comunicação Não-Violenta (CNV) é tão importante.
A Comunicação Não-Violenta é um jeito de se expressar que busca a compreensão, o respeito e a paz nas conversas. Foi desenvolvida pelo psicólogo Marshall Rosenberg, mas o que ela ensina está muito próximo dos valores cristãos: amor ao próximo, humildade e empatia.
Esse método nos ajuda a falar e ouvir de forma que construa relacionamentos mais saudáveis, sem acusações ou julgamentos. A CNV parte de quatro passos simples. Vamos conferir?
Antes de reagir, procure observar o que está acontecendo sem colocar rótulos ou fazer críticas. Isso nos ajuda a entender melhor o outro.
Perceba como você está se sentindo. Está triste, magoado, feliz ou preocupado? Reconhecer os sentimentos nos ajuda a lidar com eles.
Todos nós agimos movidos por necessidades, como amor, respeito, compreensão ou justiça. Identificar o que estamos precisando nos aproxima da solução.
Em vez de exigir ou criticar, peça com carinho o que você precisa, de forma clara e respeitosa.
Segundo Matheus Marcon, Gerente de Assessoria de Imprensa e Relações Públicas no Santuário Nacional de Aparecida, um dos maiores desafios da Comunicação Não-Violenta é lidar com as emoções no calor do momento.
“Um conflito pode levar qualquer palavra dita a ser interpretada como um ataque, já que a frustração ou a irritação podem levar a essa limitação de compreensão, ocasionando apenas um contra-ataque neste embate, e não necessariamente uma proposta para solucionar a situação. […] A sociedade nos molda a naturalmente termos uma linguagem mais reativa, por isso é importante ter paciência consigo mesmo e com os outros.”
Na prática, a CNV propõe que nos comuniquemos de forma clara e honesta, mas sem atacar ou culpar o outro.
“Os quatro fundamentos da CNV — observar os fatos de forma neutra e objetiva; identificar e nomear os sentimentos que aquela situação gerou; expressar uma necessidade factual, não pessoal; e fazer pedidos específicos para que a situação mude — é uma receita simples, mas que se precisa de dedicação para executar. […] Quando tratamos de ‘responsabilidade’ e não ‘culpa’, conseguimos não violar o interior do outro, respeitando seus sentimentos”, destaca Marcon.
Mesmo em ambientes mais intensos, como o jornalístico, a CNV pode promover um ambiente mais saudável.
“É muito diferente dizer ‘Você sempre atrasa o texto’, generalizando uma característica do colega, do que apontar que ‘O texto foi entregue atrasado duas vezes nesta semana’. No primeiro caso, se imputa uma característica pessoal e permanente à pessoa, […] já no segundo modo de se expressar, há apenas o relato de uma atividade que não foi cumprida como o previamente combinado”, explica.
Por fim, a CNV é um instrumento poderoso para promover a empatia em um mundo tão dividido.
“Com ela, se ouve mais ativamente, se entende o ponto de vista do outro e propõe a se responder sem julgar ou atacar. […] Empatia é o primeiro passo para quebrar barreiras e construir conexões reais”, conclui Marcon.
Como cristãos, somos chamados a ser “artesãos da paz”, como nos ensina Jesus, quando diz “Felizes os que promovem a paz, porque Deus os terá como filhos (Mateus 5,9)”.
Por isso, a Comunicação Não-Violenta é uma prática que vai além das palavras: ela é um testemunho de amor e respeito. Que possamos colocar em prática esse caminho de diálogo e reconciliação em nosso dia a dia.
Fonte: Instituto CNV Brasil
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