Espiritualidade

A Espiritualidade da Misericórdia que brota do Coração de Jesus

"Amei-te com amor eterno; por isso atrai-te a mim cheio de misericórdia...” (Jr 31, 3).

João Antonio Johas Leão (Arquivo pessoal)

Escrito por João Antônio Johas Leão

06 JUN 2019 - 00H01 (Atualizada em 24 JUN 2022 - 08H34)

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Esta passagem de Jeremias nos permite ver o núcleo da relação de Deus com suas criaturas. Deus nos ama e esse amor se expressa em sua misericórdia infinita por cada um de nós. Nas palavras do Papa Francisco: “Misericórdia: é o caminho que une Deus e o homem, porque nos abre o coração à esperança de sermos amados para sempre, apesar da limitação do nosso pecado”. E esse caminho fica particularmente evidente quando contemplamos o Sagrado Coração de Jesus.

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No documento chamado Haurietis Aquas, sobre o culto do Sagrado Coração de Jesus, podemos ler que “ao mostrar o Senhor o Seu Coração Sacratíssimo, de modo extraordinário e singular, quis atrair a consideração dos homens para a contemplação e a veneração do amor misericordioso de Deus para com o gênero humano”.

No Coração de Jesus, podemos ver essa chama ardente de amor misericordioso, que consome a cruz e os espinhos dos nossos pecados, para nos lembrar que a força do Amor de Deus é infinitamente maior que as nossas falhas.

"No Coração de Jesus podemos ver essa chama ardente de amor misericordioso que consome a cruz e os espinhos dos nossos pecados".

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Chama a atenção que tanto a passagem bíblica como o documento da Igreja falem de atração. “Atrai-te a mim” e “quis atrair a consideração”. Penso ser uma palavra que expressa bem o desejo mais íntimo de Deus de que Lhe entreguemos os nossos corações. Essa palavra manifesta a incansável busca de Deus por nós, mas também deixa claro que Ele nunca atropela a nossa liberdade; Ele atrai, não nos toma. É sempre uma decisão nossa deixar-nos atrair por Ele ou não.

É fácil lembrar aqui aquela passagem do Apocalipse que diz: “Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo” (Ap 3, 20). Ele nunca vai arrombar essa porta. Mas, da mesma maneira que nunca vai deixar de bater, também não se cansa em mostrar-se rico em misericórdia, esperando que um dia lhe concedamos nossos corações, ou que lhe abramos a porta.

Quando celebramos o Sagrado Coração de Jesus, devoção que infunde inumeráveis riquezas celestiais nas almas dos fiéis, estamos celebrando o culto à Pessoa do Verbo Encarnado, a segunda da Santíssima Trindade. E como nos diz o Papa Francisco, Jesus Cristo é o rosto da Misericórdia do Pai. Em Cristo, podemos ver o tamanho da misericórdia de Deus.

Enquanto caminhou pela Terra, Cristo passou fazendo o bem, irradiando, desde seu Sagrado Coração, a Divina Misericórdia. Com esse olhar atraiu os homens de ontem e quer continuar atraindo os de hoje. Quanto mais crescermos nessa devoção, mais nos deixaremos atrair pelo amor de Deus.

Junto à devoção do Sagrado Coração, e também com a intenção de render-lhe um culto mais digno, é importante unir a devoção ao Imaculado Coração de Maria, não apenas celebrando-os em dias sucessivos (como sabiamente o escolheu fazer a Igreja), mas unindo-os em nossas vidas. O Coração de Maria é quem melhor nos leva ao Coração de Jesus. Quanto mais nos aproximamos da Mãe de Cristo, mais ela vai nos ensinando a assemelhar o nosso coração com o de seu Filho.

Que na Solenidade do Sagrado Coração deixemo-nos atrair um pouco mais pela misericórdia infinita que jorra desse Coração. Não lhe fechemos as portas; pelo contrário, façamos um esforço por abri-las de par em par, para que recebamos com sinceridade tudo aquilo que Deus quer nos dar.

Escrito por
João Antonio Johas Leão (Arquivo pessoal)
João Antônio Johas Leão

Licenciado em filosofia, mestre em direito e pedagogo em formação. Pós-graduado em antropologia cristã e entusiasta de pensar em que significa ser cristão hoje.

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