No último artigo, dissemos que a passagem de um cristianismo herdado a um cristianismo pessoalmente assumido se revela uma etapa decisiva para nosso crescimento em Cristo. Hoje constatamos que a transmissão da fé não é mais tão simples como no passado, em que a família e a cultura eram as grandes responsáveis por transmitir às novas gerações a fé e os costumes cristãos propostos pela Igreja.
Vivemos numa sociedade com muitas referências e propostas de sentido, e a opção pela fé não é mais óbvia. Os filhos não continuam, necessariamente, as tradições que os pais lhes deixam. A sociedade oferece uma gama infinita de possibilidades de sentido e cada pessoa escolhe, por ela mesma, em que quer acreditar - ou se será ou não cristã.
Muitos batizados não perseveram na vida eclesial, abandonando a fé que lhes foi dada pelos pais e a Igreja. Não quer dizer que sejam pessoas ruins, mas que fizeram escolhas pessoais que as distanciaram da Igreja, mesmo que pratiquem valores que expressam o Evangelho de Jesus Cristo, como a justiça e a fraternidade.

Essa nova situação em que nos encontramos torna inadiável uma opção fundamental por Cristo, se queremos ser cristãos. Uma opção que nos obriga a estabelecer prioridades, fazer renúncias e, às vezes, tomar decisões dolorosas que nos ajudam a romper com estruturas que afastam do Evangelho. Por isso, se trata de uma segunda conversão, pois a primeira se deu no batismo.
Ela surge quando decidimos viver da fé recebemos, não mais porque nossos pais desejam, mas porque nós mesmos encontramos na fé cristã um sentido para nossa vida. Essa conversão não se restringe apenas a uma busca interior de relação com Deus, mas traz uma dimensão ética, que envolve nossas relações e nossa ação no mundo, a favor da construção do Reino de Deus.
Leia MaisSer cristão: um processo que dura a vida todaNormalmente, nesta etapa da opção pessoal por Jesus Cristo, surge o desejo de uma participação mais intensa na vida da Igreja, de uma participação mais profunda na Eucaristia, de uma prática mais elaborada da oração e, é claro, de um serviço mais concreto aos irmãos, porque não existe conversão a Jesus sem que seja acompanhada do serviço aos outros.
O Papa Francisco nos chama a atenção para a necessidade de uma fé que se engaja em ações concretas para tornar o mundo mais parecido com o Reino de Deus, onde haja mais justiça e paz, sobretudo para os necessitados e abandonados. Não há eucaristia, sacramento da comunhão com Cristo, sem lava-pés, “sacramento” da comunhão com o irmão.
Alguns, nesta etapa, fazem sua escolha vocacional, para definir seu futuro de acordo com Jesus e o Evangelho. Outros assumem ministérios na Igreja, querem ajudar, de alguma forma, com seus talentos, a construir a Igreja de Jesus. Exige-se a personalização da fé de todo cristão que exerce um ministério qualquer na Igreja, seja ele simples e humilde ou de maior responsabilidade.

Esta mudança, caracterizada como segunda conversão, embora nos transforme, não nos livra de certas fraquezas, que nos acompanham e contra as quais continuaremos a lutar. Mesmo depois de uma opção verdadeira por Cristo, o pecado permanece em nossa vida. Mas para perdoá-lo há o Sacramento da Reconciliação, que recria nossa comunhão com Cristo e com os irmãos, quando a perdemos por causa do pecado.
Claro que, quanto mais se cresce na comunhão com Cristo, quanto mais se ama, menos se peca. De qualquer modo, como o publicano do Evangelho, sempre rezaremos, batendo no peito: “Meu Deus tem piedade de mim que sou pecador” (Lc 18,13).
Alguém talvez se pergunte: uma vez personalizada a fé, termina a trajetória espiritual? Não, ela prossegue através de outras etapas ainda mais decisivas.
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