A discussão entre a fé e a razão é bem antiga e remonta à Idade Média, tendo o dominicano Santo Tomás de Aquino (1225-1274) como o maior expoente.
Ao longo de 800 anos, a discussão teve momentos de auge e outros de calmaria. Alguns filósofos, como o franciscano João Duns Scoto (1266-1308), por exemplo, dizem que o importante é separar o que é próprio do estudo da fé e o que é objeto de investigação da razão. Outros, como o francês Blaise Pascal (1623-1662), afirmam que alguns assuntos competem à fé, pois a razão não consegue explicar ou demonstrar, como a existência de Deus, por exemplo. O Papa São João Paulo 2° (1920-2005) até escreveu uma importante encíclica sobre o tema, intitulada Fides et Ratio (Fé e Razão) na qual inicia exatamente nestes termos: “A fé e a razão constituem como que as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade”. Atualmente, com a crescente rejeição da religião, o tema tem reaparecido e entrado em discussão novamente.
Leia MaisSaiba a diferença entre Judas Tadeu e Judas IscariotesA razão é algo bom, um dom especial nos dado por Deus. O ser humano é um ser racional. Deus o fez assim, e isto o difere das demais criaturas. Caso ele utilize mal este dom, a razão, ele se diminui. A razão o torna semelhante a Deus, porque o faz ser um ser humano autêntico como Deus quis.
Na má utilização da razão ou até mesmo na não utilização dela, ele deixa de ser um ser humano. Por exemplo, a corrupção e a violência se promovem pelo mau uso da razão, afetando a todos ao redor, causando injustiças e a morte. Quando alguém faz algo “sem pensar” ela deixou seu lado humano, se tornou um animal.
E vamos além. Quando ocorre entre nós algo que nos choca, algo que nos causa escarnio, um ato extremamente violento, como a causa da morte brutal de alguém, nós costumamos dizer que quem cometeu aquele ato não é um ser humano, é um animal, ou melhor, é um monstro. Pelo seu ato, ele deixou de ser humano, deixou de utilizar seu bem mais precioso. Por isso dizemos ser desumano quando se age com tais atitudes.
Há questões básicas e universais, que desde o início nos fazemos e que são próprias e inerentes à existência da humanidade, não importando o credo ou a cultura. Trata-se de investigações ao mesmo tempo pessoais, mas também universais. Todos já se questionaram: “Quem somos?”, “De onde viemos?” ou “Para onde vamos?”. Duvidar é tentar compreender, é buscar a verdade, e isto é o aspecto fundamental da razão, que em alguns casos chamamos também de ciência. Isso não quer dizer, porém, que se deva excluir a fé. Tanto fé, quanto razão nos coloca diante de questões importantes e ambas nos dão satisfatórias respostas às mesmas. Há de se dizer também que, a comprovação científica não elimina a fé, muito pelo contrário. Se utilizando de outro tipo de discurso, até confirma ela.
Santo Anselmo é um destes santos desconhecidos que a maioria dos católicos não faz nem ideia de quem seja. É um dos 36 Doutores da Igreja, classificação dada aos santos e santas defensores da fé e da doutrina católica por meio de pensamentos, escritos espirituais e teológicos, se utilizando da razão sem eliminar a fé.
Nascido em Aosta, na Itália, em 1033, era ele de família nobre. Ainda jovem manifestou o desejo de se tornar religioso, mas os pais o fizeram mudar de ideia, o que durou apenas um tempo. Como o desejo de seguir um caminho santo era maior, ele ingressou num mosteiro na França. Filósofo e teólogo, Anselmo ganhou notoriedade nos estudos. Tornou-se mestre e ensinou aos jovens em formação monástica. Enviado à Bretanha como missionário, tornou-se arcebispo de Cantuária, o episcopado mais importante do lugar. Como era um homem reto e humilde, lutou contra todos os males e corrupções morais, sendo, portanto, odiado por muitos que se utilizavam dos bens reais e religiosos para seu bel prazer. Além disso, a liberdade religiosa estava ameaçada. Diante de tal situação, foi Anselmo ganhando muitos inimigos, que conseguiram expulsá-lo do lugar, se exilando por muito tempo de sua sede episcopal.
Com os ensinamentos dos santos doutores a Igreja promove a pesquisa científica de maneira ética e responsável, respeitando os valores da vida. E isto ilumina ainda mais a fé. O lema de Santo Anselmo sintetiza justamente este conceito quando diz: fides quaerens intellectum, que quer dizer: a fé que busca compreender. Tal lema nos ajuda a combater a perseguição que a fé vem sofrendo em detrimento à ciência (razão), pelos opositores da religião (da fé), que chegam a ridicularizar o discurso teológico, considerando-o absurdo, uma superstição, algo sem nenhum valor para a discussão acerca da humanidade, desprezando assim, sua dimensão espiritual e as questões metafísicas.
Dentre suas importantes obras vale citar o Monologium e o Proslogium, no qual neste último demonstra a existência de Deus por meio de 4 vias racionais lógicas, o que ficou conhecido na filosofia como argumento ontológico.
Reconhecendo sua grande importância espiritual e intelectual, o principal mosteiro beneditino de Roma, onde reside o abade primaz, leva seu nome. Lá também funciona uma das mais importantes universidades pontifícias, famosa pelo curso de liturgia e espiritualidade.
A memória de Santo Anselmo é comemorada em 21 de abril, data de sua morte em 1109.
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