Espiritualidade

Deus se calou? A compreensão do silêncio de Deus e o sofrimento

Fr. Rafael Peres Nunes de Lima C.Ss.R.

Escrito por Fr. Rafael Peres Nunes de Lima, C.Ss.R.

06 JUN 2024 - 14H13 (Atualizada em 06 JUN 2024 - 15H14)

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Quando o ser humano se encontra em perigo, ou está realizando a experiência do sofrimento e da dor, surgem os questionamentos: “onde está Deus?”, “porque Deus se calou?”, “quando Deus vai me ajudar?” Daí podemos realizar uma reflexão sobre tais perguntas e chegaremos a fatos e acontecimentos históricos que nos ajudam a compreender melhor tais questões.

O questionamento sobre a “ausência”, ou “silêncio de Deus”, surge já no contexto histórico das Sagradas Escrituras.

No Antigo Testamento, diante do sofrimento do povo que era oprimido pelos grandes impérios — assírio, babilônico, gregos e romanos — o povo judeu sempre se questionou sobre o fato de que Deus estava em silêncio, diante do sofrimento e da dor do seu povo.

Também podemos refletir sobre o fato de que o Pai se calou diante da morte do Filho no alto da cruz, dentro do Novo Testamento, também podemos compreender a questão deste silêncio. Devemos ter em mente, primeiramente, que Deus não está distante do ser humano quando este está em sofrimento.

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O próprio livro do Êxodo relata que Deus ouviu o clamor do seu povo (cf. Ex 3,7), e foi em seu socorro durante a escravidão do Egito, enviando Moisés para que libertasse o povo. Do mesmo modo, o Senhor viu o sofrimento do povo durante o exílio em Babilônia (cf. Jr 50,1-46.51,1-19) e os libertou quando o rei Ciro, da Pérsia, a partir de um Édito, concedeu que o povo de Israel retornasse para sua terra.

Daí podemos compreender que a experiência do abandono e do silêncio que o povo de Israel realizou durante os anos de exílios foram experiências “purificadoras”. O próprio Jesus, no alto da cruz, para que tudo se consumasse, realizou a experiência do abandono pelo Pai, mesmo que o Pai estivesse sustentando-O na cruz.

Nos tempos modernos, percebemos esta experiência da ausência e silêncio de Deus, quando, durante a Shoá (holocausto), o povo judeu, também se questionava sobre este silêncio divino. Compreendemos melhor isso, quando lemos relatos de um detento do campo de concentração de Auschwitz que ao ver um companheiro enforco e se questionar, onde estava Deus, ouve em seu interior: está morrendo naquele que é enforcado. Perceber o silêncio de Deus não quer dizer que Deus abandonou o ser humano, mas revela que Ele sofre junto ao ser humano. 

.:No programa Escola de Maria, um momento de reflexão sobre como podemos aprender a ficar em silêncio para ouvir Deus falar. Confira!

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Fr. Rafael Peres Nunes de Lima C.Ss.R.
Fr. Rafael Peres Nunes de Lima, C.Ss.R.

Missionário Redentorista, Bacharel em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas e estudante de Teologia no Instituto São Paulo de Estudos Superiores – ITESP.

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Por Redação A12, em Espiritualidade

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