Por João Antônio Johas Leão Em Espiritualidade

É Deus que morre na Cruz?

Essa é uma pergunta que penetra profundamente em nossos corações: Deus morreu na Cruz? Considerá-la causa espanto, uma espécie de turbação interior. Por que acontece isso? Penso que ao confrontar-nos com essa realidade, mesmo que inconscientemente, nos confrontamos com o peso nefasto dos nossos pecados, porque lá no fundo sabemos que foram os pecados dos homens que crucificaram Deus. Intuímos quão destruidor podemos ser os seres humanos quando o pecado nos domina.

cruz

E isso não é um pensamento agradável. É muito mais confortável pensar que o pecado não tem tanto peso, que podemos continuar com os nossos pecadinhos (e “pecadões”, às vezes) porque eles não trazem muitas consequências. Mas isso não é verdade. A Igreja nos lembra de maneira muito clara no Catecismo: “Na humanidade de Cristo, portanto, tudo deve ser atribuído à sua pessoa divina como ao seu sujeito próprio; não somente os milagres, mas também os sofrimentos, e até a sua morte: “Aquele que foi crucificado na carne, nosso Senhor Jesus Cristo, é verdadeiro Deus, Senhor da glória e Um da Santíssima Trindade”.

Agora precisamos tomar o peso dessa afirmação. Estamos na Semana Santa, justamente nesse tempo central do Ano Litúrgico em que vamos recordar a morte de Jesus. Seria bom que essa meditação nos levasse a realmente experimentar o peso dos nossos pecados, para assim nos aproximarmos com mais humildade a essas celebrações, mas sobretudo precisamos descobrir o infinito amor de Deus que entregou a sua vida por nós, morrendo realmente na Cruz.

 

A cruz é apenas uma derrota aparente, porque na verdade ela é a vitória de Deus sobre o pecado.

O nosso pecado é real, traz consequências desastrosas para nossas vidas e para a vida de quem nos rodeia. Ele realmente mata Deus uma e outra vez em meu coração. Mas ele não é a última palavra. A cruz é apenas uma derrota aparente, porque na verdade ela é a vitória de Deus sobre o pecado. Na Cruz Jesus demonstrou que é possível amar até o extremo, que não estamos fadados ao egoísmo, que podemos, com sua ajuda, romper as barreiras que nos separam do amor verdadeiro.

Que Jesus, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, morra por nós, também nos leva a considerar a importância que temos para Deus. Nos leva a entender melhor que Ele está completamente comprometido em mostrar-nos o Caminho que nos conduzirá até Ele. De fato, Deus não reservou nenhum esforço para nos salvar. Ele realmente pode dizer, como nos comenta o profeta Isaías: “O que mais posso fazer pela mina vinha, que já não tenha feito? (Is 5, 4).

A Cruz de Jesus não é o fim do caminho. A ressurreição é a última palavra. Deus é mais forte que os nossos pecados, mais forte que a morte. Por mais que insistamos em destruir o amor em nossos corações, Deus é poderoso o suficiente para trazer-nos de novo para perto dele. Para isso Ele nos deixou a confissão, por exemplo. O Sacramento da reconciliação é o lugar onde podemos experimentar uma e outra vez que, apesar dos nossos pecados (que são reais e causam danos horríveis), Deus sempre nos espera com os braços abertos para nos perdoar e doar-nos outra vez a Vida plena.

Aproveitemos essa Semana Santa para nos aproximarmos com mais humildade e confiança à Jesus que se entrega por nós.

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Por João Antônio Johas Leão, em Espiritualidade

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