Espiritualidade

Na casa de Nazaré aprendemos a riqueza do coração

Pe. Luiz Carlos de Oliveira - padre da confissão (A12)

Escrito por Pe. Luiz Carlos de Oliveira, C.Ss.R. (in memoriam)

22 DEZ 2021 - 15H58 (Atualizada em 21 DEZ 2023 - 10H47)

Paulo VI, quando foi em peregrinação à terra de Jesus, Israel, fez uma visita a Nazaré. Lá, fez uma bela reflexão a partir do que sentia por estar naquele lugar santificado pela presença de Jesus, Maria e José.

Diz: “Nazaré é a escola onde se começa a compreender a vida de Jesus: a escola do Evangelho. Aqui se aprende a olhar, a escutar, a meditar e penetrar o significado, tão profundo e tão misterioso, dessa manifestação tão simples, tão humilde e tão bela, do Filho de Deus” (Alocuções 05.01.64).

Que podemos aprender de Nazaré?

A Sagrada Família mostra muito bem como viver para Deus num mundo que insiste em negá-lo. Certamente podemos pensar que o povo de Israel tinha fé, era religioso e devoto. Mas… acabaram com Jesus e recusaram o Evangelho.

Já desde o Antigo Testamento, na linguagem dos profetas, se fala de um rosto fiel, os pobres de Javé (Sf 3,13). A família de Jesus, seus discípulos e seguidores eram os pobres. Viviam para Deus, nas muitas dificuldades e até violências da vida.

A vida da família de Jesus por viver em Nazaré, que era lugar pobre e sem expressão, vive a intensidade da vida. Inclusive religiosa, pois ali não havia uma organização do culto como nas grandes cidades. Ser consagrado a Deus (nazareno) exige essa abertura total a Deus na simplicidade.

É uma escola. Percebemos isso na vida de Jesus. Nessa vida foi educado. Sempre para Deus, em qualquer situação e circunstância. Cantamos: “Na casa de Nazaré, o sim ecoou sereno e Deus se fez pequeno”. Responder a Deus é simples e discreto.

 

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Nazaré, segundo os estudos arqueológicos, era um lugarejo fora das rotas das estradas.

Devia ter uns duzentos habitantes. Eram muito humildes e pobres. Eram capazes de viver intensamente com o pouco que tinham. A pobreza que se prega, não é tanto a falta de coisas, mas a abertura para Deus como maior riqueza. Então tudo é grande, é precioso, é rico. Podemos dizer que o melhor recheio para um pão sofrido é o amor. O desapego faz de qualquer coisa uma grande riqueza. Receita para uma boa saúde: pão com amor.

Procuramos encher nossa vida com tanta coisa. O pouco quando é amado é grande riqueza. Não procuramos que faltem coisas. Queremos a fartura para todos. Mas a fartura sem o sentido da riqueza de Deus nunca satisfaz. A pobreza que aprendemos em Nazaré é a riqueza do coração.

Quanto faz falta para nós a simplicidade, a capacidade de servir, de ficar feliz em todo lugar, mesmo se falta alguma coisa. Vivendo no amor, tudo é gostoso e rico. Um colega missionário, vivendo na Angola durante a guerra, dizia: “A gente comia folhas e era feliz”. Faltava tudo. Tinha o alimento para o coração. Não se quer miséria.

A Família de Nazaré ensina também a viver com os outros. Quantas vezes Jesus e Maria terão ido ao poço buscar a água. As casas eram extremamente humildes. Quem sabe um cômodo para a família e algum ambiente para animais e as poucas reservas. Jesus era filho do carpinteiro, mas suas parábolas são sobre o campo e o lago. Ali cada um tinha sua pequena plantação e alguns animais.

Era uma grande família. Viviam próximos e dedicados uns aos outros. Tudo era comum. Problemas não faltavam. É nesse ambiente que devemos procurar as virtudes da Sagrada Família e fazer sagrada a nossa família. Nesse ambiente simples, a simples família foi suficiente para educar o Filho de Deus feito Homem. Em qualquer circunstância podemos ter um coração capaz de amar e servir a Deus. Assim o povo sofrido poderá encontrar nova sorte.

Escrito por
Pe. Luiz Carlos de Oliveira - padre da confissão (A12)
Pe. Luiz Carlos de Oliveira, C.Ss.R. (in memoriam)

Conterrâneo de Pe. Vítor Coelho de Almeida, nascido no município de Sacramento (MG), em 21 de agosto de 1947, Pe. Luiz Carlos desempenhou diversas atividades na Congregação. Também escreveu diversos artigos, homilias e reflexões dominicais para o A12, função na qual atuou até março de 2022.

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