São José e o Natal

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São José, sob vários aspectos, destaca-se na Humanidade. Uma primeira lembrança é que, excetuando Adão, Eva e Nossa Senhora, os únicos criados sem Pecado Original, ele é o ser humano que maior santidade alcançou.

De fato, nossos primeiros pais pecaram no Paraíso, apesar desta graça de Deus, e só Maria a conservou; não temos o benefício desta graça especial, e por isto — uma segunda ideia — jamais atingiremos a santidade perfeita de nossa Mãe; mas podemos almejar sermos o mais parecidos possível com São José, que se nos torna assim um exemplo “mais próximo”, em certo sentido. 

Corroborando este aspecto, a Igreja* considera São José o primeiro na hierarquia Celeste, depois da Trindade e de Maria, merecedor do culto de proto (ou suma) dulia, uma veneração abaixo daquela devida à Nossa Senhora (hiperdulia) e acima da veneração aos outros santos (dulia).

Mesmo as palavras de Cristo sobre São João Batista (“… dos nascidos de mulher, nenhum é maior que João…”-cf. Lc-7,28) não mudam este fato, pois, na continuação do mesmo versículo, Jesus esclarece: “No entanto, o menor no Reino de Deus é maior do que ele [João].”

Ora, o fato único de que São José foi expressamente escolhido por Deus para ser o pai terreno de Jesus o torna não o menor, mas o segundo maior, depois de Maria, no Reino dos Céus… Depois da maternidade de Jesus, não há outra vocação e missão maior do que ser o pai adotivo de Cristo.

E isto nos leva ao Natal. A missão de pai de família, da Sagrada Família, exemplo de todas as outras em todos os tempos, é a essência da vida de São José. A ele obedeciam Maria e o próprio Deus, embora, dos três, fosse o menor.

Sua missão não é a de precursor, como João Batista; nem de gerar e permanecer com o Salvador até a Crucifixão, como Maria; mas de, ao longo da vida, ser o protetor, provedor, formador e acompanhante de Jesus.

Como São João, José precisa “… diminuir para que Ele cresça” (Jo-3,30), e assim sua morte, discreta como a sua vida, nem é mencionada nas Escrituras: exemplo portentoso para cada católico, que, à parte a dignidade da própria vocação, nunca deve se colocar em maior destaque do que o Cristo, a Quem deve anunciar com sua vocação.

Se não podemos propriamente “gerar” Jesus na alma, pois esta iniciativa cabe ao Pai, devemos, sim, todos, “cuidar” Dele, como fez São José.

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Recentemente terminou o ano dedicado a São José, por iniciativa do Papa Francisco. Mas no Natal começa, novamente, a nossa dedicação à acolhida de Jesus, por toda a vida, em nossas almas.

Deus quer gerar em nós Seu filho, com Maria, e nos dar um lugar privilegiado no Presépio, com São José, onde, em adoração, silenciosos e discretos, atentos e disponíveis como ele, receberemos o Menino nos braços. Assim, teremos a missão de levá-Lo conosco e fazê-Lo crescer em nós, de tal forma que Ele Se desenvolva em plenitude, enquanto nos apagamos diante da Sua luz, a única que nos pode aquecer e orientar.

Que neste Natal, São José nos aproxime, como pai bondoso que é, do maior tesouro da sua vida, a própria Vida e Aquela que a gerou: sejamos, como Jesus, dóceis a este pai, para recebermos o presente da nossa salvação.

Feliz e abençoado Natal, na expectativa de um Ano Novo em fidelidade e dedicação absoluta ao Menino Jesus!