Nesse tempo em que meditamos de maneira especial na Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus, gostaria de olhar de maneira especial para o momento doloroso da Cruz, onde vários que seguiam Jesus o deixam abandonado.
A multidão que gritara “Hosana ao Filho de Davi” no Domingo de Ramos parece ter sido dissipada.
Apenas alguns poucos permanecem ali ao pé da Cruz; entre esses poucos estão Maria, sua mãe, e João, o discípulo amado. Por que todos fugiram? Por que aconteceu esse abandono? Na medida em que vamos meditando sobre o abandono dos discípulos, vamos também nos perguntando quantas vezes também nós abandonamos Jesus.
Muitas vezes, no Evangelho, podemos perceber que os discípulos estão um pouco perdidos com relação à missão de Jesus. Um dos episódios que ilustra isso claramente se encontra em Lucas, quando Jesus toma consigo os Doze e lhes diz:
“Eis que subimos a Jerusalém e se cumprirá tudo o que foi escrito pelos Profetas a respeito do Filho do Homem. De fato, ele será entregue aos gentios, escarnecido, ultrajado, coberto de escarros; depois de o açoitar, eles o matarão. E no terceiro dia ressuscitará”. Lucas continua dizendo que “eles não entenderam nada”.
E já era a terceira vez que Jesus anunciava sua paixão, morte e ressurreição. (Lc 18, 31-34).
Por que estavam perdidos? Por que não entendiam? Por que na ideia que tinham do Messias e da sua missão, não podia entrar uma morte tão humilhante, uma derrota como esta que falava Jesus. A ideia que tinham era que o Messias iria instaurar o Reino de Deus na terra, tirando Roma do poder e instaurando um novo reinado terreno.
Por isso, em uma outra passagem, os discípulos discutiam quem entre eles seria o mais importante no novo reino. Eles não tinham entendido ainda, apesar de todo o tempo que passaram com Jesus, que seu reino não é deste mundo.
E quando vão tomando consciência de que o Jesus que eles estão seguindo não é aquele Messias que eles tinham na cabeça. Com certeza vem um momento de crise em que precisam decidir:
Quero continuar seguindo esse Jesus que cada vez mais me surpreende, que me faz repensar muitas coisas que eu tinha por certas com seu exemplo de vida e ensinamentos, que me mostra um caminho que não é cheio de glórias mundanas, que parece ser um caminho onde seremos incompreendidos e humilhados muitas vezes?
Leia MaisReflita e medite a Via-Sacra com o Portal A12Semana Santa: como vivenciar este tempo de conversão?
Nesses momentos, os discípulos vão se dando conta que não é fácil seguir Jesus. E acredito que, por isso, muitos deles voltam atrás, fogem e não querem ser reconhecidos como discípulos daquele que está sendo crucificado.
Isso aconteceu quando Jesus estava sendo preso e a Bíblia nos conta que seus discípulos fugiram. Também quando Judas vende o Mestre por 30 moedas. E também quando Pedro nega Cristo por três vezes.
O caminho de Jesus continua sendo o caminho da Cruz e nós, em nossa fragilidade, continuaremos preferindo o caminho mais fácil.
Mas continua acontecendo até hoje, na vida de cada um de nós, todas as vezes que decidimos pegar o nosso caminho e não o caminho de Deus.
O caminho de Jesus continua sendo o caminho da Cruz e nós, em nossa fragilidade, continuamos preferindo o caminho mais fácil. Temos muita dificuldade de nos comprometer até o fim, porque temos medo de perder a nossa vida.
No entanto, Jesus disse: “Aquele que perde a sua vida por mim, esse a encontrará!” Esse é o convite de Jesus. Perder a nossa vida por Ele. Esse é o salto da fé que Ele exigiu aos seus primeiros discípulos e que continua nos exigindo atualmente. Vamos ter a coragem de seguir o Cristo crucificado?
É difícil. Na verdade, eu penso que é impossível, se contássemos apenas com as nossas próprias forças. Mas contamos também com a Graça de Deus, que nos concede as forças que nos faltam para sermos fiéis a Jesus.
Contamos também com a misericórdia infinita do Pai, que por mais que “fujamos” dia a dia de seu Filho, nos espera com os braços abertos para retomarmos o caminho deixado.
Que nesta Semana Santa nos abramos a essa Graça de Deus, para que seja ela quem nos sustente em toda a nossa vida cristã. Para que possamos ser dos que estavam junto com Maria, aos pés da Cruz de Jesus, porque “se morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos.” (Rom 6, 8)
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