Leia MaisFraternidade e a prática cristãA palavra “fraternidade”, de origem latina, remete a irmãos, e, para além da consanguinidade, somos legitimamente todos irmãos em Cristo, pois todo ser humano é imagem e semelhança de Deus.
E, por cada um de nós (e até, verdadeiramente, ainda que apenas por um de nós, um único que O aceitasse), Ele Se fez homem, para nos remir do Pecado Original e nos trazer a graça salvífica.
A partir de Cristo, todos temos o caminho novamente aberto para o Paraíso, não como utopia terrena, mas como realidade infinita após o Juízo Universal e a ressurreição dos corpos. Este caminho se resume no Primeiro Mandamento, “Amar a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo como a ti mesmo”.
Logo, se amamos a Deus, só o provaremos no amor ao próximo, o que implica em que de fato nos amamos (não egoisticamente, em vista de regalias terrenas, mas em vista de sermos capazes de nos sacrificar para merecer o Céu). E nada mais natural do que amarmos os irmãos — a partir do sentido familiar — mas, além disso, no sentido universal. A Igreja enfatiza ambos os aspectos.*
Porém, deveria ser este amor fraterno mais natural, mais comum, não fossem os pecados, erros e limitações humanas. Como estas situações existem e não podem ser desprezadas, necessário se faz o esforço para superar as diferenças que afastam entre si os seres humanos, e tal esforço só tem seu resultado pleno no seguimento às leis de Deus, no conhecimento e prática da Doutrina da Igreja, o que não é fácil; para segui-los, necessitamos das graças que nos foram dadas pelos Sacramentos instituídos por Jesus…
Desde sempre, as diferenças entre os seres humanos são queridas por Deus, em primeiro lugar porque Ele nos cria original e individualmente, e assim jamais haverá igualdade absoluta entre as pessoas, a não ser, justamente, na sua dignidade de filhos de Deus e também porque, na Sua infinita bondade e sabedoria, Deus quis que as características próprias de cada um sirvam como complemento, como auxílio, como benefício para os outros, de forma que todos possam contribuir, do modo que for, para o bem do próximo.
Não somos autossuficientes, e as nossas diferenças devem antes contribuir para efetivar o amor ao próximo, do que para desunir os indivíduos e povos. De fato, diversos são os dons concedidos pelo Espírito Santo (1Cor 12, 4-11), mas todos eles servem para o bem de todos.
E mais: não apenas as diferenças de dons, mas também os inúmeros defeitos de cada irmão (começando pelos nossos próprios), devem ser caminho de santificação: por exemplo, é santificante fazer o esforço para superar um vício pessoal, e igualmente é santificante a verdadeira caridade para com um vício alheio (isto não significa simplesmente aceitar os vícios, mas, sim, ter a caridade de amorosamente corrigi-los, e tolerá-los sem agressões quando não se puder fazer mais — embora a oração e o sacrifício pelos outros nunca deixem de dar frutos).
Portanto, Deus nos quis diferentes, mas unidos na fraternidade da Sua filiação. A noção da fraternidade universal é, hoje, assunto de grande ênfase, e de constante preocupação da Igreja, e não há dúvida de que nos âmbitos social, político, cultural, econômico, é urgente uma mudança de atitude geral, em vista das profundas desavenças e discrepâncias globais.
Mas nem mesmo a Igreja, através das suas orientações na sua Doutrina Social, poderá chegar a uma maior equidade e situação de paz, se não for considerada, antes de qualquer outra, a fraternidade essencial: a da família.
Das pessoas são formadas as famílias; das famílias as sociedades, maiores ou menores: não existe meio de forçar, da sociedade para a pessoa, uma fraternidade verdadeira, pois “sociedade” não é (a não ser para efeitos acadêmicos) um “ser” individual, mas sim a reunião de muitos indivíduos, isto é, cabe aos indivíduos as ações concretas de relacionamento. Só o caminho inverso, dos indivíduos para as famílias e daí para as sociedades, viabiliza um real relacionamento de fraternidade. E neste caminho, o primeiro passo é a família.
Se não amamos os nossos próximos mais próximos, como podemos ter a pretensão de um verdadeiro amor e fraternidade universais? Isto é absurdo, falso, e constatado diariamente em cada lugar do mundo…
As relações sociais, no mais das vezes, e particularmente nesta nossa atualidade que rejeita e/ou deturpa a Deus, acontece em bases de afastamentos e injustiças, maldades e indiferenças, onde a ordem é imposta socialmente por algum tipo de força — militar, ideológica, política, econômica, muitas vezes até religiosa, como é comum em muitas nações não-cristãs — enfim, numa vivência prática que nada tem a ver com o amor a Deus e ao próximo, portanto sem qualquer vestígio de fraternidade, entendida, corretamente, como o amor entre irmãos, na perspectiva da filiação de Deus. Em família.
Mas ainda há um passo maior e anterior do que o do amor familiar: é o amor do indivíduo pela sua própria essência, que é Deus… pois somos Dele imagem e semelhança, não uma “entidade” totalmente à parte.
Assim, para nos amarmos — condição pétrea para o amor ao próximo, à fraternidade — é preciso antes de tudo amar a Deus, pois Nele está o que somos. Isto que dizer: sem a busca da santidade pessoal, em primeiro lugar, “fraternidade” é só uma mentira. Ninguém pode dar o que não tem, a começar pelo amor.
*Catecismo da Igreja Católica, cf. nos 1939, 2207.
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