Espiritualidade

Quem eram os Reis Magos e de onde vieram?

Celebrados em 6 de janeiro, Gaspar, Baltazar e Melchior são figuras de extrema importância para nossa fé cristã

joao-baptista (Arquivo Pessoal)

Escrito por Dom João Baptista Barbosa Neto, OSB

24 DEZ 2020 - 15H00 (Atualizada em 05 JAN 2024 - 14H23)

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A única passagem bíblica sobre eles é Mateus (Mt 2,1-12). Mas o evangelista não revela seus nomes nem especifica a localidade de onde vieram. Informa apenas que eram do Oriente.

Leia MaisConheça a bênção da Epifania para as famílias e casasA Epifania do Senhor pelo olhar de Santo Afonso Maria de LigórioChamavam-se, segundo algumas lendas e acatadas pela tradição, Gaspar, rei de Társis e da ilha Egriseula, Baltazar, rei de Godolias e de Sabá, e Belchior ou Melchior, rei da Núbia. Segundo o santo Doutor da Igreja, o beneditino Beda, o venerável, os magos vieram da Babilônia, Pérsia e Arábia. No entanto, é difícil precisar a localidade de cada um deles.

Mesmo com informações tão escassas, eles são de máxima importância para a cultura cristã, tanto que tem até uma data para comemorar a visita que fizeram ao Menino Jesus, o dia 6 de janeiro.

No Brasil, são festejados no interior de Minas Gerais, São Paulo, Goiás e outras localidades com as populares Folias de Reis, nas quais alguns músicos e outros festeiros vestidos com roupas especiais para a ocasião visitam as casas levando alegria e rezando com preces para o ano que se inicia.

Liturgicamente, os Reis Magos aparecem na Festa da Epifania do Senhor, celebração que surgiu no início do século IV, no Egito, e gradativamente difundida para outras regiões do mundo conhecido. Tal celebração busca focar na manifestação salvadora de Jesus para além do povo judeu. Estes sábios não abraâmicos e de diversas origens étnicas, são o sinal do amor que Deus tem por toda a humanidade.

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Os três vieram de regiões diferentes. Não se conheciam. Eram magos, astrólogos e amantes dos astros, reconhecendo a divindade que a tudo rege, sendo as estrelas instrumentos comunicativos entre Deus e o homem. Sentiram-se impelidos a seguir uma brilhante estrela. Lembrando esta mesma estrela, em 2020 tivemos o privilégio de vê-la, assim como os Reis Magos. Trata-se da rara conjunção entre Júpiter e Saturno, os dois maiores planetas do sistema solar.

Seguindo ao astro, os três reis se encontraram na encruzilhada ao pé do Monte Calvário, em Jerusalém. Não compreendiam a língua falada um pelo outro, mas entendiam que o projeto de cada um era o mesmo e se uniram.

No presépio, eles estão presentes diante do Menino Jesus a oferecer-lhe presentes: ouro – recordando sua realeza –, incenso – símbolo do sacerdócio – e mirra – sinal de sua morte e ressurreição futuras. Foram, aliás, estes presentes que ajudaram na subsistência da Sagrada Família refugiada em terra estrangeira, no Egito. Estes presentes dos santos Reis proporcionaram a proteção do Menino Jesus, de Nossa Senhora e de São José.

Luiz Neves/Museu de Arte Sacra de São Paulo
Luiz Neves/Museu de Arte Sacra de São Paulo


Ajudou na propagação das histórias lendárias e devoção aos três Reis Magos o frade carmelita João de Hildesheim, ao escrever o “Livro da gesta da tripla deslocação dos três muito Bem-Aventurados Reis, os quais foram as primícias dos povos e o modelo de salvação de todos os cristãos”, narrativa produzida no século XIV, a partir da compilação de documentos e histórias contadas e recontadas ao longo do tempo. É daí que sabemos os nomes e as origens destes três magos.

Após a visita ao Menino Jesus, quando lhe ofereceram os três célebres presentes, os reis passaram a viver juntos na Índia. Diz-se também que São Tomé quando para lá se dirigiu, encontrou emblemas artísticos da estrela e do Menino Jesus, assim como o sinal da Cruz, mandados estes símbolos serem impressos pelos três Reis que agora lá viviam.

Na ocasião, o santo que um dia duvidou, se encontrou também com os três reis e consagrou-os bispos. Os três reis morreram com poucos dias de diferença um do outro, sepultados com todas as honras em túmulos conjuntos, tornando-se o lugar centro de culto donde muitos fiéis receberam diversas graças.

Depois de um tempo, no século IV, Santa Helena, mãe do Imperador Constantino, ávida pelas relíquias cristãs, viajou aos lugares santos em busca de vestígios dos primórdios de nossa fé. Encontrou a Santa Cruz e outras relíquias sagradas, mandando erguer igrejas, basílicas e mosteiros nos mesmos lugares.

Foi ela também quem encontrou e obteve as relíquias dos três Reis na Índia, nas províncias dominadas pelo Império Romano, trazendo-as para a grandiosa Basílica de Santa Sofia, em Constantinopla (hoje, Istambul). De lá, séculos depois, as relíquias foram transladadas para Milão. Atualmente, estão elas num riquíssimo relicário, guardadas na bela catedral gótica de Colônia, na Alemanha, desde 1164.


A visita dos Reis Magos


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Dom João Baptista Barbosa Neto, OSB

Monge do Mosteiro de São Bento (SP) e escreve sobre Espiritualidade e Vida Monástica.

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Por Redação A12, em Espiritualidade

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