HISTÓRIA MEDIEVAL 21
Estamos chegando ao final de mais uma etapa de nossa caminhada, na qual estudamos a História da Igreja no período medieval. Através de 21 artigos, passamos por um período que abrange diversos séculos ou quase um milênio.
Leia MaisConheça o movimento dos cátaros ou albigensesAs Ordens MilitaresNeste período o mundo se transformou. Se a Idade Média deixou para traz o período conhecido como Antiguidade Clássica, agora haveria de ser suplantada pela Idade Moderna que muitos historiadores chamam também de Nova História.
A partir dos séculos XIII e XIV, uma profunda crise anunciou o final da época medieval. Fome, pestes, guerras, rebeliões de servos e mutações populacionais atingiriam a essência do sistema feudal.
Ao final do século XV, as monarquias nacionais já estavam consolidadas, a nobreza enfraquecida e as obrigações feudais contestadas pelas constantes rebeliões de servos. A própria missão da Igreja haveria de sofrer uma grande mutação.
Mudanças socioambientais provocam transformações no Sistema Feudal
O sistema feudal consolidado, sobretudo, na Alta Idade Média, teve que conviver com o renascimento comercial, com o renascimento urbano e com o aparecimento de uma nova classe social, a burguesia. As transformações foram ocorrendo de forma ininterrupta.
O século XIII será um tempo de transformações de apontamento do rumo que o mundo e a sociedade iriam seguir. No início o sistema feudal até parecia assimilar as inovações surgidas no campo econômico, político e social, no entanto, com o início do século XIV, uma profunda crise precipitou a derrocada do mundo medieval. Este século foi chamado por alguns historiadores de "Outono da Idade Média".
Na passagem da idade antiga para a medieval diversos fatores haviam levado à crise do mundo com a derrocada do Império Romano: crise agrícola, estagnação do comércio, fome, pestes, guerras e invasões agravaram as contradições entre o campo e a cidade acontecendo o fenômeno da ruralização da economia.

Na passagem do período medieval para a Idade Moderna com a volta do crescimento populacional a produção agrícola não respondia às exigências das cidades em crescimento porque já não restavam terras por ocupar, e as utilizadas estavam cansadas, gerando uma baixa produtividade. As inovações tecnológicas anteriores já não respondiam às novas necessidades. Além disso, a introdução do trabalho assalariado ocorria de forma muito lenta.
A atividade comercial estava estagnada devido à falta de moedas e insuficiência de novos mercados. As minas de ouro e prata haviam se esgotado na Europa e o mercado consumidor europeu se mostrava pequeno para um comércio em expansão. Por isso, foi preciso buscar fora aquilo que a Europa não conseguia produzir. Neste contexto as cruzadas reabriram o caminho para o Oriente.
Com a insuficiente produção agrícola e a estagnação do comércio, a fome se alastrou pela Europa. A desnutrição e as más condições de higiene propiciaram a ocorrência de sucessivos surtos epidêmicos, dos quais o mais desastroso foi a chamada peste Negra que ocorreu entre 1347 e 1350.
Paralelamente à fome e à peste, a sociedade feudal do século XIV conheceu um grande número de guerras e revoltas. A mais importante delas foi a Guerra dos Cem Anos, entre França e Inglaterra.
Por fim, um fator fundamental para a quebra das estruturas do sistema feudal foi a longa série de rebeliões dos servos contra os senhores feudais. Ainda que momentaneamente derrotados, os levantes dos servos foram tornando inviável a manutenção das relações de servidão. A partir do século XIV, com mais rapidez em algumas regiões e menor em outras, as obrigações feudais foram se extinguindo. Estávamos assim a um passo da substituição do feudalismo pelo sistema capitalista em suas primeiras formas.

Crise no modo de produção feudal e de compreensão do mundo
No século XIV, a população da Europa ainda vivia dentro de acordo com as características que vinham sendo construídas desde o século III. A isso se denomina feudalismo. Neste sistema as relações de produção se baseavam no trabalho servil, prestado fundamentalmente nas terras dos senhores feudais, categoria social formada pelos nobres e pela alta hierarquia da Igreja Católica.
Um forte crescimento da população é verificado entre os séculos XII e XIV e a população começa a se movimentar graças, sobretudo, ao direcionamento das cruzadas. O poder de consumo da população, especialmente da nobreza aumentou e a população começou a se movimentar em direção das cidades formando os subúrbios que dariam origem mais tarde à categoria do proletariado.
Mesmo assim, no período final da Idade Média ocorreu a expansão das áreas agrícolas, devido ao aproveitamento das áreas de pastagens e a derrubada de florestas ajudando a sustentar a população que crescia, mas fenômenos como a fome, a peste e a guerra continuavam marcando a sociedade.
No plano social se dava o crescimento de um novo grupo, a burguesia comercial. Esta classe era residente nas cidades que tendiam a uma expansão cada vez maior, pois passaram a atrair os camponeses e os elementos marginais da sociedade feudal.
Politicamente se notava o fortalecimento da autoridade real, processo considerado necessário pela nobreza, temerosa do alcance das revoltas camponesas e também pela burguesia que precisava de estabilidade para crescer. A unificação política e o surgimento dos Estados Nacionais modernos aparecem como uma solução política para a nobreza manter sua dominação, mas não por muito tempo.
Finalmente, a crise se manifesta no plano cultural e espiritual-religioso. O surgimento das universidades, a modificação do regime de estudos e o desenvolvimento de novas técnicas científicas possibilitam o desenvolvimento de uma nova concepção de homem e de mundo. A Igreja Católica que não conseguia mais atingir tão facilmente os fiéis, necessitados de uma teologia mais dinâmica, precisou também se reinventar. Neste contexto surgirão as Ordens Religiosas Mendicantes para evangelizar o homem urbano e mais aberto para as novidades do mundo.
Esta crise generalizada será o ponto de partida para se compreender o processo de transição do Feudalismo ao capitalismo.
Quais presentes o Papa Francisco nos deixou?
Neste primeiro aniversário do Papa Francisco na casa do Pai, relembre seu legado enquanto bispo de Roma e o que deixou de ensinamento em 12 anos de Pontificado
O que é a Penitenciária Apostólica?
Aos que buscam a reconciliação e as indulgências, saiba que existe um dicastério na Igreja que seu trabalho atua no cuidado da consciência dos fiéis dentro da Igreja.
Cardeal Dom Américo Aguiar destaca o protagonismo laical
Cardeal Américo Aguiar fala sobre o caminho sinodal percorrido por sua diocese e a importância da compreensão do que é sinodalidade.
Boleto
Carregando ...
Reportar erro!
Comunique-nos sobre qualquer erro de digitação, língua portuguesa, ou de uma informação equivocada que você possa ter encontrado nesta página:
Carregando ...
Os comentários e avaliações são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do site.