Aproveitando a celebração do grande “Jubileu da Esperança”, iniciamos com esse artigo uma série que vai nos levar a conhecer um pouco mais a história de Roma e os motivos que fizeram desta cidade a sede da Igreja de Cristo, com o pontificado e as principais instituições de Igreja ali estabelecidas.
Quando falamos em Roma, estamos falando da capital de uma das maiores e mais importantes civilizações que existiram e deixaram sua marca na história humana, apesar de suas fraquezas e limitações.
Nascida de uma pequena aldeia, e mais tarde ocupando o posto de centro de um dos maiores impérios da antiguidade, situada na Península Itálica, centro do mediterrâneo europeu, por muitos séculos Roma foi o centro da vida política e econômica de uma vasta região.
Origem lendária e histórica
Voltando um pouco no tempo, o maior mistério que ronda a história de Roma versa sobre sua fundação. Cercado de lendas e de narrativas fantasiosas, como acontece com a maioria das civilizações que têm a sua origem rodeada de mitos, o grande poeta Virgílio, em sua obra Eneida, conta que os romanos se originam de Enéas, o herói troiano que teria fugido para a Itália depois da destruição de Troia pelos gregos por volta de 1400 a.C.
A lenda conta que os gêmeos Rômulo e Remo, descendentes de Enéas, foram jogados no rio Tibre, que corta a cidade, por ordem de Amúlio, usurpador do trono. Ao chegarem em terra firme, os gêmeos foram amamentados por uma loba, e criados por um camponês até se tornarem adultos, quando voltaram e destronaram Amúlio.
Após uma série de desentendimentos com Remo, Rômulo acabou com a vida de seu irmão, transformando-se no primeiro rei de Roma, cidade fundada oficialmente em 753 a.C.
Esta é, em síntese, a narrativa mítica da história do povo romano, mas o que se sabe é que na verdade, Roma foi formada a partir da fusão de pequenas aldeias situadas ao longo do rio Tibre. Após ser conquistada pelos etruscos, principal povo que viveu na região central da Itália, a aldeia foi se transformando numa cidade-estado, crescendo muito a partir daí.
Roma foi originalmente uma comunidade agrícola, composta por pastores e agricultores e a localização estratégica da cidade, em uma região com colinas que ofereciam defesa natural e a proximidade do rio Tibre, facilitou o comércio e a comunicação com outras partes da Península Itálica.
Aos poucos, Roma foi se desenvolvendo, expandindo sua influência sobre as aldeias vizinhas. O crescimento levou à criação de uma monarquia local organizada a partir da estratificação de três classes sociais: Patrícios, plebeus e escravos.

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Na monarquia romana, o rei exercia funções administrativas e judiciais, sendo assistido por uma assembleia formada por trinta chefes das famílias mais importantes. A assembleia ajudava a elaborar leis, ratificar eleições e em momentos específicos da história chegou a deter mais poder do que o próprio senado.
O senado, por sua vez, era composto pelos patrícios, tendo como principal função a de assessorar o rei, ajudando a tomar decisões, podendo também vetar leis criadas pela monarquia. O senado chegou, em algumas fases, a ter mais poderes que o próprio rei.
Em 509 a.C., por exemplo, o rei se uniu com a plebe, gerando um grande descontentamento nos patrícios que organizaram um golpe depondo o último rei etrusco, o que acabou marcando o fim da monarquia e a implantação da República.
Com a República Romana o senado se transformou no órgão que detinha o maior poder, podendo criar o cargo de executivo dado às magistraturas, sempre ocupadas pelos patrícios. A república romana durou mais de 500 anos (509 a.C. a 27 a.C.) sendo marcada pela constante luta entre patrícios e plebeus, porque constantemente os patrícios tentavam aumentar o seu poder e domínio sobre as classes mais pobres, retirando direitos adquiridos ou aumentando impostos.
Por esta razão, entre 449 e 287 a.C. aconteceram algumas revoltas que levaram a diversas conquistas como a instituição dos Tribunos da Plebe, Leis das XII tábuas, Leis Licínias e Lei Canuleia. Com essas medidas, as duas classes, se não se igualaram, ao menos se aproximaram um pouco mais.
Ao chegar a este ponto Roma já era a base de um grande império, a partir das campanhas de conquistas dominando a Península Ibérica, a partir do século IV a.C. Depois vieram as guerras contra o Cartago, chamadas de Guerras Púnicas (264 a 146 a.C.), o que levou ao domínio de toda a bacia do Mar Mediterrâneo e regiões circunvizinhas.
Na sequência, o domínio de regiões da Europa Central levaria ao domínio de grande parte do que hoje é o continente europeu. Os que viviam fora das fronteiras do império eram chamados de “bárbaros”, por não terem a cultura romana.
Tempo do império, apogeu e decadência
A situação começou a ficar mais complicada a partir das revoltas dos escravos acontecidas entre os anos 73 e 71 a.C. Uma grande rebelião de escravos, liderada por Espártaco, abalou as velhas estruturas de Roma. A partir daí outras rebeliões se tornaram comuns em Roma.
Para equilibrar a situação no ano 60 a.C., o Senado indicou três líderes políticos para formar o chamado consulado: Pompeu, Crasso e Júlio César, que formaram o primeiro Triunvirato.
O período foi bem conturbado, obrigando as forças políticas a repensarem a distribuição de poderes. Aliado a isso, a insatisfação popular levou a classe política a concordar que a constituição de um império seria a melhor forma para governar um território tão extenso e com os ânimos da população à flor da pele.
No ano 27 a.C. aconteceu a transformação da república romana em império, tendo Otávio Augusto como primeiro imperador (27 a.C. a 14 d.C.).
Entre suas obras mais destacadas podem ser citadas a reorganização da sociedade romana, ampliando a distribuição de pão e trigo para as classes menos abastadas, redução dos poderes do Senado, que há muito tempo estava em conflito com a plebe, realização de muitas obras de infraestrutura e a criação de divertimentos públicos como teatros e lutas com o intuito de entreter e distrair a população.
Posteriormente, esta ação foi nomeada de “política do pão e circo”. Foi durante o seu reinado que Jesus Cristo nasceu na Província da Palestina.
Outros imperadores se sucederam até que, a partir de 235 d.C., o império passou a ser governado por imperadores-soldados devido aos muitos conflitos que estavam acontecendo dentro e fora do império. No século III o império experimentou uma grande crise e num período de meio século, Roma chegou a ser governada por 26 imperadores, nos quais 24 foram assassinados.
Com a morte de Teodósio em 395 d.C., Roma foi dividida entre seus filhos Honório e Arcádio. A partir desse ponto, Honório fica com o Império Romano do Ocidente, com capital em Roma, e Arcádio com o Império Romano do Oriente, com capital em Constantinopla. Esta divisão nunca mais se desfez.
Finalmente, em 476 d.C., acontece o fim do império Romano do Ocidente, fato usado até hoje para definir o início de um novo período, a chamada Idade Média, pondo fim ao período da Antiguidade, com a decadência da poderosa Roma, permanecendo ainda por vários séculos apenas o império Romano do Oriente.
A Igreja havia vencido três séculos de perseguições, o Império havia dado liberdade religiosa e a Igreja já estava consolidada em Roma, transformada, desde Pedro, no centro da cristandade.

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