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História da Igreja

História de Roma: de capital do maior império a sede da Igreja

Pe Jose Inacio de Medeiros

Escrito por Pe. José Inácio de Medeiros, C.Ss.R.

07 MAR 2025 - 07H45 (Atualizada em 10 MAR 2025 - 16H25)

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Aproveitando a celebração do grande Jubileu da Esperança, iniciamos com esse artigo uma série que vai nos levar a conhecer um pouco mais a história de Roma e os motivos que fizeram desta cidade a sede da Igreja de Cristo, com o pontificado e as principais instituições de Igreja ali estabelecidas.

Quando falamos em Roma, estamos falando da capital de uma das maiores e mais importantes civilizações que existiram e deixaram sua marca na história humana, apesar de suas fraquezas e limitações.

Nascida de uma pequena aldeia, e mais tarde ocupando o posto de centro de um dos maiores impérios da antiguidade, situada na Península Itálica, centro do mediterrâneo europeu, por muitos séculos Roma foi o centro da vida política e econômica de uma vasta região.

Origem lendária e histórica

Voltando um pouco no tempo, o maior mistério que ronda a história de Roma versa sobre sua fundação. Cercado de lendas e de narrativas fantasiosas, como acontece com a maioria das civilizações que têm a sua origem rodeada de mitos, o grande poeta Virgílio, em sua obra Eneida, conta que os romanos se originam de Enéas, o herói troiano que teria fugido para a Itália depois da destruição de Troia pelos gregos por volta de 1400 a.C.

A lenda conta que os gêmeos Rômulo e Remo, descendentes de Enéas, foram jogados no rio Tibre, que corta a cidade, por ordem de Amúlio, usurpador do trono. Ao chegarem em terra firme, os gêmeos foram amamentados por uma loba, e criados por um camponês até se tornarem adultos, quando voltaram e destronaram Amúlio.

Após uma série de desentendimentos com Remo, Rômulo acabou com a vida de seu irmão, transformando-se no primeiro rei de Roma, cidade fundada oficialmente em 753 a.C.

Esta é, em síntese, a narrativa mítica da história do povo romano, mas o que se sabe é que na verdade, Roma foi formada a partir da fusão de pequenas aldeias situadas ao longo do rio Tibre. Após ser conquistada pelos etruscos, principal povo que viveu na região central da Itália, a aldeia foi se transformando numa cidade-estado, crescendo muito a partir daí.

Roma foi originalmente uma comunidade agrícola, composta por pastores e agricultores e a localização estratégica da cidade, em uma região com colinas que ofereciam defesa natural e a proximidade do rio Tibre, facilitou o comércio e a comunicação com outras partes da Península Itálica.

Aos poucos, Roma foi se desenvolvendo, expandindo sua influência sobre as aldeias vizinhas. O crescimento levou à criação de uma monarquia local organizada a partir da estratificação de três classes sociais: Patrícios, plebeus e escravos.

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Rômulo e Remo - Mitologia Romana


Leia MaisAs catacumbas de RomaOs gladiadores de RomaGovernar em nome do povo

Na monarquia romana, o rei exercia funções administrativas e judiciais, sendo assistido por uma assembleia formada por trinta chefes das famílias mais importantes. A assembleia ajudava a elaborar leis, ratificar eleições e em momentos específicos da história chegou a deter mais poder do que o próprio senado.

O senado, por sua vez, era composto pelos patrícios, tendo como principal função a de assessorar o rei, ajudando a tomar decisões, podendo também vetar leis criadas pela monarquia. O senado chegou, em algumas fases, a ter mais poderes que o próprio rei.

Em 509 a.C., por exemplo, o rei se uniu com a plebe, gerando um grande descontentamento nos patrícios que organizaram um golpe depondo o último rei etrusco, o que acabou marcando o fim da monarquia e a implantação da República.

Com a República Romana o senado se transformou no órgão que detinha o maior poder, podendo criar o cargo de executivo dado às magistraturas, sempre ocupadas pelos patrícios. A república romana durou mais de 500 anos (509 a.C. a 27 a.C.) sendo marcada pela constante luta entre patrícios e plebeus, porque constantemente os patrícios tentavam aumentar o seu poder e domínio sobre as classes mais pobres, retirando direitos adquiridos ou aumentando impostos.

Por esta razão, entre 449 e 287 a.C. aconteceram algumas revoltas que levaram a diversas conquistas como a instituição dos Tribunos da Plebe, Leis das XII tábuas, Leis Licínias e Lei Canuleia. Com essas medidas, as duas classes, se não se igualaram, ao menos se aproximaram um pouco mais.

Ao chegar a este ponto Roma já era a base de um grande império, a partir das campanhas de conquistas dominando a Península Ibérica, a partir do século IV a.C. Depois vieram as guerras contra o Cartago, chamadas de Guerras Púnicas (264 a 146 a.C.), o que levou ao domínio de toda a bacia do Mar Mediterrâneo e regiões circunvizinhas.

Na sequência, o domínio de regiões da Europa Central levaria ao domínio de grande parte do que hoje é o continente europeu. Os que viviam fora das fronteiras do império eram chamados de “bárbaros”, por não terem a cultura romana.

Tempo do império, apogeu e decadência

A situação começou a ficar mais complicada a partir das revoltas dos escravos acontecidas entre os anos 73 e 71 a.C. Uma grande rebelião de escravos, liderada por Espártaco, abalou as velhas estruturas de Roma. A partir daí outras rebeliões se tornaram comuns em Roma.

Para equilibrar a situação no ano 60 a.C., o Senado indicou três líderes políticos para formar o chamado consulado: Pompeu, Crasso e Júlio César, que formaram o primeiro Triunvirato.

O período foi bem conturbado, obrigando as forças políticas a repensarem a distribuição de poderes. Aliado a isso, a insatisfação popular levou a classe política a concordar que a constituição de um império seria a melhor forma para governar um território tão extenso e com os ânimos da população à flor da pele.

No ano 27 a.C. aconteceu a transformação da república romana em império, tendo Otávio Augusto como primeiro imperador (27 a.C. a 14 d.C.).

Entre suas obras mais destacadas podem ser citadas a reorganização da sociedade romana, ampliando a distribuição de pão e trigo para as classes menos abastadas, redução dos poderes do Senado, que há muito tempo estava em conflito com a plebe, realização de muitas obras de infraestrutura e a criação de divertimentos públicos como teatros e lutas com o intuito de entreter e distrair a população.

Posteriormente, esta ação foi nomeada de “política do pão e circo”. Foi durante o seu reinado que Jesus Cristo nasceu na Província da Palestina.

Outros imperadores se sucederam até que, a partir de 235 d.C., o império passou a ser governado por imperadores-soldados devido aos muitos conflitos que estavam acontecendo dentro e fora do império. No século III o império experimentou uma grande crise e num período de meio século, Roma chegou a ser governada por 26 imperadores, nos quais 24 foram assassinados.

Com a morte de Teodósio em 395 d.C., Roma foi dividida entre seus filhos Honório e Arcádio. A partir desse ponto, Honório fica com o Império Romano do Ocidente, com capital em Roma, e Arcádio com o Império Romano do Oriente, com capital em Constantinopla. Esta divisão nunca mais se desfez.

Finalmente, em 476 d.C., acontece o fim do império Romano do Ocidente, fato usado até hoje para definir o início de um novo período, a chamada Idade Média, pondo fim ao período da Antiguidade, com a decadência da poderosa Roma, permanecendo ainda por vários séculos apenas o império Romano do Oriente.

A Igreja havia vencido três séculos de perseguições, o Império havia dado liberdade religiosa e a Igreja já estava consolidada em Roma, transformada, desde Pedro, no centro da cristandade.

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Imperador Otávio Augusto


Escrito por:
Pe Jose Inacio de Medeiros
Pe. José Inácio de Medeiros, C.Ss.R.

Missionário redentorista que atua no Instituto Histórico Redentorista, em Roma. Graduado em História da Igreja pela Universidade Gregoriana de Roma. Atuou na área de comunicação, sendo responsável pela comunicação institucional e missionária da antiga Província Redentorista de São Paulo, tendo sido também diretor da Rádio Aparecida.

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