Em Setembro, a Igreja celebra o Mês da Bíblia!
Para aprender mais sobre este grande livro conversamos com um especialista que trouxe uma orientação para melhor viver a Palavra de Deus em nossas vidas e também analisou o quanto a Igreja já mudou ao longo dos últimos anos para aproximar a Bíblia dos fiéis.
Confira abaixo, entrevista com o padre Cláudio Buss, padre dehoniano, que é mestre em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma e doutorando em Teologia Bíblica pela PUC de São Paulo.
:: “Mostre sua Bíblia” é o convite do A12 no mês de Setembro
A12 – Para bem viver o mês da Bíblia como podemos acolher melhor a novidade da Palavra de Deus em nossas vidas?
Pe. Cláudio Buss – Acredito que em primeiro lugar o grande encontro com a Palavra de Deus se dá quando a conhecemos com a inteligência e o coração. Sabemos que não podemos amar o que não conhecemos. Portanto, conhecendo a bíblia, teremos a oportunidade de acolhê-la e amá-la em nossas vidas.
A porta de entrada para o mundo da bíblia é ter a coragem de tomar na mão e ler. Ler e orar! Lendo descobrimos a história que perpassa toda a bíblia: o caminho de amor e de revelação de Deus para com seu povo.
Poderíamos comparar a bíblia como uma história de duas pessoas que se amam. O amor é feito de grandes momentos onde afloram emoções e afetos. Mas também de um amor que muitas vezes se depara com erros, desvios e desafios. Como tudo na vida, o amor encontra obstáculos e realizações. Assim também é a bíblia: Deus vem ao encontro do seu povo, mostra seu projeto de amor e felicidade. Este muitas vezes encontra resposta positiva no coração, outras vezes, barreiras. A bíblia é uma história de encontros e desencontros. É a história de Deus com seu povo e hoje com cada um de nós: história de realizações, desafios e desvios.
Lendo e orando com a bíblia, aos poucos percebemos uma maravilhosa história de um Deus que se revela, ama e que insiste em amar apesar das infidelidades e das respostas negativas do povo escolhido. Nesta história descobrimos também a nossa história, que em geral conhece caminhos tortuosos.
Entrar no mundo da bíblia é perceber que através dela Deus quer traçar uma relação de amor conosco, hoje. As narrativas da bíblia contam histórias de gente normal, evidenciando virtudes, mas também limites e pecados. A bíblia promove um encontro entre a história dos personagens e nossa história. Portanto, é uma porta de entrada para descobrir Deus e para descobrir-se. A bíblia em si não exige perfeição humana, mas ensina a caminhar pelos caminhos tortuosos da vida. Ela conhece realisticamente o ser humano, e por isso é tão fácil reconhecer-se nela. Poderíamos dizer que a história da bíblia é a minha história, a história de cada homem e mulher!
Portanto, neste mês abra sua bíblia e leia, medite e ore! Ao mesmo tempo reconheça nela a história que Deus quer traçar com você!
A12 – O Concílio Vaticano II proporcionou uma grande renovação na vida da Igreja. Após seu acontecimento, a comunidade cristã vive melhor a Palavra de Deus?
Pe. Cláudio Buss – O Concílio trouxe em primeiro lugar a valorização da bíblia. Evidenciou tamanha veneração pelas Sagradas Escrituras, que as assemelhou à veneração do próprio Cristo (DV 21). Evidenciou que toda a vida da Igreja deve ser alimentada e regida pelas Sagradas Escrituras.
As Escrituras estão no centro do ministério da Palavra exercido pela Igreja, de acordo com o Concílio. Neste sentido, toda pregação, catequese e todas as outras pastorais e movimentos que exercem o ministério da Palavra devem ter a bíblia como fonte de inspiração.
O Concílio não parou por aí. Também incentivou o estudo e a investigação bíblica, ou seja, a utilização de métodos e fontes da ciência para melhor explicar a origem, a formação e a sua mensagem, de forma a “oferecer com fruto ao Povo de Deus o alimento das Escrituras, que ilumine o espírito, robusteça as vontades, e inflame os corações dos homens no amor de Deus” (DV 23). Neste sentido, hoje muitos estudos especializados e subsídios populares são produzidos ajudando a Igreja e todo o povo de Deus na compreensão das Escrituras e na caminhada de amadurecimento eclesial e pessoal.
Leia MaisAparecida Debate destaca o papel da Bíblia na prática dos cristãos Como interpretar a Bíblia corretamente? Como ler a Bíblia?Reflexões do Papa que nos ajudam neste Mês da BíbliaDez motivos para ler a BíbliaA bíblia que anteriormente era privilégio de poucos, após o Concílio foi traduzida para diversas línguas e está presente nas mãos de muitos fiéis de várias nacionalidades. O Concílio promoveu e incentivou as mais variadas traduções. Estas de preferência realizadas com o rigor científico a partir dos originais e comentadas em anotações para a melhor compreensão dos fiéis.
No Brasil temos diversas traduções, e na maior parte respeitam as indicações conciliares. Além disso, há um grande incentivo para que todas as famílias possuam suas bíblias. Também muitas paróquias, centros de formação e cursos de teologia oferecem cursos a todos os fiéis para a melhor compreensão da Escritura Sagrada.
Com enfoque mais pessoal, o Concílio exortou com ardor e insistência a todos os fiéis para que aprendam a sublime ciência de Jesus Cristo (cf. Fl 3,8) com a leitura frequente das divinas Escrituras, porque “a ignorância das Escrituras é ignorância de Cristo” (DV 25).
Como já citado, muitos cursos, encontros, formações nos mais diversos âmbitos são realizados, visando promover o amadurecimento da Palavra na vida dos fiéis. Merece destaque aqui a prática da “Lectio Divina” (Leitura Orante da Bíblia) realizadas em muitas paróquias e outros ambientes de formação.
Em síntese, o grande incentivo do Concílio é que através da leitura e estudo dos livros sagrados, a palavra de Deus se difunda e resplandeça (2 Ts 3,1), e o tesouro da revelação confiado à Igreja encha cada vez mais os corações dos homens (DV 26).
A partir de todos estes apontamentos podemos concluir que vivenciamos e saboreamos hoje melhor a Palavra de Deus em nível eclesial e pessoal.
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