O “goel” na sociedade hebraica/judaica seria a imagem do resgatador, ou seja, aquele toma por responsabilidade assumir à culpa ou pagar e resgatar uma mulher de seu parente próximo.
Logo, a figura do “goel” no Novo Testamento é associada a Jesus Cristo, que dá a própria a vida pelos pecados da humanidade e, por isso, resgata a humanidade, trazendo-a novamente para junto de Deus.
Leia MaisPensar a realidade: Um desafio filosófico na modernidade O que vemos na modernidade são vários “goel” que surgem na sociedade, resgatando a humanidade perdida de homens e mulheres que estão às margens.
A Novena da Padroeira deste ano (2021) nos trouxe algumas destas figuras, como por exemplo:
- Dom Paulo Evaristo Arns, que lutou pela dignidade e pela liberdade dos perseguidos na ditadura militar;
- Padre Júlio Lancellotti, que luta pela dignidade dos moradores de rua da cidade de São Paulo;
- Santa Dulce dos Pobres e Santa Teresa de Calcutá, as figuras icônicas do século XX e XXI que marcaram a sociedade como resgatadoras da dignidade humana.
Todos eles foram verdadeiros “goel“.
Na modernidade, percebemos que o esfacelamento das bases sociais provoca uma cascata de acontecimentos em que a presença do “goel” torna-se necessária, pois a sociedade acaba por esquecer-se daquilo que a une como tal, que é o respeito, a compaixão e, principalmente, os direitos de todos aqueles que formam a sociedade. A presença do “goel” hoje na sociedade moderna é tanto uma figura de consolo, como também uma figura moral e ética, que traz para o centro da sociedade aqueles que estão às margens.
Portanto, ao olharmos a sociedade no século XXI, vemos uma sociedade 'complexificada', ou seja, a própria sociedade criou mecanismos e instrumentos que a deixaram 'líquida' (cf. BAUMAN, Z.), perdendo, assim, suas bases.
E nisso, ricos ficaram mais ricos, pobres mais pobres... A sociedade esqueceu-se dos direitos e deveres de todos, para olhar apenas a alguns e novamente, hoje, a figura do “goel” torna-se necessária para resgatar aqueles e aquelas que sofrem, que são oprimidos e que, muitas vezes, precisam ser resgatados e trazidos de volta para o centro.
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