Uma agenda de iniciativas foi lançada no início deste mês para reivindicar a reparação justa e integral aos danos causados para comunidades e famílias da Bacia do Rio Doce, após o que ficou conhecido como o mais grave desastre socioambiental já ocorrido no Brasil. O desastre de Mariana (MG) completou exatos três anos ontem (05).
Após o ocorrido, as pessoas e comunidades atingidas pela lama de rejeitos, em 39 municípios dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo, continuam vivendo o drama da luta pela conquista de direitos, pela saúde das populações envolvidas e pela cura do rio.
“Nós estamos na mesma; até hoje nada ainda foi feito. Vivemos de aluguel e cartão da Sanmarco, mas essa não é nossa vida real. Aqui nós não temos liberdade e sofremos muito com a discriminação, como se nós fôssemos culpados por esse crime que a Sanmarco cometeu. Desabrigou tantas famílias, destruiu nossa comunidade e até hoje nada foi feito”, desabafa Maria Geralda Oliveira da Silva, 53 anos, atingida que morava na comunidade Paracatu de Baixo, destacando as ações de mitigação conquistadas com a ajuda do Ministério Público para quem perdeu atividade econômica e moradia.
Leia MaisDioceses da Bacia do Rio Doce criam Fórum Permanente para tratar dos desdobramentos da tragédia de Mariana (MG)Músicos lançam clipe em prol das famílias do desastre da barragem de Mariana (MG)A relação histórica entre Aparecida e MarianaEm 2016 foi criada a Fundação Renova, responsável pela reconstrução das áreas afetadas e pelo diálogo com as famílias e comunidades atingidas pelo rompimento da Barragem de Fundão. Entretanto, a atuação da organização é duramente criticada pelos atingidos.
De acordo com a assessora técnica da Cáritas Brasileira, Ana Paula Alves, que acompanha de perto a luta dos atingidos, neste período de três anos a Sanmarco e as mineradoras acionistas do empreendimento, como a brasileira Vale S.A e a anglo-australiana BHP Billiton, que trabalharam para recuperar seus patrimônios, quase nada fizeram para estabelecer a reparação integral aos danos causados às comunidades e famílias.
“Nossa reivindicação é pela mudança de postura da Fundação Renova. Consideramos que o modo atual da Renova de se comunicar, como se fosse uma empresa com responsabilidade social, ultrapassou, há muito, esse limite ético. Estamos em estado de sofrimento, grande parte dele causado justamente pelos erros da Fundação, pela insuficiência de seu trabalho em relação às nossas demandas e por seu compromisso com as mineradoras. Não podemos suportar essas ações de propaganda, cujo objetivo é sanear a imagem das empresas e capitalizar, simbolicamente, a partir da construção de uma reputação mentirosa à Fundação”, destaca um trecho da Carta de Reivindicações.
As reivindicações partem do que está previsto, a partir de casos semelhantes ao crime ambiental de Mariana, pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pelo Sistema Interamericano de Direitos Humanos: mitigação, restituição, compensação, reabilitação, satisfação e não-repetição.
Fonte: Cáritas Brasileira.
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