No último dia 22 de fevereiro, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) resgatou 208 trabalhadores de um alojamento em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul e informou que “eram submetidos a condições degradantes e trabalho análogo à escravidão” durante a colheita da uva.
Leia Mais26 casos de trabalho escravo são registrados no Vale do ParaíbaComissão Pastoral da Terra lança carta sobre o trabalho escravoO grupo de fiscalização do Ministério do Trabalho e Previdência em Caxias do Sul (RS) descobriu que os funcionários viviam aglomerados no local, sem segurança e higiene, e vinham sofrendo ameaças dos empregadores, inclusive agressões com uso de choques elétricos e spray de pimenta.
A maioria dos operários era do estado da Bahia, que prestavam serviço para empresas terceirizadas que contratavam esta mão de obra para vinícolas da região.
O auditor fiscal do Trabalho, Vanius João de Araújo Corte, falou das péssimas condições que os funcionários estavam passando:
“Como foram recrutados na Bahia, já vieram na viagem para o local de trabalho com dívidas de alimentação e transporte. Fora isso, todo o consumo deles no alojamento era anotado num caderno do mercado local, que vendia os produtos a preços extorsivos. Além disso, eles relataram que iniciavam o trabalho às quatro da manhã e iam até as oito ou nove horas da noite, numa jornada extremamente exaustiva”, disse.
CNBB se posiciona sobre vinho das celebrações e o trabalho escravo
Na última terça-feira (28), a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou nota a respeito do cuidado pelo tipo de vinho utilizado nas celebrações das missas.
De acordo com o Código de Direito Canônico, “o vinho deve ser natural, do fruto da uva e não deteriorado” (can. 924,3), e a Instrução Redemptionis Sacramentum, a partir desse cânon, orienta que "tenha-se diligente cuidado de que o vinho destinado à Eucaristia se conserve em perfeito estado de validade e não se avinagre. Está totalmente proibido utilizar um vinho de que se tem dúvida quanto ao seu caráter genuíno ou à sua procedência, pois a Igreja exige certeza sobre as condições necessárias para a validade dos sacramentos".
A nota, assinada pelo secretário-geral da entidade, Dom Joel Portella Amado, informa que no Brasil existem diversas vinícolas que oferecem vinho canônico e pede que “se busquem, para a celebração da missa, vinhos de proveniência sobre as quais não existam dúvidas a respeito dos critérios éticos na sua produção”.
A CNBB também expressa que trabalhos que ferem o respeito pela dignidade humana não podem ser aprovados e que "todas as denúncias devem ser investigadas nos termos da lei".
Leia a nota na íntegra
VINHO CANÔNICO
"Quem ama a Deus ame também o seu irmão" (1 Jo 4,21)
Brasília, 28 de fevereiro de 2023
A Igreja tem a responsabilidade de zelar pelo tipo de vinho utilizado nas celebrações das missas. A CNBB, por meio da Comissão Episcopal para a Liturgia, promoveu encontros com cerca de 15 vinícolas a respeito das caraterísticas de tal vinho.
Qualquer tipo de trabalho em condições que ferem o respeito pela dignidade humana não pode ser aprovado. Todas as denúncias devem ser investigadas nos termos da lei.
No Brasil existem diversas vinícolas que oferecem vinho canônico. Desse modo, é recomendável que se busquem, para a celebração da missa, vinhos de proveniência sobre as quais não existam dúvidas a respeito dos critérios éticos na sua produção.
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