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"Não devemos entrar nessa onda do retrocesso", diz Dom Orlando sobre racismo

Arquidiocese de Aparecida inicia a organização da Pastoral Afro para promover comunhão, superar o racismo e valorizar a cultura afrocatólica

Escrito por Eduardo Gois

14 NOV 2017 - 07H35 (Atualizada em 17 NOV 2025 - 09H39)

Thiago Leon

Em tempos de tanta intolerância e manifestações lamentáveis de racismo na internet, no futebol e em diversos outros lugares, a Arquidiocese de Aparecida quer unir forças e iniciar uma Pastoral Afro. A iniciativa é do próprio Arcebispo, Dom Orlando Brandes, que também já montou pastorais da mesma natureza em outros lugares onde foi bispo, Londrina (PR) e Joinville (SC).

“Estamos iniciando e vendo a alegria do povo ao entender o que é uma pastoral, pois não é só reunir pessoas da mesma cor, mas é o entrosamento de brancos e negros de diversas culturas, isso é a pastoral. A intenção também não é de segregar na pastoral os nossos afros, pelo contrário, vamos fazer comunhão, comenta o Arcebispo.

Ele cita importantes motivos para se ter uma pastoral afro:

“Em primeiro lugar, porque o Brasil é o maior país afro fora da África, depois, outra razão é o segundo milagre aqui realizado por Nossa Senhora Aparecida que libertou um escravo. É praticamente uma ordem da Mãe Aparecida, que quer todos libertos das escravidões e principalmente da escravidão do racismo, pois ainda não foi superada. Precisamos oferecer aos nossos irmãos e irmãs afros quase que uma redenção dos nossos pecados do passado e incentivar cada vez mais o direito, a igualdade e a dignidade de todos”.

Segundo Dom Orlando, outra razão muito forte é a devoção na cidade de Aparecida (SP) por São Benedito, um santo negro, que traz muitos movimentos afro para o município. A Festa de São Benedito é uma das maiores da região.

De acordo com o Arcebispo, aqui deve surgir uma pastoral iluminada pelos documentos da Igreja, até porque o documento de Aparecida faz muitas referências a pastoral afro. “Necessita-se buscar igualdade, dignidade, superar preconceitos, porque tudo isso ainda é um longo caminho a percorrer”, comenta Dom Orlando.

Como pontapé inicial, a Arquidiocese já prepara e motiva os fiéis da região. O primeiro passo dado é o terço afro, que já acontece na igreja de São Benedito. Posteriormente terão início as missas afro e, no futuro, a instalação da pastoral.

“Vamos então dando passos, na esperança de um dia fazermos uma grande romaria afro da nossa arquidiocese e, assim, vamos aprendendo os valores que os nossos afros trouxeram para a nossa cultura, por exemplo, como o dom da alegria, o dom da resistência diante de tanto sofrimento, também uma cultura religiosa muito profunda, e um grande respeito pelos antepassados, exemplifica.

Momento delicado

Leia MaisBate-papo com o bispo referencial para Pastoral Afro-Brasileira

Para Dom Orlando, de fato está havendo um silêncio profético na Igreja quando o assunto é o racismo. Na opinião do Arcebispo, é necessário um maior fôlego: 

“Vê-se o racismo no futebol, na escola, nas universidades, piadas e também se vê que os afrodescendentes ainda não têm muitas oportunidades. Isso é um sinal de que estamos regredindo. Porém é verdade que alguns países, como os Estados Unidos, o racismo é ainda muito grande e aumentou com as migrações, mas a gente não deve esquecer que a Sagrada Família foi migrante para África, pois o Egito é na África. Deve-se acolher os irmãos afro e não devemos entrar nessa onda do retrocesso em relação à dignidade humana e o respeito pela vida, principalmente nós, que pelo batismo recebemos a condecoração e a grande elevação de filhos e filhas de Deus. Nós, batizados, temos uma razão a mais para respeitar o outro”.

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