O Papa Francisco recordou recentemente o legado inspirador dos santos Cirilo e Metódio, os “apóstolos dos eslavos”, durante sua tradicional catequese, em outubro de 2023. Esses dois irmãos, nascidos no século IX na Grécia, renunciaram à carreira política em favor de uma vida monástica, sendo enviados como missionários à Grande Morávia, uma terra de diversos povos e tradições pagãs.
O destaque desses santos é a abordagem inovadora que empregaram em suas evangelizações, priorizando a língua materna e a liberdade espiritual. Enfrentando um desafio único, o príncipe da Grande Morávia solicitou uma explicação da fé cristã na língua de seu povo. Foi então que Cirilo, dedicando-se ao estudo da cultura local, desenvolveu o alfabeto glagolítico (cirílico) para traduzir a Bíblia e textos litúrgicos.
O Papa ressalta como essa abordagem materna de evangelização permitiu que a fé cristã se enraizasse entre os eslavos, tornando-se parte integrante de sua identidade. Essa atitude contrastou com a resistência de alguns que acreditavam que Deus só podia ser louvado em hebraico, grego e latim. Contudo, Cirilo, com coragem, respondeu: “Deus quer que cada povo O louve na própria língua.”
Ao abordar o legado desses santos, o Papa destaca três aspectos importantes: a unidade, a inculturação e a liberdade. São João Paulo II os escolheu como co-patronos da Europa, sublinhando a importância desses valores para a missão cristã. O Papa Francisco, em sua recente viagem à Hungria e Eslováquia, reforçou esses princípios, chamando os cristãos a serem instrumentos da liberdade na caridade.
Em outra oportunidade, o Papa ressaltou a necessidade de preservar o meio ambiente e promover a família. Em suas palavras, ele lembrou aos líderes o valor do pão e do sal, símbolos da hospitalidade eslava, enfatizando a importância de compartilhar e cuidar dos outros.
Naquela sua visita à Eslováquia, em 2021, Francisco exortou os jovens a se envolverem na solidariedade, afirmando que o cuidado pelos outros dá sabor à vida. Ele reconheceu também as dificuldades enfrentadas pelos jovens europeus, iludidos pelo consumismo, e enfatizou que a pandemia foi uma lição sobre nossa fragilidade e a necessidade de uns dos outros.
Também na África os santos irmãos foram citados por Francisco. Ao explorar as dimensões do ecumenismo, o Papa Francisco, durante sua visita ao Sudão do Sul, destacou o “ecumenismo do sangue”, lembrando os sofrimentos compartilhados por cristãos de diferentes tradições. Ele incentivou também o “ecumenismo do pobre”, convidando a servir aos menos favorecidos, e o “ecumenismo da missão”, enfatizando a importância de caminhar juntos na proclamação do Evangelho.
Assim, inspirados pelos Santos Cirilo e Metódio, que superaram barreiras culturais e linguísticas, o Papa Francisco nos convoca a pregar o Evangelho com coragem, liberdade e criatividade. Que possamos ser instrumentos da liberdade na caridade, promovendo a unidade, a inculturação e a liberdade em nossa missão de difundir a mensagem de Cristo no mundo contemporâneo.
Fonte: Vatican News
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