Qual a importância do silêncio na liturgia do Tríduo Pascal?

Para compreender a liturgia, é essencial destacar que ela envolve orações, sacramentos e a Eucaristia, sendo a centralidade da Igreja. 

A liturgia então, é o caminho pelo qual os fiéis podem se aproximar do mistério pascal de Cristo, ela nos une a Jesus.

Segundo o Catecismo da Igreja Católica, a palavra “liturgia” significa “obra pública” ou “serviço prestado em favor do povo”. Para os cristãos, isso significa participar da “obra de Deus”.

“Pela liturgia, Cristo, nosso Redentor e Sumo Sacerdote, continua, na sua Igreja, com ela e por ela, a obra da nossa redenção.” (CIC 1069).

A partir dessa compreensão, torna-se claro o motivo de ser importante observar os momentos de silêncio durante a missa.

Cada momento da liturgia nos convida a algo durante a celebração e, conforme a Instrução Geral do Missal Romano, a natureza do silêncio depende do momento da celebração em que ele é observado.

“No ato penitencial e após o convite à oração, o silêncio é um convite para que cada um se recolha interiormente; após as leituras ou a homilia, é um momento de breve meditação sobre o que foi ouvido; depois da comunhão, é o momento para louvar a Deus e orar no íntimo do coração.” (IGMR 23).

Gustavo Cabral - A12

O momento mais importante do Ano Litúrgico é a Semana Santa. Este é um período que marca o recolhimento, a revisão de vida e, através da memória da Paixão de Cristo, somos chamados também ao silêncio e à esperança.

O Papa Francisco nos recordou, em uma de suas homilias, que “a cruz é a chave para entender o amor de Deus”. A liturgia do Tríduo Pascal, que vai da Quinta-Feira Santa à Vigília Pascal, no sábado, convida-nos justamente a mergulharmos nesse mistério da fé.

Desse modo, o silêncio ajuda-nos a meditar na centralidade de cada momento litúrgico, como no Lava Pés, na comunhão eucarística e na transladação do Santíssimo da quinta-feira; na adoração da Santa Cruz na sexta-feira e na liturgia das luzes no Sábado Santo, por exemplo, que culmina em grande júbilo.

Thiago Leon

Em uma audiência, o Papa Francisco fez uma importante reflexão sobre o silêncio na liturgia, especialmente quando o sacerdote diz “oremos”.

O Papa afirmou que o silêncio nos permite refletir sobre nossas necessidades e desejos, para que possamos apresentá-los em oração.

Ele também destacou que “o silêncio não se resume à ausência de palavras, mas à disposição para ouvir outras vozes: a do nosso coração e, sobretudo, a voz do Espírito Santo.”

Muitas vezes, podemos participar das celebrações litúrgicas sem pronunciar palavras, mas o silêncio tem um significado mais profundo: nos conduz a uma atenção viva ao nosso interior e à Palavra de Deus.Leia MaisConfira esta formação litúrgica sobre o Tempo da QuaresmaA participação do povo de Deus na liturgiaPela Liturgia, buscamos de forma incansável o Rosto de Deus

O exercício do silêncio é o que torna a oração possível, e sem oração, não podemos chegar a Deus.

Assim, podemos afirmar que todos os santos souberam viver o silêncio, pois, ao vivê-lo, alcançavam o espírito da oração.

“O silêncio é um meio excelente para alcançar o espírito da oração e para estar em trato ininterrupto com Deus. Dificilmente se encontrará uma pessoa verdadeiramente piedosa que fale muito.” (Santo Afonso Maria de Ligório).

Este conselho do Papa foi dado de modo especial aos sacerdotes. O pontífice os exortou a não terem pressa, sugerindo que, ao dizerem “Oremos”, devem reservar um momento de silêncio, pois, sem ele, corremos o risco de “negligenciar o recolhimento da alma”.

Você já havia pensado sobre isso? Convidamos você a observar o silêncio ao participar das celebrações do Tríduo Pascal, conforme o que solicita cada momento da sagrada liturgia, para assim colher os frutos da sua oração e adoração ao Senhor.

::. Confira essa reflexão do diácono Pablo Vinícius, C.Ss.R., sobre o silêncio como meio de intimidade com Deus: 

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Fonte: Vatican News