Após meses de expectativa, tensão e ameaças, as forças bélicas da Rússia deram início à invasão da Ucrânia nesta quinta-feira, dia 24 de fevereiro. Só o tempo dirá qual será a extensão e a intensidade da ofensiva militar, mas os primeiros ataques já causaram pânico na população: mortos, feridos e ondas de refugiados que buscam abrigo em países vizinhos, sobretudo, na Polônia.
O primeiro dia de invasão foi marcado pelos veículos militares da Rússia cruzando as fronteiras da Ucrânia em diversas regiões e os primeiros ataques em alvos reconhecidamente civis.
Mais uma vez, como acontece desde a década de 1990, com a invasão dos Estados Unidos ao Iraque, os meios de comunicação, especialmente a televisão, colocam a guerra “ao vivo e em cores” dentro de nossas casas.
Ao que tudo indica, as forças russas rumarão para a capital, Kiev, e por causa disso, longas filas de carros se formaram com as pessoas buscando deixar a cidade logo após bombardeios que antecederam a invasão por terra e dos ataques pelo ar.
Localização da Ucrânia
O país que agora se tornou alvo dos ataques e do expansionismo russo está localizado na Europa do leste, fazendo fronteira com a Rússia, com as repúblicas bálticas da Estônia, Letônia, Lituânia e ainda outros países como Polônia, Eslováquia, Hungria, Romênia, Bulgária e Turquia.
Sua área geográfica é de 603 mil km², quase igual a área do estado de Minas Gerais, onde vive uma população pouco superior a 44 mil pessoas, um pouco menor que a população do estado de São Paulo.
A Rússia, por sua vez, tem área de 17,3 mil km², mais que o dobro da área do Brasil, e uma população de 144 milhões de pessoas, bem menor que a nossa.
Até 1991, a Ucrânia era uma das 15 repúblicas que formavam a União Soviética (URSS). Com o colapso da URSS, em agosto daquele ano, a Ucrânia tornou-se uma nação independente, estabelecendo laços culturais, militares e econômicos mais próximos com as potências ocidentais, o que incomodou sobremaneira à Rússia.
Uma guerra nunca tem uma justificativa suficiente!
Por que a guerra?
Uma guerra nunca tem uma justificativa suficiente, mas nesse caso, além dos conflitos históricos que sempre alimentaram a rivalidade entre os dois países, existem algumas razões mais próximas.
A Rússia sempre considerou a Ucrânia como a periferia da Europa ocidental e uma barreira defensiva natural, pois a região sempre foi ponto de passagens de exércitos de invasores ao longo da história. Não é à toa que esse vasto território sempre foi disputado por vizinhos poderosos.
Leia MaisTensão entre Rússia e Ucrânia aumenta e Igreja defende diálogo a favor da pazPapa sobre tensão entre Rússia e Ucrânia: “Paz de todos está ameaçada”A influência crescente de Moscou traduziu-se por uma "russificação" progressiva do país e até mesmo a subordinação da Igreja ucraniana ao patriarcado de Moscou. A criação de um patriarcado independente na Ucrânia lançou mais lenha na fogueira.
Além do mais, a Rússia nunca reconheceu a independência da Ucrânia e nem a validade da criação de um Estado Ucraniano. Com a aproximação entre a Ucrânia e os Estados Unidos, Vladimir Putin, que sonha novamente com a criação da “Grande Rússia”, há anos vem investindo na ideia de que o país vizinho é um "irmão mais novo", que foi desviado pelo Ocidente e pelo qual vale a pena lutar, visando a sua reintegração.
Junto disso, a expansão da Otan, aliança militar do ocidente em relação a outros países, alguns deles ex-repúblicas soviéticas, acendeu o sinal de alerta no presidente russo, que aumenta de forma ilegal os anos de sua estadia à frente do país como forma de consolidar sua influência e autoridade.
A relação de Moscou com os dois presidentes ucranianos mais recentes também pode ajudar a explicar a crise, pois a ameaça à Ucrânia também é uma tentativa de reverter uma tendência anti-russa que já é notada entre os vizinhos. O medo da Rússia é que essa oposição cresça e acabe virando um rastilho de pólvora semelhante ao que aconteceu na “Primavera Árabe”, que envolveu diversos países árabes em anos passados.
A Rússia é uma potência nuclear, dispondo um exército poderoso, com mais de um milhão de soldados, mas ela não pode competir economicamente como uma grande potência. Sua economia é baseada em recursos não-renováveis e seu PIB é quase a metade da Califórnia, um dos estados mais ricos dos Estados Unidos.
Leia MaisO caos da guerra numa sociedade pós-modernaPapa faz pedido especial para Quarta-Feira de CinzasÀ guisa de conclusão, podemos dizer que a principal motivação de Putin, no momento, é fazer uma demonstração de força contra as potências ocidentais, em um esforço com fins tanto internacionais quanto internos, pois o fracasso do país em relação ao combate da pandemia da Covid-19, não emplacando ainda sua vacina (Sputnik) entre as mais vendidas do mundo, mostra outro lado fraco de seu poder.
Apesar da repressão, a oposição tem crescido no interno do país. O reconhecimento da independência das duas províncias separatistas, Luhansk e Donetsk, com área de 45 mil km, quase igual ao Rio de Janeiro, e a presença russa na Crimeia jogam mais lenha nessa fogueira numa região já tão conturbada.
A Rússia tem a oposição dos Estados Unidos, das potências ocidentais da Europa, mas ainda há uma incógnita nessa questão: Qual será a atitude da China, a grande potência do Século XXI, em relação a esse conflito? Só o tempo dirá!
Por hora, unamos os nossos esforços ao pedido de oração da parte do papa para que cesso logo mais esse conflito.
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