Em 26 de julho de 1942, o Padre, jornalista e professor holandês Tito Brandsma recebeu uma injeção letal de ácido fênico, por ordem da Allgemeine SS, braço do regime nazista responsável pelos campos de concentração que exterminaram milhões de pessoas durante a Segunda Guerra Mundial.
Tal ato fez parte de um programa de experimentos médicos que os nazistas realizavam com prisioneiros, e que depois seriam listados como crimes de guerra.
Tito Brandsma sucumbiu ao nazismo, mas tornou-se um mártir da Igreja por ter enfrentado seus algozes com fé inabalável, vindo a se tornar santo e símbolo da resistência católica ao regime que assombrou o mundo no século XX.
Durante o processo de beatificação de Brandsma, oficializado em 03 de novembro de 1985, a enfermeira que fez a aplicação do veneno letal relatou: “Ele pegou a minha mão e disse: ‘Pobre jovem que você é, eu rezarei por você’”.
No último dia 27 de julho, foi celebrado o dia de São Tito Brandsman, tido como um mártir da fé, da liberdade e da luta contra a barbárie, sofrida na pele por ele durante a Segunda Guerra Mundial.
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Nascido em 1881, na Holanda, Brandsma era sacerdote carmelita e trabalhou como professor universitário, lecionando filosofia e história na Universidade Católica de Nijmegen. Em 1935, passou a atuar como assistente eclesiástico dos jornalistas católicos na Holanda.
Tito Brandsma, padre holandês morto pelos nazistas e que se tornou mártir da Igreja Católica
Nesta função, atuou de forma sistemática com a rede de jornais católicos para defender a liberdade de informação e combater a doutrina do nazismo, que avançava no país. A Holanda viria a ser totalmente ocupada pelas forças de Hitler em 1940, e somente se veria livre do domínio germânico em 1945, ao final do conflito.
Tito Brandsma esteve na linha de frente da resistência diante do avanço do terror do nacional-socialismo. Uma de suas ações mais afrontosas ao regime nazista foi quando percorreu editoras e jornais católicos da Holanda, tentando evitar que fosse impressa e veiculada propaganda do regime alemão.
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Em 31 de dezembro de 1941, publicou e fez circular uma carta à imprensa católica, fazendo um apelo para que não publicassem anúncios do Partido Nacional-Socialista que difundiam o conceito de “superioridade racial” dos arianos.
O texto da carta afirmava: “Se publicarem esses anúncios, não deverão mais ser considerados católicos e não deverão e não poderão contar com os leitores e assinantes católicos”.
Sua luta pública diante da ameaça nazista culminou em sua prisão em janeiro de 1942. Tito Brandsma foi enviado para o campo de trânsito de Amersfoort. De lá, foi deportado para o campo de extermínio de Dachau, onde havia o famigerado Pavilhão dos Padres (Pfarrerblock), para onde eram enviados os sacerdotes perseguidos pelo regime nazista. Ali foram aprisionados 2.720 padres, dos quais 1.034 acabaram mortos.
Sua fé foi base para o período de horror e privação extrema que passou no campo de concentração. Em cartas clandestinamente enviadas a superiores, Tito transparecia um tom de serenidade, sem lamúrias ou vitimizações. Seus relatos davam conta de que sua maior tristeza era estar longe da Eucaristia. Chegou a dizer em uma das cartas que se sentia em casa na prisão, pois Deus estava ao seu lado.
Sua execução, em 1942, não colocou um ponto final na sua história de fé, de luta pela liberdade, de amor à mensagem do Evangelho e de exemplo de sacerdote. Mas sim eternizou sua defesa pela dignidade humana.
“Para os nacional-socialistas, Brandsma era um perigoso subversivo e propagador de ideias intoleráveis. Para a Igreja Católica, foi um mártir da fé e da liberdade”, resumiu o escritor Paulo Briguet.
Em 3 de novembro de 1985, o papa João Paulo II elevou Brandsma à dignidade dos altares, proclamando-o beato. Foi canonizado pelo Papa Francisco em 12 de maio de 2022.
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