Neste 5 de novembro, os olhos do mundo estão voltados para os Estados Unidos, porque o que lá acontece interessa também a todo o mundo. Os americanos vão às urnas decidir quem será o próximo presidente dos Estados Unidos, com a disputa entre o republicano Donald Trump e a democrata Kamala Harris. O vencedor assumirá o cargo em 20 de janeiro de 2025 para um governo de 4 anos.
Assim como no Brasil, as eleições para presidente acontecem a cada quatro anos. Mas, ao contrário daqui, o processo de contagem de votos é longo e complexo e a expectativa mais positiva é que os resultados sejam divulgados alguns dias após as eleições. Como boa parte dos estados norte-americanos adota votações em cédulas de papel, a apuração costuma demorar bem mais.
O que chama atenção é o sistema de eleição implantado há muitos anos no país, num misto de votação popular e eleição por representação.
No sistema político dos EUA predomina o bipartidarismo, com dois grandes partidos que existem desde o tempo da independência: Democrata e Republicano. As siglas menores e os candidatos independentes até podem concorrer, mas não costumam ter força e nem dinheiro suficiente para se manter na corrida eleitoral ou saírem vencedores.
Também, diferentemente do que aqui acontece, o pleito tem apenas um turno, mesmo que nenhum dos candidatos obtenha mais de 50% dos votos.
O presidente não é eleito diretamente pelo voto da população. Na verdade, quem o elege é um Colégio Eleitoral, formado por 538 delegados que representam os 51 estados. Esse Colégio Eleitoral valida a escolha dos milhões de eleitores. Os delegados são representantes que votam em nome dos eleitores em cada estado da federação.
Para vencer, um candidato precisa conquistar ao menos 270 dos 538 delegados do Colégio Eleitoral. Cada estado tem um número específico de delegados, que varia segundo a população e o total de representantes no Congresso, e claro, os estados mais populosos tendem a ter mais delegados.
Outras diferenças em relação ao Brasil são que o voto é facultativo e a votação pode ser feita antecipadamente. Como o dia da eleição não é feriado, os candidatos precisam fazer um grande esforço para motivar a população a comparecer às urnas, sendo possível também votar antes do dia da eleição. Também é possível, dependendo do lugar, votar pelo correio.
Pelo sistema de Colégio Eleitoral, o candidato que for o mais votado num estado leva todos os delegados da área. Desta forma, pode acontecer que um candidato tenha a maioria dos votos populares a partir do ponto de vista nacional, mas, na soma do Colégio Eleitoral, seja derrotado.
Na história recente, por exemplo, a candidata democrata Hillary Clinton teve quase 3 milhões de votos a mais que o republicano Donald Trump na soma nacional. No entanto, ela conquistou apenas 232 delegados, enquanto Trump teve 306.
Chegar à Casa Branca é sim uma verdadeira corrida, mas o candidato que lá morar pelos próximos 4 anos vai governar a maior potência mundial com população de 342 milhões de pessoas, 130 milhões a mais que o Brasil, e uma riqueza calculada de 27,3 trilhões de dólares, quase 12 vezes maior do que a do Brasil.
O presidente dos Estados Unidos comandará as maiores forças armadas do planeta, com cerca de 1,6 milhões de pessoas distribuídas pelas 6 forças e orçamento anual de mais de 706 bilhões de dólares.
Terá, entretanto, pela frente sérios problemas sociais, como a questão da imigração, que leva todos os anos quase 2 milhões de pessoas ao país, a maioria, de forma ilegal. Somente a comunidade de imigrantes brasileiros nos Estados Unidos já está próxima de 2 milhões de pessoas, segundo dados do Itamaraty. O Brasil deve se tornar em 2024 o 14º país que mais envia pessoas para o país norte-americano.
Outros desafios são o aumento da pobreza, o acesso à saúde, a questão da discriminação racial que atinge, sobretudo, os negros. Pesquisas recentes mostram que os eleitores indicam a economia, a segurança interna e externa como os maiores desafios. As guerras que estão acontecendo pelo mundo se tornam um grande desafio e a mudança de governo alterará dificilmente o rumo desses conflitos, sobretudo os mais destacados, como os que acontecem no Oriente Médio e na Ucrânia.
Fica também a incógnita de como será a relação do Brasil e da América Latina com o próximo presidente e com o país nortista como um todo.
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