A arte sacra sempre ocupou um papel fundamental na história da Igreja, não apenas como ornamento, mas também como expressão de fé e catequese visual. Os murais, vitrais, ícones e arquitetura não se limitam à estética, falam ao coração do povo de Deus, traduzem a liturgia e ajudam a comunicar a essência do Evangelho em cada tempo.
Quando preservamos uma obra de arte sacra, não estamos apenas conservando uma pintura ou um painel, mas também resguardando a memória viva de uma comunidade e a forma como ela se relaciona com o Mistério. Nesse sentido, os recentes trabalhos de restauração em obras de Cláudio Pastro, um dos maiores nomes da arte sacra contemporânea, revelam a urgência e a responsabilidade de manter viva essa herança.
Pastro foi capaz de traduzir para a linguagem plástica e arquitetônica os princípios do Concílio Vaticano II, dando uma identidade genuinamente brasileira à arte litúrgica. Seu trabalho não buscava apenas beleza, mas uma beleza que evangeliza, que educa o olhar e conduz o fiel à oração.
Dois casos recentes ilustram bem essa missão: o restauro do mural da Paróquia São Luiz Gonzaga, em Pirituba (SP), onde está representada a figura do Cordeiro Místico, e a recuperação do painel da igreja abacial do Mosteiro de Nossa Senhora de Guadalupe, em São Mateus (ES).
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Em ambos os locais, as equipes de especialistas se depararam com desafios técnicos — desde infiltrações que comprometiam o mural paulista até o desbotamento de cores no painel capixaba. Ainda assim, o trabalho foi conduzido com rigor científico e profundo respeito à originalidade da obra, preservando ao máximo a intenção de Pastro.
A restauração da figura do Cordeiro Místico, em São Paulo, envolveu Paula Franco Albuquerque, arquiteta-restauradora, Diego Gonçalves de Souza, mestre de ofício e conservador-restaurador, e Silvana Borges, arquiteta-restauradora.
Mosteiro de Nossa Senhora de Guadalupe, em São Mateus (ES)
A iniciativa partiu do pároco da igreja, Cônego José Renato Ferreira, ao notar os danos visíveis no painel, que impactavam a experiência dos fiéis. Já no Espírito Santo, a motivação partiu de uma visita feita por Silvana, o artista plástico Romolo Picoli Ronchetti e a doutoranda em Teologia Christiane Meier ao Mosteiro de Guadalupe. Sensibilizados com a degradação do mural, comprometeram-se com a madre Vera Lúcia a realizar o restauro.
Os restauradores envolvidos lembram que cada pintura carrega um sentido litúrgico próprio, que não pode ser alterado sem prejuízo do conjunto. Mais do que devolver a integridade estética, a restauração devolve também a força catequética dessas imagens, que são parte da vida comunitária.
Em São Paulo, o envolvimento da paróquia foi intenso, com fiéis e pároco acompanhando o processo de perto. No Espírito Santo, a própria comunidade religiosa do mosteiro participou consciente da relevância de preservar aquilo que ultrapassa o valor artístico e toca no patrimônio espiritual.
Cláudio Pastro deixou marcas inesquecíveis na Igreja do Brasil e, principalmente, no maior templo mariano do mundo: o Santuário Nacional de Aparecida, onde talvez esteja sua obra mais emblemática, retratando em imagens e cores a devoção de uma nação. Não é à toa que o Vaticano o escolheu para a criação do Cristo do 3º Milênio, como forma de reconhecimento da sua capacidade única de unir tradição e contemporaneidade de maneira acessível e, ao mesmo tempo, profundamente espiritual.
Restaurar obras de Pastro, portanto, é mais do que um ato técnico: é um compromisso de evangelização e de preservação da memória. Cada cor reconstituída, cada fissura consolidada, é também um testemunho de fé que se perpetua no tempo. A arte sacra, quando cuidada e valorizada, segue educando gerações, mostrando que a beleza tem um poder formativo e missionário.
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