Freira de 67 anos é campeã mundial de taekwondo

"Sempre fui pequena. Se posso correr e chutar, não preciso carregar uma arma para me defender. Eu sou a arma!", disse a irmã Linda, de 67 anos, como é conhecida, que tem cerca de 1,50m de altura e pesa menos de 50kg. 

A freira continuou a se aprimorar no taekwondo, modalidade que começou a praticar na adolescência, mesmo quando ingressou nas Missionárias Franciscanas da Divina Maternidade, aos 43 anos de idade.

“O poomsae [uma sequência de movimentos do taekwondo] é uma forma de arte e, para mim, é como uma dança. Não é violento, e o lema do taekwondo é ‘a paz é mais preciosa do que o triunfo’”.

Curiosamente, ela recorre à oração para o Santo da sua ordem para explicar:

"São Francisco orou: ‘Fazei de mim um instrumento de vossa paz’. O taekwondo me permite chegar às pessoas em uma língua que não seja a igreja”, disse.

Campeã do Mundo

Em abril deste ano, a detentora da faixa preta se tornou a primeira mulher de Singapura a conquistar uma medalha de ouro no Campeonato Mundial de Taekwondo Poomsae, na Coreia do Sul. Ela venceu outras seis competidoras de sua categoria, tornando-se campeã mundial na faixa acima de 65 anos.

Ao conquistar o impressionante título, Irmã Linda compartilhou:

“Senti-me no topo do mundo ao atingir um marco importante em minha jornada no taekwondo. Me senti ótima, já que esta é a primeira vez que Singapura ganha uma medalha de ouro – e também tive um grande sentimento de gratidão a Deus”, falou.

Desmond Wee

Uma história de lutas

Linda, desde muito jovem já queria a vida religiosa, mas relutou contra sua vocação, pois sua mãe estava preocupada em “perder uma filha”, e levou mais de 10 anos para aceitar sua decisão. Mas, a irmã atleta explicou:

“Ia a todas as festas e fazia todos os esportes, mas havia um vazio em mim. Eu continuava a sentir que Deus estava me chamando e só encontrei a paz depois que me juntei às irmãs”, relatou.

Enquanto religiosa, a irmã ficou por 17 anos na Inglaterra trabalhando em um convento, e três anos trabalhando como administradora em um hospital no Zimbábue. Entretanto, desde 2007, quando estava trabalhando com crianças que sofriam de câncer, que ela começou a levar mais a sério sua paixão pelo esporte. De fato, a Federação do país estava ensinando taekwondo às crianças que lutavam contra o câncer em um hospital de Singapura. Ela passou, então, a treinar mais, a fim de ajudar a ensinar as crianças.

“Depois que vi senhoras de cabelos grisalhos competirem, pensei que queria treinar para representar Singapura, pois tenho muito orgulho de ser singapuriana”, disse a irmã Linda, que agora coordena o trabalho missionário das irmãs Franciscanas em Singapura.

A campeã mundial teve que treinar três vezes por semana para a sua última competição, e embora ela tenha sentido algumas dores, insiste que a idade não é um problema. A religiosa, que normalmente estaria além da idade da aposentadoria, não parece querer pendurar sua faixa preta tão cedo. Aos sábados, ela treina crianças e serve de exemplo para elas.

Desde sua primeira competição em 2011, ela esteve em mais de 25 competições internacionais e ganhou mais de 30 medalhas, incluindo uma medalha de bronze no Campeonato Mundial de Taekwondo Poomsae de 2018.

Fonte: TNP Straits Times