Opinião

Educar para a Esperança e para a Resiliência

Joana Darc Venancio (Redação A12)

Escrito por Joana Darc Venancio

07 JAN 2020 - 08H46 (Atualizada em 24 JAN 2022 - 11H23)

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Todos nós gostaríamos de ter uma vida sem problemas, não é mesmo? No entanto, os problemas fazem parte de nossa condição humana e da nossa relação com o mundo. Também nos envolvem em muitas realidades cotidianas, que nos ensinam a melhor forma de viver, conviver e ser.

Padre Zezinho, em sua canção Pais Paraplégicos, com muita sensibilidade, nos ensina uma bela e intensa verdade: “Foi assim que aprendi, o que o Santo Livro diz, que ter problemas na vida não é ter vida infeliz”. A Bíblia, o Santo Livro, está repleta de ensinamentos sobre a esperança que nos mantêm confiantes. Recordemos uma:

"Não somos, absolutamente, de perder o ânimo para nossa ruína; somos de manter a fé, para nossa salvação! (Hb, 10,39).

Leia MaisMinha vida tem sentido?Tenho necessidade de que me elogiemOs amigos íntimos de JesusProfessor: pessoa que forma pessoasGosto mais de animais do que de pessoas É preocupante a crescente fragilidade humana diante dos problemas. Lidar com as dificuldades, ter capacidade de mediar conflitos, solucionar ou harmonizar dificuldades, tem sido missão árdua para muitos. Mais do que “fazer do limão uma limonada”, evidencia-se a capacidade de “fazer a tempestade num copo d’água”. Os ditados populares traduzem com sabedoria essas duas ações.

Como, precisamos, diante das tribulações, não perder a confiança, a fidelidade a Deus e a esperança. Muitas foram as tribulações e problema enfrentados, muitas foram as angústias e incertezas que o fizeram chegar ao momento de fraqueza e amaldiçoando o dia de seu nascimento: “Pereça o dia em que nasci e a noite em que foi dito: ‘Nasceu um menino!’.” (Jó, 3,3). No entanto, ele soube reconhecer o poder de Deus em sua vida: "Sei que podes tudo e que nada te é impossível." (Jó, 42).

O Catecismo da Igreja Católica nos ensina sobre a Esperança:

A virtude da esperança responde à aspiração de felicidade colocada por Deus no coração de todo homem; assume as esperanças que inspiram as atividades dos homens; purifica-as, para ordená-las ao Reino dos Céus; protege contra o desânimo; dá alento em todo esmorecimento; dilata o coração na expectativa da bem-aventurança eterna. O impulso da esperança preserva do egoísmo e conduz à felicidade da caridade. (§1818)

É urgente reeducar para a Esperança e educar para Resiliência. Não podemos permanecer inertes diante das dificuldades, mas manter a esperança e saber transformar os problemas em experiências que promovam nosso crescimento e aprendizagem.

A Resiliência nos blinda das frustrações e nos salva do egocentrismo. Ela nos apresenta limites, disciplina, autoconfiança, necessidade de interação, empatia, senso de realidade e promove nossa capacidade de ação, de criatividade e de solução de problemas. A resiliência não é sinônimo de comodismo ou de conformismo, mas capacidade de não se permitir ser refém dos mesmos.

Carlos Drummond de Andrade, em 1928, compôs o Poema “No meio do Caminho":

No meio do caminho tinha uma pedra

tinha uma pedra no meio do caminho

tinha uma pedra

no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento

na vida de minhas retinas tão fatigadas.

Nunca me esquecerei que no meio do caminho

tinha uma pedra

tinha uma pedra no meio do caminho

no meio do caminho tinha uma pedra.

Um lindo poema, não é mesmo? Uma fonte inesgotável de reflexão sobre a vida! Mas podemos nos atrever a fazer duas perguntas: Por que a pedra não foi removida do caminho? A pedra no caminhou foi um sinal de desistência ou de resiliência? A resposta deve ser dada por cada um, a partir da interpretação do poema e, o mais importante, da interpretação dos sinais que Deus nos envia para que a esperança seja a resposta à aspiração de felicidade colocada em nosso coração.

do_not_disturb_on Acompanhe os conteúdos da Campanha da Fraternidade 2022, que neste ano explora o tema 'Fraternidade e Educação'. Acesse aqui.
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Joana Darc Venancio (Redação A12)
Joana Darc Venancio

Pedagoga, Mestre em educação e Doutora em Filosofia. Especialista em Educação a Distância e Administração Escolar, Teóloga pelo Centro Universitário Claretiano. Professora da Universidade Estácio de Sá. Coordenadora da Pastoral da Educação e da Catequese na Diocese de Itaguaí (RJ)

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