"Erguei-vos e levantai a cabeça, pois está próxima a vossa libertação" (Lc 21,28). Esse versículo do Evangelho de Lucas proclamado na abertura do advento foi destacado com ênfase pelo Papa Francisco, especialmente pela situação atual da humanidade, ainda balançada pela tragédia da Covid-19. Fazendo uma leitura popular, Francisco traz perguntas que o povo faz em momentos de crise: “Como levantar a cabeça? Como não nos deixarmos absorver por dificuldades, pelos sofrimentos, pelas derrotas?” Entrando na esperança da segunda vinda de Cristo, o Papa responde aos seus questionamentos, afirmando que devemos levantar a cabeça porque “Ele virá”, ressalta que “É tão bom ouvir esta palavra de encorajamento: erguei-vos e levantai a cabeça porque é justamente nos momentos em que tudo parece estar acabado que o senhor vem para nos salvar; esperá-lo com alegria mesmo em meio às tribulações, nas crises da vida e nos dramas da história”.

O advento e as três visitas de Jesus

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Em sua mensagem para o advento de 2016, anunciada no momento do Angelus, Francisco situa de forma simples e esclarecedora, o sentido do Advento em três momentos da história de salvação. A primeira, na Festa do Natal, quando fazemos memória de sua vinda histórica na humildade em condição humana, “A encarnação, o nascimento de Jesus na gruta de Belém”. Em sua segunda vinda, Francisco traz a proximidade do “Emanuel” (Deus Conosco), sentida dentro de nós todas as vezes que estamos dispostos a recebê-lo no cotidiano da vida; “E a última vinda no fim dos tempos para ‘julgar os vivos e os mortos’”.

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A encarnação de Jesus é refletida por Francisco na forte ligação com o hoje da história, na leitura da realidade que compromete cada cristão e o convida a sair das reflexões “nas alturas”, muitas vezes desencarnada do amor ao próximo. Na mensagem para o Advento de 2017, rezando o Angelus, o Papa afirma: “A pessoa atenta é a que, em meio ao barulho do mundo, não se deixa tomar pela distração ou pela superficialidade, mas vive de maneira plena e consciente, com uma preocupação voltada antes de tudo aos outros. Com esta atitude percebemos as lágrimas e as necessidades do próximo e podemos dar-nos conta também das suas capacidades e qualidades humanas e espirituais”.

A ‘vigilância’ movida pela ‘oração’ nos faz questionar a nós mesmos

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A vigilância e a oração são dois valores recomendados pela Igreja para realização do tempo do Advento. Para Francisco “A pessoa vigilante é a que aceita o convite a não se deixar dominar pelo sono do desencorajamento, da falta de esperança, da desilusão; e, ao mesmo tempo, rejeita a solicitação de tantas vaidades de que o mundo está cheio e atrás das quais, por vezes, se sacrificam tempo e serenidade pessoal e familiar”. Francisco afirma que o segredo para estar vigilante é a oração: “Especialmente quando sentimos que nosso entusiasmo esfriou, a oração reacende-nos, porque nos traz de volta a Deus, ao centro das coisas. ela desperta a alma do sono”. o advento para Francisco “é uma boa oportunidade para nos perguntarmos: O que pesa no meu espírito? O que me faz acomodar na poltrona da preguiça? Quais são as mediocridades que me paralisam, os vícios que me esmagam até o chão e me impedem de levantar a cabeça? E com relação aos fardos que pesam sobre os ombros dos irmãos, estou atento ou indiferente?"