Leia MaisPapa pede que Deus conceda ao Sínodo o dom da escutaSejam evangelizadores, não funcionários", diz papa aos novos CardeaisO Papa Francisco respondeu a cinco dubia enviadas a ele pelos cardeais Walter Brandmüller e Raymond Leo Burke, com o apoio de três outros cardeais, Juan Sandoval Íñiguez, Robert Sarah e Joseph Zen Ze-kiun.
As dúbia, do latim "dúvidas", um conjunto de questionamentos formais enviados ao Papa, solicitam esclarecimentos sobre questões relacionadas à interpretação da Revelação Divina, à bênção de uniões entre pessoas do mesmo sexo, à sinodalidade como dimensão constitutiva da Igreja, à ordenação sacerdotal de mulheres e ao arrependimento como condição necessária para a absolvição sacramental.
Os cardeais enviaram as dubia ao Santo Padre em julho e foram respondidos em espanhol. As respostas foram publicadas na última segunda-feira, 2 de outubro, no site do Dicastério para a Doutrina da Fé e traduzidas pelo Vatican News, dada a proximidade do Sínodo dos Bispos.
“A resposta depende do significado que atribuem à palavra "reinterpretar". Se for entendida como "interpretar melhor", a expressão é válida”, responde o Papa citando o Concílio Vaticano II.
“Portanto, se é verdade que a Revelação divina é imutável e sempre vinculante, a Igreja deve ser humilde e reconhecer que nunca esgota sua insondável riqueza e precisa crescer em sua compreensão”.
E acrescenta que “As mudanças culturais e os novos desafios da história não alteram a Revelação, mas podem nos estimular a expressar melhor certos aspectos de sua riqueza transbordante que oferece sempre mais”, afirmando que “é importante enfatizar que o que não pode mudar é o que foi revelado "para a salvação de todos"”.
“A Igreja tem uma concepção muito clara do matrimônio: uma união exclusiva, estável e indissolúvel entre um homem e uma mulher, naturalmente aberta a gerar filhos”, inicia o Papa em sua resposta. “Somente essa união pode ser chamada de "matrimônio". Outras formas de união o realizam apenas "de maneira parcial e analógica", portanto não podem ser chamadas estritamente de "matrimônio"”.
Sobre a bênção, o Santo Padre explica que “a prudência pastoral deve discernir adequadamente se existem formas de bênção, solicitadas por uma ou mais pessoas, que não transmitam um conceito errôneo de matrimônio. Pois, quando se pede uma bênção, está se expressando um pedido de ajuda a Deus, uma súplica para poder viver melhor, uma confiança em um Pai que pode nos ajudar a viver melhor.
Por outro lado, embora existam situações que de um ponto de vista objetivo não são moralmente aceitáveis, a mesma caridade pastoral exige que não tratemos simplesmente como "pecadores" outras pessoas cuja culpa ou responsabilidade pode ser atenuada por vários fatores que influenciam a imputabilidade subjetiva”.
E encerra esclarecendo que “não é conveniente que uma Diocese, uma Conferência Episcopal ou qualquer outra estrutura eclesial habilite constante e oficialmente procedimentos ou ritos para todo tipo de questão, pois tudo que faz parte de um discernimento prático diante de uma situação particular não pode ser elevado ao nível de norma", porque isso "daria lugar a uma casuística insuportável"”.
O Papa responde que “a Igreja é um "mistério de comunhão missionária", mas esta comunhão não é somente afetiva ou etérea, mas implica necessariamente uma participação real: não só a hierarquia, mas todo o Povo de Deus, em modos diversos e em diferentes níveis, pode fazer ouvir a própria voz e sentir-se parte do caminho da Igreja. Neste sentido, podemos dizer que a sinodalidade, como estilo e dinamismo, é uma dimensão essencial da vida da Igreja”.
Questionado sobre mulheres se tornarem sacerdotes na Igreja, citou São João Paulo II:
“Quando São João Paulo II ensinou que é preciso afirmar "de modo definitivo" a impossibilidade de conferir a ordenação sacerdotal às mulheres, de modo algum estava menosprezando as mulheres e conferindo um poder supremo aos homens”.
“Quando falamos do poder sacerdotal “estamos no âmbito da função, não da dignidade e da santidade”. Afirmou ainda claramente que, não obstante só o sacerdote presida a Eucaristia, as tarefas "não dão justificação à superioridade de uns sobre os outros".
Afirmou também que, se a função sacerdotal é "hierárquica", não deve ser compreendida como uma forma de domínio, mas “é totalmente ordenada à santidade dos membros de Cristo”.
Se isto não for compreendido e não forem tiradas as consequências práticas dessas distinções, "será difícil aceitar que o sacerdócio seja reservado só aos homens e não poderemos reconhecer os direitos das mulheres ou a necessidade de que elas participem, de vários modos, na condução da Igreja”.
Em tradução da Vatican News para a última pergunta, o Papa reforça que o confessionário não é uma alfândega.
“O arrependimento é necessário para a validade da absolvição sacramental e implica a intenção de não pecar. Mas aqui não há matemática e devo recordar mais uma vez que o confessionário não é uma alfândega.
Não somos os donos, mas humildes administradores dos Sacramentos que nutrem os fiéis, porque estes dons do Senhor, mais do que relíquias a conservar, são auxílio do Espírito Santo para a vida das pessoas.
Existem muitas maneiras de expressar arrependimento. Muitas vezes, nas pessoas que estão com a autoestima muito ferida, declararem-se culpadas é uma tortura cruel, mas só o ato de se aproximar da confissão é uma expressão simbólica de arrependimento e de busca da ajuda divina”.
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Fonte: Vatican News
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