Um santuário mariano dedicado aos cristãos perseguidos foi inaugurado recentemente na Catedral de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em Astana, Cazaquistão.

O país da Ásia-Central tem um histórico de décadas de repressão religiosa, e o santuário, estabelecido com a bênção do arcebispo de Astana, Tomasz Peta, e apoiado pelo bispo auxiliar Athanasius Schneider, se junta a uma crescente rede internacional centrada no ícone de Nossa Senhora, Mãe dos Cristãos Perseguidos.

Na homilia na inauguração do santuário, ocorrida no dia 20 de junho, Dom Athanasius citou as palavras de são João Paulo II, quando visitou a cidade em 2001 e falou das “indizíveis provações” dos que sofreram “por não terem desejado renunciar à sua fé”.

Reprodução Imagem de Nossa Senhora, Mãe dos Cristãos Perseguidos

Lançada em 2018, essa iniciativa convida dioceses do mundo todo a receber um ícone pintado pela freira melquita libanesa Souraya Herro, inspirado na imagem tradicional da "Mãe da Ternura". O ícone tem a inscrição em aramaico "Mãe dos Perseguidos", ligando a Igreja moderna sofredora à língua dos judeus do tempo de Cristo.

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Cada santuário é inaugurado com a bênção episcopal e se torna um lar espiritual para oração e solidariedade com os cristãos que enfrentam violência, discriminação ou exílio no mundo todo.

Um gigante asiático

O Cazaquistão é um país territorialmente vasto e pouco povoado, fazendo fronteira com a Rússia e a China. É o maior país sem costa marítima do mundo, e o nono maior do planeta. Tem um território de 2.724.900 quilômetros quadrados, e uma população de apenas cerca de 19 milhões de habitantes.

Cerca de 70% da população é muçulmana. Os cristãos, na maioria ortodoxos russos, são cerca de 26%. Os católicos são uma pequena minoria, mas mantêm uma presença ativa por meio de escolas, paróquias e ações de caridade.

A nação fez parte da extinta União Soviética, e abrigou o sistema Gulag, prisões políticas do regime soviético. Muitos clérigos, freiras e fiéis leigos acabaram presos nos gulags por se oporem às políticas soviéticas, dando ao Cazaquistão um simbolismo importante com a inauguração deste santuário.

A partir da década de 1930, grupos étnicos inteiros foram realocados à força para o Cazaquistão, como alemães, poloneses, ucranianos e bálticos, muitos deles católicos ou ortodoxos. A prática religiosa foi criminalizada. As igrejas foram fechadas ou readaptadas, e os sacramentos passaram a ser celebrados em segredo.

Com o fim da União Soviética, desde 1991 o Cazaquistão passou a ser uma nação independente, e reconheceu oficialmente a liberdade religiosa. Na prática, porém, essa liberdade permanece rigorosamente regulamentada.

O ícone de Nossa Senhora, Mãe dos Cristãos Perseguidos, já foi instalado em cinco cidades do ocidente: Nova York, EUA; Londres, Reino Unido; Estocolmo, Suécia; Clinton, Massachusetts, e Lander, Wyoming, ambas nos EUA.

Três novos santuários estão em desenvolvimento visando a formação de uma cadeia de intercessão global que conecte dioceses em todos os continentes por meio de uma única imagem e uma única intenção: oração pelos perseguidos.

No Cazaquistão, onde a fé sobreviveu ao silêncio e ao exílio, a instalação do ícone restaura uma memória que por décadas ficou relegada às sombras da clandestinidade.

Ela homenageia os que permaneceram fiéis diante da repressão e estende o cuidado da Igreja aos que ainda arcam com o custo de serem discípulos de Cristo, muitas vezes na obscuridade, mas não mais sozinhos.

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Fonte: ACI Digital