Morreu ontem, 01, dia de Santo Afonso, em Garanhuns (PE), o padre Gabriel Hofstede, missionário da Vice-Província de Recife. Vindo da Holanda, viveu mais de 60 anos dedicando-se aos pobres e anunciando a Copiosa Redenção.
Padre Gabriel foi criado missionário em um período de grandes transformações no Brasil. Amigo de Dom Helder e outras personalidades dessa mesma época, foi, junto com eles, artífice da paz e da justiça.
Padre Gabriel Hofstede nasceu no dia 09 de abril de 1933, na Holanda. Chegou ao Brasil como jovem seminarista em 1955, para estudar Teologia em Juiz de Fora (MG), e ser ordenado sacerdote, no dia 02 de fevereiro de 1959. Depois retornou à Europa para estudar Teologia Moral, em Roma, de 1962 a 1965, período em que ocorria o Concílio Vaticano II.
Dessa época, ele lembrava a emoção ao ver a longa fila de bispos do mundo todo, que entravam na Basílica de São Pedro. Para padre Gabriel, o Concílio Vaticano II “deu uma palavra para todos que creem em Cristo”.
O missionário, que já tinha suas raízes fincadas em terras brasileiras, retornou ao Brasil em 1965 e trabalhou em Campina Grande e Monteiro, na Paraíba, e depois em Afogados da Ingazeira, Recife e Garanhuns, em Pernambuco. Por vários anos, exerceu a função de superior vice-provincial. Percorreu um longo itinerário de vida, servindo a Deus na pessoa dos irmãos mais pobres. Amigo de todos, sempre com um sorriso acolhedor, deu testemunho da alegria do Evangelho.
Da relação com Dom Helder Câmara, padre Gabriel recorda a intimidade que possuía com ele, ao ser sempre chamado de “meu provincial”.
“Por conta dos contatos frequentes entre mim e dom Helder, este se dirigia a mim como ‘meu provincial’. Quando eu lhe pedia alguma coisa, ele sempre respondia: ‘você não pede, você manda, afinal você é meu provincial’”, citava.
A luta de Padre Gabriel em benefício dos pobres ganhava um rosto bastante expressivo na celebração do Grito do Excluídos. Sobre este movimento, ele escreve sobre a importância de sempre fazer caridade, mas que ela, em si, não promove as mudanças necessárias:
“Devemos apoiar e estimular as políticas públicas, que criam condições melhores de vida para todos. Lutemos para que as riquezas desta terra sejam desfrutadas por todos os brasileiros, e que tenha fim essa desigualdade social”.
Estas memórias do padre Gabriel estão em seu livro "Histórias que eu conto aos 80", que traz 80 contos, alguns engraçados, outros tristes e muitos que mostram a riqueza que foi seu ministério entre nós.
Padre Gabriel, já enfermo com problemas cardíacos, foi até a Holanda, mas desejou retornar para viver seus últimos dias junto daqueles com quem ele viveu toda a sua vida missionária.
Nesse momento, a Palavra de Jesus nos conforta e consola: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crer em mim ainda que tenha morrido, viverá”. (Jo 11,25-26)
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