Padre Noé Sotillo, um "gigante" na construção de Aparecida

Padre Noé Sotillo é uma figura importante na história do Santuário Nacional de Aparecida.

Ele esteve à frente da administração do Santuário entre os anos de 1967 e 1989, período em que a obra da Casa da Mãe Aparecida alcançava a  grande Cúpula e a Passarela da Fé.

Podemos dizer que padre Noé Sotillo se fez um "gigante" para dar conta de uma obra do porte do Santuário de Aparecida. Durante mais de duas décadas, ele "respirou" o dia a dia da construção e fez mudanças significativas. Ele criou toda a estrutura administrativa e deu nova vida e novo ritmo à obra do grande santuário.

Um comunicado da província, emitido quatro dias depois de sua morte, em 23 de setembro de 1996, fala do esforço do missionário nesse período de sua vida. 

"Creio que, por justiça, se deve reconhecer que, se hoje existe o grande santuário, em grandíssima parte se deve à capacidade e ao trabalho do Pe. Sotillo". 

A grande obra da Cúpula Central teve início dois anos antes dele assumir como administrador. Contudo, a obra se estendeu até 1970. A montagem da Cúpula Central foi a mais complexa, pois exigiu uma engenharia especial. Esta obra durou 48 anos; o que entendemos desde a sua estrutura até o revestimento interno. O que sentiria padre Noé ao olhar pra cima e agora ver a beleza dos mosaicos venezianos! 

CDM / Santuário Nacional

Construção da Cúpula em 1969

A obra da Passarela da Fé foi iniciada durante a sua administração em 1969 e inaugurada no dia 19 de dezembro de 1971. Ela facilitou o acesso dos peregrinos no trajeto entre as duas basílicas e se tornou um símbolo da fé do devoto de Aparecida por ser o lugar onde muitos cumprem suas promessas ajoelhados.

Padre Noé também cuidou da acolhida do romeiro. Construiu toda a infraestrutura para atendimento que hoje causa admiração a todos os que visitam o Santuário de Aparecida. Na década de 1970, fez surgir ainda a Capela das Velas. 

"Ninguém pode imaginar quanto trabalho, quanta preocupação e quanto sofrimento ele teve de enfrentar, sempre guiado por uma grande fé, um grande amor a Nossa Senhora e uma energia de gigante", diz o comunicado provincial. 

Na época do padre Noé Sotillo, o Santuário já acolhia mais de três milhões de romeiros. 

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Depois do Santuário, o padre Noé partiu para outras frentes de atuação na província, até que, em dezembro de 1995, começa o seu calvário por causa de um tumor no pâncreas. A doença, que veio sem aviso, dava ao missionário de seis meses a dois anos de vida. 

Nesse tempo em que lutava pela sua saúde, celebrava a santa missa e rezava muito. Estava sempre com o terço nas mãos e ainda conseguiu fazer várias visitas ao Santuário de Aparecida. 

Da sua personalidade, todos conheciam seu jeito meio brusco, mas também seu grande coração.

"O coração do Pe. Sotillo era de uma bondade e de uma caridade muito grandes. Isso Ele não conseguia esconder sob seus modos enérgicos e diretos: no fim, sempre transparecia seu 'coração de ouro'. Era alguém que não guardava rancores, que sabia perdoar e sabia também reconhecer e pedir perdão. Sempre disposto a ajudar os confrades e outras pessoas, mesmo quando recebia ingratidão", assinala o comunicado provincial. 

O seu encontro definitivo com Deus aconteceu no dia 23 de setembro de 1996, por volta das 18 horas, em Pouso Alegre (MG), depois de ter sido hospitalizado após o agravamento repentino de seu estado de saúde.

Padre Noé Sotillo partiu desta vida deixando saudades, o exemplo de sacerdote dedicado e fiel, de alguém que amou profundamente a Mãe Aparecida e seguiu com paixão o seu fundador, Santo Afonso. 

Padre Noé Sotillo em 1974 no Santuário de Aparecida. Foto: CDM Santuário Nacional

Fonte: Aqueles que nos precederam, Província de São Paulo.