Padre Redentorista fala sobre realidade da pandemia em Manaus

A pandemia de Covid-19 levou o sistema de saúde de Manaus ao colapso. No dia 21, devido ao aumento repentino dos sepultamentos, corpos foram enterrados em valas comuns. Foram registrados até o momento 193 mortes e mais de 2 mil casos em todo o Estado do Amazonas.

Em meio a essa realidade de sofrimento e insegurança, os redentoristas mantêm na capital o Santuário Nossa Senhora Aparecida, onde também está a sede da Vice-Província. Por telefone, conversamos com o padre Amarildo Luciano que é o superior vice-provincial. Ele falou sobre a realidade que enfrentam.

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Padre Amarildo em celebração no Santuário em Manaus, antes da pandemia.

“Manaus foi uma das primeiras capitais ou grandes cidades a ter o seu sistema colapsado. As consequências são bastantes visíveis e o povo está sofrendo porque não tem acesso ao sistema de saúde e aos testes. Muita gente está morrendo em casa e não está sendo notificado com a Covid-19. Obviamente, não temos como confirmar se de fato foi por esta esta doença, mas está um caos generalizado em Manaus. É uma situação bastante crítica”, conta o vice-provincial.

Sem poder fazer o teste, muitas pessoas estão voltando para suas casas e ficando como que “abandonadas”, disse padre Amarildo. “Estamos vivendo um clima de bastante insegurança e instabilidade e a gente parece que já não consegue lidar com esta doença”, completa.

O vice-provincial detalha a realidade onde alguns religiosos apresentam sintomas e o que a comunidade tem feito para a comunidade carente. 

“Três dos nossos missionários estão com sintomas e encontram-se isolados. Dois deles conseguiram fazer exame com muita dificuldade e aguardam o resultado. Os religiosos mais idosos nós conseguimos isolar em um sítio. Temos ainda uma grande preocupação com os seminaristas que estão sob os nossos cuidados, mas nós estamos fazendo tudo o que nos orientam os organismos de saúde. Estamos muito apreensivos também, mas não nos desesperamos e nem perdemos a fé em nenhum momento. Pelo contrário, estamos todos os dias trabalhando”, esclarece.

Com o isolamento social, os religiosos estão utilizando os meios de comunicação disponíveis para manter contato com os fiéis. Entre as ações, a transmissão de missas e orações, ao vivo, na página do santuário em uma rede social e ainda duas horas de programação numa rádio, onde podem transmitir "mensagens de esperança e fé".

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Santuário Arquidiocesano Nossa Senhora Aparecida em Manaus.

Além do alimento espiritual, a igreja realizou um cadastro de pessoas e famílias em situação de fome que irão receber já nesta semana uma cesta básica. O cuidado com essas ações também é levado em consideração pela comunidade já que tudo acaba resultando em aglomeração de pessoas.

Leia MaisPapa: Que o silêncio do tempo atual nos ensine a ouvirArquidiocese disponibiliza canal de escuta solidária quem sente o peso da quarentenaA importância da dimensão espiritual da empatia“Temos cuidado com as ações porque qualquer uma que fazemos gera aglomeração e é uma situação que nunca tínhamos vivido e não sabemos como enfrentar”, esclarece padre Amarildo.

Por fim, o missionário deixa um apelo diante da realidade em que vive atualmente:

“Não se deixem levar pela indiferença, ou seja, enquanto está longe da gente assistimos despreocupadamente. Esta não pode ser a atitude de ninguém. Porque isto se aproxima de nós sem que nós percebamos. Se coloquem na situação das pessoas, pensando que cada um tem que agir pensando em si e no próximo, não devemos pensar isoladamente. Nós não vivemos sozinhos e as nossas ações e comportamento influenciam na vida do outro. Não se deixe levar pela indiferença, mas tenha empatia e pense nas consequências das ações e leve em conta o sofrimento das pessoas que já perderam familiares ou estão doentes”.

Para acessar a página do Santuário visite facebook.com/aparecida.manaus

A paróquia tem apoiado a Arquidiocese de Manaus, por meio da Cáritas Arquidiocesana, e outras instituições, a Campanha Solidária Puxirum Manauara, para quem está em situação de rua, em grande vulnerabilidade neste período de pandemia.

:: Para saber como ajudar a campanha confira aqui