Por Pe. Carlos Alberto Pereira, C.Ss.R. Em Palavra Redentorista Atualizada em 04 MAI 2020 - 12H24

Como ser missionário sem sair de casa?

Para responder à questão acima, será importante compreender o impacto da COVID-19 no mundo, que impôs um ritmo diferente às Instituições, entre elas a Igreja Católica.

É um impacto sobre a forma das relações sociais, sobre a economia, sobre a religião, o modo como lidamos com a vida. Será algo marcado em nossa memória; não sendo fácil de ser esquecido.

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Ao final de 2019, quando as primeiras informações nos davam conta de um vírus surgido na China, que
se alastrava de forma rápida, infectando uma grande parcela da população da cidade de Wuhan, não houve uma grande preocupação. Alguns países reagiram de forma lenta, quando os primeiros casos surgiram. Entretanto, a cidade de Wuhan, com suas lideranças políticas e de saúde, diante do alastramento do vírus e do número de mortes que aumentava, logo tomou a decisão por fechar as fronteiras e decretar o isolamento social, como medida de combate ao vírus.

Em alguns países, como Itália e Espanha, quando surgiram os primeiros casos de infecção, os governos demoraram para a tomada de medidas de enfrentamento da doença e, de forma tardia, decretaram a quarentena e o isolamento social. O sistema de saúde estava já entrando em colapso, o número de infectados já estava alto e os óbitos aumentavam a cada dia.

Leia MaisA importância da dimensão espiritual da empatiaA fé que nos encorajaOração de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro pelo fim da Covid-19Oração para rezar durante a pandemia do CoronavírusCom o isolamento social e a medida da quarentena, houve uma melhora no quadro e, aos poucos, as notícias foram se tornando esperançosas. Falei apenas de Espanha e Itália, as primeiras a sentirem o drama da COVID-19, mas o noticiário já trazia em larga escala informações preocupantes sobre o problema enfrentado por vários outros países.

No Brasil, os primeiros casos surgiram em finais de janeiro, trazendo grande preocupação para as lideranças políticas, que buscaram medidas para o enfrentamento. A tomada de decisão por decretar a quarentena, pelo isolamento social, foi uma forma mais segura de lidar com o momento da pandemia. Quanto mais gente ficar em casa, mais dificuldade terá o vírus de se alastrar, de infectar a população. E, assim, o sistema de saúde teria mais tempo para se preparar.

Segundo as autoridades competentes, o ideal seria conseguir que 70% da população ficasse em casa. Assim, o Estado e Municípios, teriam mais tempo para se preparar para o pico da doença. Conclui-se, com isso, que o melhor remédio para o momento atual é ficar em casa.

O quadro do isolamento social impôs um ritmo que afetou vários setoresA Igreja Católica, com as diversas Dioceses e Paróquias espalhadas pelo território brasileiro, buscou alternativas para a Evangelização de seus fiéis. Com as Igrejas fechadas, não podendo ter missas presenciais, para evitar aglomerações, as Paróquias, com suas Pastorais de Comunicação, tendo como preocupação a Evangelização, estão trabalhando com afinco à busca de alternativas de comunicação com seus fiéis para mantê-los firmes na fé. Elas estão investindo em celebrações de missas, como também outros programas devocionais, com transmissão por redes sociais, como outros tipos de devocionais para ajudar o povo a cultivar sua fé.

Em Aparecida, o Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, por meio da Rede Aparecida de Comunicação (TV e Rádio Aparecida, bem como o A12), estão usando o recurso das redes sociais e investindo nessa forma de comunicação.

De forma muito rápida e com grande criatividade e competência, a TV Aparecida tem sido alento para os fiéis que estão vivendo este tempo difícil do isolamento. Chama a atenção o nível de audiência alcançado pela TV Aparecida em duas programações, a transmissão da missa e a Central da Esperança.

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Se o
tempo é de sofrimento, de saudade da Comunidade, da Igreja onde celebramos nossa fé, as transmissões têm alimentado a esperança de que tudo passará e sairemos fortalecidos como pessoas humanas.

E agora, chegamos à nossa questão: como ser missionário sem sair de casa?

Estando em casa, é possível ser missionário anunciador da esperança, divulgador das coisas boas que estão acontecendo. Em casa, vivo conectado com o mundo, com minha família, com os amigos mais próximos ou com aqueles virtuais nas redes sociais que tenho. A Mídia Social facilita o intercâmbio cultural, social, religioso, possibilita semear palavras que ajudam a viver este tempo com paciência; sustenta a caminhada de fé; promove a partilha de emoções e aguça o valor da vida, do encontro em família, da sensibilidade social. Aliás, podemos dizer que a palavra mais falada nestes tempos tem sido “Solidariedade”, pois muitas famílias estão vivendo dificuldades pela falta de alimento. E, em muitos lugares e com grande criatividade, o povo está se unindo para que ninguém passe fome.

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Em casa,
sou Igreja Doméstica e celebro a minha fé no Ressuscitado! Se não posso ir ao encontro das pessoas que fazem parte de minhas relações sociais, por meio da internet posso encontrar cada um e levar uma palavra de esperança. Por meio desse importante meio, posso criar rede de comunhão e solidariedade, chamando a atenção para as famílias que estão passando necessidade.

Também, em casa posso aproveitar o tempo para rezar, para ler e estudar. Em casa, como essa Igreja Doméstica, com a família, posso celebrar ao redor da Palavra de Deus, sempre alimentando a vida de fé com a esperança de dias melhores.

Na cidade de Catas Altas da Noruega (MG), padre Luiz Antônio dos Reis, pároco da Paróquia de São Gonçalo do Amarante, partilhou que os fiéis de sua paróquia, após a realização das Santas Missões Redentoristas se mantiveram perseverantes na celebração familiar, utilizando o livro 'Perseverando na Missão'. Quando estavam realizando o último encontro desse livro, houve o decreto da Quarentena. Ele diz que o tempo das Santas Missões ajudou a criar o costume de rezar em família e que isso foi fundamental para manter as famílias em casa, celebrando a fé, buscando a serenidade neste tempo de isolamento.

Fortalecidos na fé, com a oração constante ao redor da Palavra de Deus, na partilha com aqueles que são próximos, os meus familiares, mas sempre na sensibilidade com aqueles que estão distantes, tendo preocupação com os mais vulneráveis, aguçamos o "ser missionário", que é nossa identidade de pessoas cristãs.

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