“Encíclica Verde” potencializa ações sustentáveis do Santuário

Para acolher os mais de 12 milhões de peregrinos que anualmente visitam o Santuário Nacional de Aparecida (SP), a estrutura do complexo de acolhida realiza, há décadas, ações que visam uma operação mais sustentável e com baixo impacto ambiental.

Com o lançamento da Encíclica Laudato Si, escrita pelo Papa Francisco em 2015, a Basílica da Padroeira do Brasil se empenhou ainda mais na preservação do meio ambiente. O documento, chamado de “Encíclica Verde”, propõe ações de cuidado com a natureza, chamada pelo pontífice de “Casa Comum”.

“A partir de 2016 iniciamos ações junto ao município de Aparecida, como a adoção de algumas áreas verdes. Também passamos a ter ações diárias referentes à redução a quase zero do consumo de copos plásticos e redução de energia elétrica”, esclarece o gestor de Áreas Verdes do Santuário Nacional, Washington Agueda.

Eficiência energética - A tecnologia é aliada neste processo. No Campanário da Basílica, por exemplo, os 13 sinos automatizados não utilizam motores tradicionais, mas são movidos por um sistema ainda único no Brasil.

“Os motores que foram utilizados não são motores convencionais, utilizamos um motor eletromagnético. Possui durabilidade imensa e baixo consumo de energia, cerca de um sexto de um motor convencional”, detalha o programador dos sinos da Basílica, Manoel Cosme, conhecido como Manoel dos Sinos.

Muro verde - O sistema faz com que o som do badalar ultrapasse os muros do Santuário Nacional, que desde 2017 são muros verdes. A estrutura de cinco quilômetros de extensão foi totalmente coberta intencionalmente por vegetação, cuidada pela equipe da própria Basílica. Além de melhorar o aspecto visual, a iniciativa contribuiu para a redução da poluição em seu entorno, já que as plantas conseguem reter grande quantidade de poeira e fuligem que ficam suspensas na atmosfera.

Impacto social - Além dos ganhos ambientais, o cuidado com a natureza impacta diretamente o processo de recuperação de dependentes de drogas e álcool assistidos pela Fazenda Esperança de Guaratinguetá (SP). Os uniformes descartados pelos funcionários do Santuário são doados para a Fazenda. A instituição prepara as peças e as transforma em forro para almofadas, que depois são vendidas. A arrecadação do produto é revertida no tratamento dos internos.

Iniciativas sustentáveis - Outras ações de sustentabilidade ainda são realizadas pelo Santuário. Entre elas, o tratamento de caixas de gordura e coleta de óleo usados em parceria com os restaurantes do Centro de Apoio ao Romeiro; transplante de árvores adultas relocando em áreas mais adequadas; e o descarte correto de alguns materiais recicláveis, como lâmpadas, considerando que por ano o Santuário descarta em torno de sete mil lâmpadas.

Parceria ambiental – Também na esteira da preservação, desde 2016 o Santuário Nacional e a SOS Mata Atlântica possuem uma parceria para a restauração de uma área de 272 hectares, o equivalente a 300 campos de futebol. Desde o começo da mútua cooperação, 524 mil árvores foram plantadas em duas cidades do Vale do Paraíba. Cerca de 100 mil mudas foram plantadas em Taubaté (SP). Outras 430 mil na Fazenda Santana, localizada próximo à Rodovia Presidente Dutra, em Aparecida.

“A gente vem trabalhando um processo que chamamos de restauração florestal de áreas degradadas. É uma área bem grande onde havia uma pastagem bem degradada e agora está sendo convertida em uma área de Mata Atlântica, como era originalmente”, explica o gerente de Restauração Florestal da SOS Mata Atlântica, Rafael Bitante Fernandes.

Além do reflorestamento, a parceria também contempla outras ações. Entre elas, projetos de educação ambiental com jovens, ações de sensibilização e engajamento da sociedade pela conservação da Mata Atlântica.