O Santuário Nacional acolheu neste sábado, 1º de novembro, a 29ª Romaria das Comunidades Negras, organizada pela Pastoral Afro-Brasileira, na Missa em que foi celebrada a Solenidade de Todos os Santos.
O tema deste ano, “Mãe Negra Aparecida, a esperança que não decepciona”, reuniu romeiros de diversas regiões do Brasil para um encontro marcado por fé, cultura e compromisso com a dignidade da vida.
Em entrevista exclusiva ao A12, o Bispo de Petrolina (PE), Dom Antônio Carlos Cruz Santos, presidiu a celebração e falou sobre sua primeira participação na romaria:
“É uma alegria poder vir, mas também uma responsabilidade. Faço parte do grupo de Padres e Bispos negros e, neste ano, consegui conciliar a agenda para celebrar com meus irmãos. Estar aqui é um sinal de comunhão e gratidão”, afirmou o bispo.
Dom Antônio também destacou a história da Pastoral Afro-Brasileira, que nasceu na década de 1980, inspirada pelo centenário da abolição da escravidão e pela sensibilidade da Igreja às diversas culturas.
“Nossa Senhora Aparecida é um sinal de Deus que se manifesta no rosto dos simples, dos sofredores. A imagem negra da Mãe nos interpela a olhar o rosto de Deus nos que mais sofrem.”
Ao A12, Vera Lopes, coordenadora estadual da Pastoral Afro-Brasileira no Regional Sul e articuladora nacional, contou que a Romaria marca no Santuário Nacional o início do mês da consciência negra com um forte sentido espiritual e comunitário.
“Abrir o mês de novembro com essa Romaria é reviver toda a luta antirracista. É um espaço de encontro, abraço e fé. Quem vive essa experiência sabe o quanto ela alimenta a alma. Com a Mãe Aparecida, tudo ganha sabor de felicidade”, disse Vera.
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A Missa foi presidida por Dom Antônio Carlos Cruz Santos e concelebrada por Dom Eduardo Vieira, Bispo diocesano de Ourinhos (SP), Pe. Carlos Vítor Pinheiro da Cruz, C.Ss.R., Pe. Guanair Santos, Arquidiocese de Juiz de Fora (MG) e representante do Instituto Mariama, associação de Bispos, Presbíteros e Diáconos negros do Brasil, Pe. José Ennes, da Arquidiocese de São Paulo e secretário da Pastoral Afro-Brasileira, demais padres das arquidioceses de Niterói (RJ), Rio de Janeiro (RJ), Limeira (SP), Feira de Santana (BA) e fiéis presentes.
Durante a homilia, Dom Antônio destacou a conexão entre a Solenidade de Todos os Santos e a espiritualidade negra.
“Somos convidados a reconhecer os santos do cotidiano, aqueles que vivem perto de nós e refletem a presença de Deus. Na resistência do povo negro, o Espírito de Deus sempre se manifestou.”
O Bispo relacionou a luta por dignidade com o chamado à santidade:
“Santidade é lutar contra toda forma de escravidão, porque foi pela liberdade que Cristo nos libertou. Crescer na consciência negra é crescer também na santidade.”
Ao refletir sobre o Evangelho das Bem-aventuranças (Mt 5,1-12a), Dom Antônio recordou que o amor deve ser o centro da vida cristã.
“O amor é inegociável. Não podemos enfrentar o mal com o mal, o ódio com o ódio. Somos chamados à não-violência ativa, à força transformadora do amor.”
Em um momento marcante, o Bispo recordou as tragédias recentes no Rio de Janeiro, unindo a dor do povo à missão da Igreja.
“A história dos pobres se confunde com a dos negros. A morte de qualquer ser humano nos diminui, porque somos todos irmãos no Senhor. A fraternidade é inegociável.”
Dom Antônio concluiu a homilia lembrando a presença de Maria nas manifestações do continente:
“Nossa Senhora apareceu com o rosto dos povos oprimidos. Em Guadalupe, com traços indígenas; em Aparecida, com o rosto negro da esperança. Ela nos ensina a olhar para os pobres e reconhecer neles o rosto de Cristo.”
A celebração, que contou com cânticos e danças que expressaram a alegria do povo negro, mostrou em cada gesto, o testemunho de quem acredita que a fé é força de resistência e que, como pede o Jubileu 2025: “a esperança, como Maria, nunca decepciona.”
arrow_forward Como exercício deste mês de novembro, a pedido de Dom Antônio, reze a “Oração a Mariama”, escrita por Dom Helder Câmara para a missa dos quilombos, em 1981.
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