O Santuário Nacional de Aparecida divulgou a 10ª Carta em defesa da infância e adolescência no Brasil, reafirmando a importância de combater o trabalho infantil, garantir acesso à educação e proteger integralmente todas as crianças e adolescentes, com atenção especial aos mais vulneráveis.
O documento reúne dados sobre a exploração infantil e reforça o papel das instituições e da sociedade na proteção dos direitos da criança e do adolescente.
10a. CARTA DE APARECIDA PELA ABOLIÇÃO DO TRABALHO INFANTIL, PELO ACESSO À EDUCAÇÃO E PELA PROTEÇÃO INTEGRAL E PRIORITÁRIA DE TODAS AS CRIANÇAS E ADOLESCENTES DO BRASIL
Queridos irmãos e irmãs, devotos de Nossa Senhora Aparecida,
Neste dia em que o Brasil se curva em amor e fé à sua Padroeira, Nossa Senhora da Conceição Aparecida, nossos corações se enchem de esperança. Olhamos para a pequena imagem de terracota, encontrada por pescadores no Rio Paraíba do Sul, e vemos nela um símbolo de fragilidade que se transforma em força, a mãe negra que ilumina nossa história.
É sob esse olhar da Mãe, que acolhe e protege, que somos chamados a voltar nossa atenção para as infâncias e adolescências do Brasil. Não podemos mais ignorar a chaga que rouba os sonhos e a vida de milhares de meninos e meninas: o trabalho infantil, a exploração e o abuso sexual. A história da nossa Padroeira nos ensina que a dignidade humana deve ser pescada das profundezas da indiferença. E a dignidade de nossas crianças e adolescentes está sendo afogada.
A luta contra a exploração infantil deve ter a coragem de olhar para a realidade. No Brasil, a vulnerabilidade tem cor e um peso histórico. Meninos e meninas negros são desproporcionalmente as maiores vítimas do trabalho infantil e das diversas formas de violência e exploração. Em 2024, um milhão e seiscentas mil crianças e adolescentes estavam em situação de trabalho infantil no Brasil. Desses, 66% são negros. Quando se trata de trabalho infantil em suas piores formas, como o trabalho doméstico, o índice é de 73,5%, sendo mais de 94% meninas negras. As raízes da desigualdade também se assentam no racismo, que deve ser combatido. Crianças e adolescentes negros, vindos de famílias que enfrentam o racismo estrutural e a pobreza, são mais facilmente empurrados para o trabalho degradante. São eles os que têm a infância mais breve e os que, infelizmente, estão mais expostos à violência sexual, silenciados por um sistema que falha em protegê-los.
Ao venerarmos nossa Mãe Negra, símbolo de acolhimento e resistência, não fechemos os olhos para a exploração que recai de forma mais cruel sobre os corpos e almas de nossas crianças negras. Essa desigualdade clama por nossa ação imediata. A fé em Nossa Senhora Aparecida não é apenas contemplação, é ação! É o compromisso de cada um de nós de ser um “pescador de dignidade”, resgatando a infância das águas turvas da exploração.
Pelo décimo ano consecutivo, a Justiça do Trabalho, o Ministério Público do Trabalho e o Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil, unidos à Basílica de Nossa Senhora da Conceição Aparecida e a outros órgãos e entidades parceiros, juntam-se neste grito pelas infâncias e adolescências do Brasil. Os Juizados Especiais da Infância e Adolescência (JEIAs) do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região seguem lutando pela aplicação da Lei de Aprendizagem, onde empresas e instituições atuam rompendo os ciclos de pobreza, propiciando a primeira experiência qualificada do jovem no mercado de trabalho.
Como afirmou o Papa Francisco (9.1.25): “Quem explora crianças terá que prestar contas a Deus”.
Assim, todas as instituições, governos, escolas e empresas devem priorizar investimentos em educação acessível e de qualidade para nossas crianças e adolescentes. Cada um de nós deve ser vigilante e denunciar o trabalho infantil e o abuso, pois o silêncio é a maior arma dos exploradores. O Disque 100 e o Disque 180 são ferramentas vitais para proteger quem não pode se defender.
Que diante de Nossa Senhora Aparecida, a Mãe que nos foi dada incompleta e que se completou na fé do povo, assumamos o compromisso de nos completar como sociedade. Que nossa união, nossa “rede”, seja forte o suficiente para puxar todas as nossas crianças, independentemente da cor da pele, para um futuro de luz e proteção. Que a Mãe Aparecida nos abençoe, nos inspire e nos dê coragem para lutar por uma infância livre, justa e feliz para todas as crianças do Brasil.
Aparecida (SP), 12 de outubro de 2025
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