Espiritualidade

Uma reflexão sobre corrupção

João Antonio Johas Leão (Arquivo pessoal)

Escrito por João Antônio Johas Leão

06 DEZ 2021 - 08H00 (Atualizada em 06 DEZ 2021 - 08H35)

O Brasil é realmente um país abençoado e todos os que temos o privilégio de viver aqui experimentamos isso de alguma forma. Seja por suas belezas naturais ou pelas características de seu povo, sabemos do potencial do Brasil. Mas, também é difícil fechar os olhos para a grande mazela da corrupção, que percebemos em diversos lugares. Na política, evidentemente, também no cotidiano, nos pequenos assaltos, no querer levar vantagem e, sejamos sinceros, uma corrupção interior, que atinge cada um de nós e que, talvez, seja a raiz de todas as demais.

Poderíamos gastar muitas linhas de texto para apontar o indicador a todas aquelas realidades corrompidas que vemos com o ato de simplesmente ligar a televisão. Mas, sinceramente, não acho que vale a pena nesse espaço tão curto. Vale muito mais fazer um esforço pessoal de olhar para o interior de cada um e perceber que, lá dentro, acontece algo muito semelhante com o que acontece a nível macro com o Brasil.

Como assim? Sabemos que somos boas criaturas. Deus nos criou e viu que éramos muito bons. E, ao mesmo tempo que descobrimos vários dons e talentos, sumamente positivos, percebemos (se somos sinceros) que no nosso coração mora também um gérmen de corrupção.

Corrupção vem do latim corrupta, que por sua vez é uma junção de palavras cor (coração) e rupta (quebra, rompimento). É bonita essa origem, porque a origem da corrupção, como nos foi revelado no livro do Gênesis é, justamente, um coração, ou seja, a realidade mais íntima da pessoa, que rompe com Aquele que é a própria vida, ou seja, Deus mesmo. Conhecemos esse movimento como pecado original e, é a partir dele, que os cristãos entendem toda a classe de corrupção que apareceu depois no mundo. Seja a corrupção mais escandalosa ou aquela mais silenciosa, ambas possuem sua origem no coração que rompeu sua ligação com o Senhor.

E que diferença faz entender isso? Por um lado, nos escandalizaremos menos com todas as manifestações corruptas já que conhecemos sua origem. Se sabemos que o homem, sendo bom por natureza, deixou-se corromper pelo pecado, não nos assustaremos tanto com tanta corrupção. Por outro lado, dar o peso que deve ser dado ao pecado original nos leva a perceber que a solução para toda corrupção está, em última análise, na reconciliação que o Senhor Jesus veio trazer. É no acolhimento do dom que Deus nos fez em Jesus que os corações vão, pouco a pouco, sendo reconciliados. Todas as outras alternativas são, em maior ou menor medida, insuficientes.

Leia MaisComo não cair em momentos difíceis da vida?E isso é um pouco preocupante porque o que vemos, em geral, é que Jesus parece estar sendo cada vez mais esquecido. Ele até é tido como um bom homem, alguém que fez e falou coisas boas, mas não como alguém que tem algo para dizer com relação à corrupção ou os males que assolam o mundo.

No fundo, se esquecemos que Jesus, além de homem verdadeiro, é também Deus verdadeiro, como o professamos no Credo, perdemos a única forma de realmente reconciliar o coração do homem e de combater de verdade a raiz do problema da corrupção.

É por isso que cada cristão está chamado a ser responsável com o dom que recebeu. Ter sido batizado e fazer parte dessa família de Deus é um grande dom e também uma grande responsabilidade. Um cristão não é a resposta do mundo, mas ele conhece Aquele que O é e que disse de si mesmo: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”. O cristão reconhece essa verdade e, de alguma forma, busca que ela penetre no coração das pessoas e que eles sejam assim, reconciliados.

Jesus, em diálogo com seus discípulos, deixa claro que é de dentro do coração do homem que saem as impurezas, que podemos entender como corrupção. E é esse coração que Ele veio reconciliar, para que dele volte a sair todas as coisas boas e puras para as quais foi criado. Essa é a verdadeira mudança que o mundo precisa para acabar com a corrupção: uma mudança de corações.

Escrito por
João Antonio Johas Leão (Arquivo pessoal)
João Antônio Johas Leão

Licenciado em filosofia, mestre em direito e pedagogo em formação. Pós-graduado em antropologia cristã e entusiasta de pensar em que significa ser cristão hoje.

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