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Apresentação de Jesus e Bênção das velas.

Escrito por Pe. Antonio Clayton Sant’Anna, C.Ss.R.

27 JAN 2014 - 00H00 (Atualizada em 31 JAN 2022 - 09H25)

A Apresentação do Senhor na liturgia do dia 02 de fevereiro, acontece 40 dias após o Natal. É ponto culminante do Natal, pois mostra o horizonte final da Encarnação. Cristo foi apresentado no Templo de Jerusalém em cumprimento à lei dos primogênitos. “Javé disse a Moisés: consagra-me todo primogênito; as primícias de todo o seio entre os israelitas tanto dos homens como dos animais são minhas.Êxodo, 13,1-2. O evangelista Lucas relata o episódio em 2, 22-24. Maria vai cumprir a lei da consagração do primogênito e a da purificação da parturiente, exigida no livro do Levítico, cap. 12. Os comentários pastorais costumam ver nesse gesto um exemplo de cidadania.

Maria e José sujeitam-se humildemente às leis do seu povo. Ora, embora consciente de sua excepcional virgindade na concepção puríssima do Filho do Pai eterno, Maria não cumpre as leis propriamente para nos dar exemplos de cidadania. Isso ela o fez em tudo o que viveu. A mensagem da Palavra é mais profunda. A Virgem está aqui assumindo um serviço pessoal e único no significado bíblico desse ato, que focaliza a estreita união da mãe com a obra salvadora do Filho, no Projeto do Pai. Obedecendo às leis do seu povo associa-se ao Filho na sua missão libertadora de todos os povos como Luz das nações!

Na consagração, o rito previa o resgate do direito de primogenitura. O filho primogênito pertencia a Deus. Oferecendo o sacrifício legal, os pais readquiriam esse direito. Desse modo perpetuava-se a memória da libertação da escravidão no Egito. No Templo Maria fez a oferenda ritual. Virgem oferente do Filho Unigênito do Pai e primogênito na carne dela. Oferece o homem gerado em suas entranhas virginais e ao mesmo tempo Verbo eterno.

A apresentação pré-anuncia o sacrifício da vítima pascal do Calvário. Lá no passado Abraão, posto à prova por Deus, ia sacrificar Isaac seu filho único e o herdeiro das promessas do Senhor. Isaac foi poupado na hora crucial, Jesus não o seria. Oferecer é renunciar. Toma parte na cena bíblica de Lucas um antigo servidor do Templo: Simeão. Ele abraçou a criancinha, identificou nela o Messias tão esperado, louvou a Deus e parabenizou Maria e José. Mas, profetizou a renúncia: Este menino será sinal de contradição; queda para uns e salvação para outros. A espada de dor transpassaria o coração da mãe.

O Salvador, glória do povo eleito e luz dos povos iniciava seu caminho como “vítima santa e agradável a Deus”. Abraão e o jovem Isaac desceram do monte sem consumar o sacrifício da vida. Maria sai do Templo com o bebezinho no colo já prevendo o drama messiânico do Calvário, como uma espada em seu coração. A Apresentação começara a tingir de sangue o seu papel, indissociável do papel de seu Filho. Nisso ela é representante da comunidade cristã que somos nós. Ao benzer as velas, a Igreja nos convida a ir ao encontro de Cristo renovando a fé batismal.

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