Ver: Mt 2,1-12 (Epifania)
Acompanhando o calendário litúrgico, prolongamos a expectativa e as esperanças próprias do início de ano. Nosso olhar repousa ainda na serenidade do presépio, desejosos de perpetuar o clima tão gostoso do Natal, a sua alegria! A data já passou, sim; já o mistério continua o ano todo. Nem bem cessou a melodia “Adeus, ano velho...” dando boas vindas ao novo ano, ele já vai desfolhando dia por dia e, de modo inexorável, a sua folhinha, o tempo.
A nossa vida vai passando com o tempo. Somos e não somos donos dele! Não podemos parar seu curso, esquecê-lo ou fugir dele. E o discípulo-missionário de Jesus, cônscio da responsabilidade quanto à vida que passa, se pergunta: “O que posso fazer para ser feliz e tornar felizes as pessoas?”. O que está ao meu alcance para melhorar nossa vida na terra, pois Jesus veio para todos!
Celebrar a Epifania aprofunda o sentido do nascimento de Jesus
Jesus encarnou-se na história dos povos, não só do povo bíblico judeu. Como palavra grega, epifania significava, no vocabulário religioso antigo, a manifestação ou aparição benevolente da divindade. Por esta palavra, o Evangelho narra o fato da visita dos assim chamados reis magos a Jesus. A adoração dos magos ofertando presentes é o reconhecimento de Jesus como “Luz das Nações”.
A Igreja aprendeu a entender a salvação de Jesus como um fato de natureza universal. É o mundo inteiro e toda a história que se iluminam com sua vinda na carne! Cristo não veio só para o seu povo, veio para todos os povos. A Epifania encerra o ciclo do Natal na liturgia e no calendário cristão. Ensina-nos a viver a fé com espírito de abertura e acolhida a todos, procurando os caminhos da salvação de nosso Deus não na grandeza e no poder, mas no esforço, na luta, na procura da verdade, da justiça e da paz.
Crer em Jesus Cristo luz dos povos será sempre a estrela que brilha e guia nossos passos de peregrinos e os anseios da verdadeira cidadania. Leia: Mateus, 2, 1-12.
O que os chamados magos procuravam? Um rei messiânico, isto é, um salvador descendente da dinastia real de Davi, segundo os anúncios proféticos. Herodes não era judeu e estava no trono porque fora nomeado e protegido conforme interesses da política romana.
Os magos foram personagens misteriosos na literatura antiga. Nos evangelhos, só Mateus os menciona. Mas, a preocupação do texto não é com eles, suas funções e poderes, e sim com o que eles vieram fazer junto a Jesus, ainda em tenra idade, e por quê.
O modo como procuraram conhecer o Menino e dar-lhe seus presentes indica, no Evangelho, a coisa mais importante a fazer na vida. Eles eram pagãos, mas tinham um coração justo e bom. Homens sábios, interessados em astros e estrelas, pesquisavam antigas tradições e chegaram a ser uma casta sacerdotal. No Egito, na Síria e na Babilônia, judeus emigrados haviam levado consigo as esperanças proféticas de Isaías, ligadas à crença num Messias salvador para o povo judeu e todos os homens.
Mateus não nos diz de onde vieram exatamente. Chegaram do distante Oriente, por caminhos incertos e inseguros. Corajosos, ousaram até a apresentar-se na corte de Herodes, rei temido pela crueldade, indagando sobre outro “rei recém-nascido”. Descobriram a luz de uma nova estrela no céu, na qual viram um sinal esperançoso do nascimento dele, o Messias profetizado. Maior foi a inspiração da bondade acalentada em seu coração e, assim, chegaram até onde estava o Menino com Maria sua mãe. Souberam encontrá-lo apesar da ignorância de Herodes e dos temores das autoridades de Jerusalém. “Ajoelharam-se diante dele, e lhe prestaram homenagem. Depois, abriram seus cofres e ofereceram presentes ao menino: ouro, incenso e mirra” (v.11).
Interpretando a letra do Evangelho, a tradição cristã viu nos três presentes o número de pessoas e lhes deu um nome: Gaspar, Melchior e Baltasar. A intenção de Mateus parece ser mais teológica do que histórica. Ele recorre a vários textos proféticos anteriores para instruir os judeus convertidos no conhecimento exato de Jesus Cristo. Mesmo recusado por seus conterrâneos de Nazaré, condenado à morte pelas autoridades, rejeitado por todo o povo, Jesus era o verdadeiro Messias e Salvador “luz para todas as nações”. De todas elas, Ele formou um novo povo aliado de Deus através da Igreja e dos seus seguidores. Os três presentes: ouro, incenso e mirra, são uma referência de Mateus ao profeta Isaías 60, 6 (1ª leitura da missa).
O episódio, que inquietou tanto a Herodes e seus bajuladores, ao mesmo tempo nos mostra que o Evangelho é contrário ao exercício ambicioso e violento do poder. Em Jesus, o rei-pastor sucessor de Davi, projeta-se numa nova sociedade que liberta a pessoa não só da tirania e desgoverno político, mas de todas as opressões geradas na sua corrupção, como o domínio da lei do mercado e a imposição ideológica da grande mídia. Em Jesus, brilha a estrela da fraternidade, do amor e da paz para a convivência sadia, ética e feliz de todos os povos.
Deus se aniquilou no seu mistério eterno, revestindo-se de nossa carne, na vida de Jesus! A humilde e santa Virgem Maria foi se abrindo ao mistério divino e pautando cada decisão de sua vida, no ambiente simples dos serviços caseiros de esposa, mãe e dona de casa!
Tudo o que a Bíblia relata de Cristo nos leva a acha-lo oferecido em Maria, nas suas atitudes de silêncio, escuta e partilha. Com sua ajuda, perseveremos este ano na busca do Salvador.
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