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Maria, companheira dos pobres

Confira uma reflexão sobre o companheirismo de Maria e sua identificação com os anawin, revelando a presença de Deus entre os pequenos e pobres.

Escrito por Pe. Antonio Clayton Sant’Anna, C.Ss.R. - Editado por Luciana Gianesini

28 DEZ 2015 - 08H00 (Atualizada em 14 NOV 2025 - 14H35)

Fazer companhia a alguém significa dar acolhida, ser solidário, mostrar respeito, gestos que descrevem identificação mais espiritual que material. Ora, por tudo o que sabemos sobre Nossa Senhora a partir dos Evangelhos, dos escritos já no 2º século da era cristã e da tradição vivida no culto, Maria vivia essa identificação, esse companheirismo. Ela fazia parte dos grupos sociorreligiosos que os estudiosos da Bíblia intitulam os anawin.

Num aspecto, são os carentes de bens materiais. Vivendo na condição de vulnerabilidade social e dependência humana, ficavam mais expostos às injustiças, aos sofrimentos e às diversas aflições do dia a dia. Noutro aspecto, a literatura bíblica olha os anawin a partir da sua absoluta confiança em Deus. São pessoas de espírito humilde que não se abatem em meio às provações, mas procuram fielmente conhecer e fazer a vontade de Deus.

Jesus Cristo, além de viver essa realidade junto com sua mãe e o pai adotivo, José, ancorou nela a razão de ser de sua vinda ao mundo. No início do seu ministério, declarou de modo explícito na sinagoga de Nazaré que Ele “viera para evangelizar os pobres e libertar os oprimidos” (Lc 4, 18).

Reprodução/ Wikimedia Commons Reprodução/ Wikimedia Commons

Sendo pobres, Jesus e sua mãe não resolveram o problema social dos pastores, por exemplo. Tratava-se de uma classe bem abandonada, vistos até como gente suspeita e não confiável. Mesmo assim, foram os primeiros a visitarem o recém-nascido da manjedoura.

Impressionados com a visão, o contato com Maria, José e o recém-nascido no quadro geral de pobreza, sentiram-se invadidos por uma alegria imensa. Identificaram em Maria a sua companheira na pobreza, na pequenez, bem como na condição de anawin.

Libertados da indigência espiritual, voltaram para sua tarefa “maravilhados glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto...” (Lc 2,20). Os rudes guardas noturnos de rebanhos nos campos se tornaram mensageiros do nascimento de Jesus. A catequese de Lucas vê neles como que pré-missionários da Boa Nova da Salvação, vivida e anunciada aos outros como fonte da verdadeira alegria.

É comum na Bíblia constatar que os pobres, os desprezados e postos à margem dos bens e serviços da cidadania, os despossuídos, enfim, são mais facilmente sensíveis à experiência do divino.

Quem se abre ao agir de Deus intimamente, tomado por fatos sobrenaturais, quer partilhar a sua alegria com os outros. Maria foi assim, fez isso e o proclamou no Magnificat. Por experiência própria, Ela atestou a inequívoca opção por Deus em favor dos famintos, os desprovidos de poder, os oprimidos e penalizados, mas cheios de esperança no amor salvador.

Por inspiração divina, o evangelista Lucas transmitiu às gerações cristãs de todos os tempos o companheirismo da Virgem a partir da sua condição de anawin.

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