Por Pe. Antonio Clayton Sant’Anna, C.Ss.R. Em Artigos Atualizada em 26 MAR 2019 - 13H36

O “Abbá” que está no céu… (Série Pai Nosso)

abba

Impossível acercar-se de Deus sem oração. Rezar é respirar com Ele a vida do Espírito! Participar de sua natureza sobrenatural. Educados na cultura do Antigo Testamento os apóstolos e discípulos de Jesus herdaram as barreiras de uma relação mais servil que filial. Deus lhes era distante: era o Senhor, o aliado todo-poderoso, o Deus da Lei (do sábado, etc.) Mas, presenciando as atitudes orantes do Mestre viram transparecer nelas uma profunda e cativante intimidade. Impressionados pediram: Ensina-nos a rezar! (Lc. 11,1). O Mestre disse-lhes: rezai assim “Pai nosso que estais nos céus…” (Mt. 6,9). O alicerce do Pai Nosso é essa invocação inicial. Não são as sete petições. Sem envolver-nos no mistério da paternidade divina, a lista dos pedidos é vã. Apenas se tivermos a profunda consciência da nossa adoção filial pelo Espírito de Deus, nos será dado o “poder” de entrar em seu mistério e chamá-lo: ó Pai! E nos aproximaremos confiantes, na certeza de ser por Ele amados. Da figura autoritária patriarcal do pai segundo a cultura judaica antiga, Jesus levou os apóstolos e hoje a nós para a ternura, o afeto, o amor do Pai-Deus. Adquirimos a ‘liberdade dos filhos de Deus’ (Gl.4,6) para rezar. Por isso, São Paulo escreveu: Deus derramou em nosso coração o Espírito de seu Filho que clama: Abbá (Papai) (Gl.4,6) um grito de ternura!

 

 “Ninguém conhece o Pai senão o Filho” 


Em Jesus, o primogênito dos irmãos, Deus se nos revelou como papai- querido: o Abbá. “Ninguém conhece o Pai senão o Filho” (Mt.11,27). Identificados com Ele através do batismo, nascemos de Deus (1 Jo.5,1); recebemos a filiação adotiva que nos faz irmãos. Portanto, o ‘Pai Nosso’ não é bem uma fórmula de oração. Nele fica explícita a originalidade da relação de Jesus com um Deus-Pai. (Abbá). Tratar a Deus assim foi característico de Jesus e uma novidade temerária na cultura da época. Abbá era palavra usada no ambiente familiar. Um diminutivo carinhoso, que corresponderia hoje ao nosso “papai”, ou “paizinho”. Mostra simplicidade interior, confiança infantil e carinho nas relações. Chamar a Deus desse modo familiar era impensável ousadia em aproximar-se do “inominável”. Ora, Jesus usa 170 vezes o termo aramaico abbá, traduzido como ‘pater’ em grego. Temos aí o âmago da relação de Jesus com Deus. Numerosas passagens no Evangelho comprovam o clima de oração em que Ele vivia. Chegava a passar noites inteiras rezando (Lc. 6,12). Em momentos decisivos como no Getsêmani (agonia), a oração era seu único conforto. (Mc. 14,35-36). As comunidades cristãs repensaram a forma e o conteúdo das orações a partir do ensino, das atitudes e conceitos de Jesus. O Pai Nosso é a expressão maior de tudo isso. Atentos à invocação inicial, podemos comentar cada pedido nos próximos artigos.

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