Por Pe. Antonio Clayton Sant’Anna, C.Ss.R. Em Artigos Atualizada em 26 MAR 2019 - 13H35

Perdoai nossas ofensas como nós perdoamos… (Série Pai Nosso)

perdoai

Dos sete pedidos do Pai Nosso este é o que mais condiciona o efeito da oração. Tem duas partes: supõe um pacto entre o homem pecador suplicante e Deus misericordioso e justo. Uma espécie de ‘condição contratual’. Se ao pedir perdão a Ele não estivermos intencionalmente predispostos a perdoar os outros, nada feito. Como que impedimos Deus de nos atender, pois estaremos anulando em nosso desfavor os méritos de Cristo. Intrigado com o ensino do Mestre, Pedro lhe perguntou: Quantas vezes devo perdoar quem me ofendeu? E generosamente sugeriu um número acima das três vezes do costume hebreu: até sete vezes? A resposta de Jesus surpreendeu e ultrapassou qualquer limite: “Não apenas sete vezes, mas até setenta vezes sete” (Mt.18, 21-22). Perdoar sempre! Deus quer nos perdoar sempre, mas não pode fazê-lo a quem não perdoa o outro. Expressiva a oração de São Francisco: é perdoando que se é perdoado! Mas, e o sentimento da mágoa? É só obstáculo psicológico para a reconciliação. Pode passar com o tempo. Superadas a dor da ofensa, a raiva, as emoções de início e inclusive a análise incorreta da ofensa alheia, ganha-se a liberdade interior. Fecha-se a ferida da mágoa, mesmo se ficar a memória obstinada do fato. Dizer no Pai Nosso: perdoai-nos como nós perdoamos, não é tanto deixar de sentir-se ofendido, mas é o desafio de rezar bem. Perdoar como Cristo é amar até ao extremo do amor.

 

Um mundo onde não se perdoa é infeliz.

Jesus ressuscitado incorporou à missão da Igreja a sua própria autoridade de perdoar pecados. Disse aos apóstolos: os pecados daqueles que perdoardes serão perdoados; os dos que não perdoardes, não o serão! (Jo. 20,22-23). Quando o pecado é perdoado a vida divina é restaurada em nós. Um mundo onde não se perdoa é infeliz. Sofre todo tipo de violência, arrogância, vingança, terrorismo, orgulho do poder, etc. Está sempre à beira do abismo: armas atômicas já armazenadas podem destruir-nos num clic. Ora, os desvarios do homem vingativo, os ímpetos do coração enraivecido, o engenhoso arsenal de armas destrutivas modernizadas: tudo isso se esboroa diante da palavra do manso cordeiro crucificado: “Pai, perdoai-lhes porque não sabem o que fazem” (Lc. 23,34). Incompreensível parece-nos essa desculpa, mas ela revelava que o amor salvador e reconciliador de Deus é maior que todo o ódio. Em agonia na cruz e sob a saraivada de insultos e impropérios dos chefes embriagados de ódio, Jesus foi muito além do limite de ‘setenta vezes sete’ que ensinara a Pedro. Se de fato temos a certeza que Deus nos perdoa por Jesus, só nos resta assumir a cultura do perdão sendo agentes de reconciliação e da paz numa sociedade aonde até linchamentos vem acontecendo com assustadora frequência. O perdão que Deus nos dá restitui não apenas a paz da consciência, mas pode ser remédio para a saúde, além da cura e libertação do mal.

 

 

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