Por Pe. Antonio Clayton Sant’Anna, C.Ss.R. Em Grão de Trigo Atualizada em 26 MAR 2019 - 12H47

Fé em Jesus: memória agradecida!

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 Lucas, 17, 11-19 - 28º Domingo Tempo Comum                            

Uma comunidade cristã renova seu impulso de atuação missionária ao se reunir no altar de Jesus, aos domingos. A Igreja católica nasceu missionária e só desse modo se justifica sua ação, utilidade e presença na história humana. Ela está sempre “em missão” por ter a consciência de ser enviada ao mundo inteiro por Jesus Cristo. Mas, a igreja-edifício e suas capelas como locais de culto, não são os limites da prática religiosa cristã e consequente atuação da comunidade missionária. A fé em Cristo nos envia aos problemas todos da vida. Celebrar a fé não é só rezar. É viver em constante submissão à vontade e na estreita intimidade do amor misericordioso de Deus. É prolongar durante a semana nos ambientes os mais diversos tudo o que professamos ao redor do altar em ação de graças. Não por acaso a palavra Eucaristia significa: ação de graças!

 A Eucaristia é a ação de graças fontal e reparadora. Nela atualizamos em nosso favor os atos e méritos de Jesus. Com ele damos graças! Nada merecemos sozinhos! A Bíblia não vê no agradecimento apenas uma atitude educada, nem mero sentimento espiritual. Trata-se de reconhecer nossa total dependência da graça de Deus. Dos seus benefícios. Por sermos cristãos agradecemos por Cristo, com Cristo e em Cristo. Ele nos limpa e purifica de todos os pecados e nos faz agradáveis a Deus. Leia: Lucas, 17, 11-19. 

No Evangelho de Lucas Jesus é ‘o caminho’ e está ‘a caminho’. É o jeito dele encontrar-se com as pessoas. “Aconteceu que, caminhando para Jerusalém, Jesus passava entre a Samaria e a Galiléia”. Não se trata só de uma localização geográfica ou histórica. Lucas usa desse artifício literário narrativo como convite ao leitor para seguir Jesus. Imagina uma viagem do Mestre a Jerusalém, a capital da Judéia, na região sul do País. Sede da instituição religiosa e política judaica, hostil à atividade missionária de Jesus. Logo, ir para Jerusalém era caminhar ao encontro da perseguição. Uma viagem que levava Jesus ao confronto com seus inimigos e enfim para a cruz. Ora, ser discípulo-missionário com Ele significa e implica aceitar todos os riscos. São Paulo resume na 2ª carta a Timóteo o que é o seguir Jesus: “Lembra-te de Jesus Cristo... Merece fé esta palavra: se com ele morremos, com ele viveremos. Se com ele ficamos firmes, com ele reinaremos.” (2ªTm, 11).

Ora, indo para Jerusalém Jesus “passava entre a Samaria e a Galiléia”. Qual a importância disso? Segundo os estudiosos é uma alusão à ação libertadora de Jesus. Ele realizava um novo Êxodo, ou a nova libertação do povo de Deus. O Êxodo fôra a saída do povo hebreu rumo a Terra prometida (Canaã). Moisés foi o grande líder do povo libertado, atravessando o Mar Vermelho, e o deserto até à vista da Terra Prometida, além do rio Jordão. Daí, a referência de Lucas à viagem de Jesus a Jerusalém lembra o caminho libertador do Êxodo. Por isso, ele passou entre a Samaria e a Galiléia onde se misturavam judeus e pagãos. A Galiléia era a região de gente marginalizada e abandonada pelas autoridades da capital. E nisso há o encontro com os dez leprosos, que sinaliza a libertação messiânica. Eles se puseram no caminho e pediram a cura a Jesus. A atenção que receberam é ao mesmo tempo uma denúncia contra o poder de Jerusalém que marginalizava a população.

No relato de Lucas não é o milagre da cura o mais importante. É a atitude dos 10 leprosos. Homens tão rejeitados pelo esquema oficial do Templo tiveram grande confiança aproximando-se de Jesus, chamado de Mestre, e pedindo-lhe a cura. Obedeceram logo a recomendação de se apresentarem às autoridades que avaliariam a condição da saúde deles. Ainda a caminho perceberam que ficaram curados. Mas, em apenas um dos dez manifestou-se a memória agradecida e ele voltou para agradecer a Jesus. Era justamente um samaritano, ou seja, fazia parte da população desqualificada pelos judeus. As autoridades do Templo achavam os samaritanos indignos de serem integrados na cidadania. Todos os leprosos eram vítimas de uma instituição falida, que lhes negava a dignidade e a vida. Jesus devolveu uma e outra aos 10, mas um só aproveitou. Apenas ele, o rejeitado maior, é apresentado como exemplo do seguidor de Jesus a caminho de Jerusalém. A este a fé o salvou e o inundou de ação de graças.

A eucaristia é hoje a chance imperdível do agradecimento que nos integra na mesa de Jesus, a ceia! Na cruz Jesus foi considerado o pior dos leprosos. Homem abandonado por Deus e desprezado por todos. (Isaías, 53). A tal extremo o levou a sua doação de amor por nós! Ele se fez “pecado” para do pecado nos libertar e nos integrar na aliança nova com Deus. Por isso, o altar da missa é a fonte bendita da vida de Deus que nos cura, liberta e salva. Dele jorra a água viva da Palavra do Senhor que nos instrui e purifica. Nele temos o pão vivo descido do céu, nosso alimento substancial que fortalece a caminhada de peregrinos até a Jerusalém celeste.

Maria, a Virgem Dolorosa, viu, sentiu, compartilhou e sofreu a rejeição ao filho querido até na última agonia. Tornou-se a missionária do Calvário. Que este mês das missões impulsionado com as festas em louvor a ela, a Mãe Aparecida, reavive em nós o fogo do ardor missionário.                    

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