Por Pe. Antonio Clayton Sant’Anna, C.Ss.R. Em Grão de Trigo Atualizada em 26 MAR 2019 - 13H15

Homilia: O cerne da santidade: as Bem aventuranças

Homilia para o “Grão de Trigo” - Mt.5, 1-12                                        

Novembro tem um significado especial no calendário litúrgico. O fim do ano vem chegando e o olhar cristão se dirige para o fim da história. Professamos o artigo final do Credo: Creio na comunhão dos santos, creio na ressurreição da carne e na vida eterna. Como o peregrino que perscruta o horizonte e antecipa no pensamento a meta, assim nosso olhar de fé alonga-se além da vida e brilha cheio de esperança sob o clarão da luz eterna.

dom_orani_comunhaoComunhão dos santos! A Igreja Católica é isso em seu profundo mistério: a união misteriosa feita pela graça do Espírito Santo que Jesus ressuscitado nos enviou. O sopro purificador do Espírito Santo acolhido no íntimo das pessoas liberta-as dos pecados, defeitos, imperfeições, erros e misérias humanas. Esta é a nossa santificação em Cristo, com Cristo e por Cristo. A santidade é a excelência da nossa vocação discípular. Nela e por ela, a partir do Batismo, já adquirimos e vamos consolidando a nossa cidadania celeste. Deus nos comunica o que Ele é em sua realidade mais essencial. Ele é santo! Só Ele o é por natureza. Ora, se Deus é nosso Pai e se somos seus filhos, somos chamados a ser o que Ele é. A Bíblia inteira nos convida ao chamado: ser santos. O livro do Levítico (19,2) proclama a vontade soberana do Senhor ao seu povo: “Sede santos como eu vosso Deus sou santo!”. E Jesus também insiste com seus discípulos: “Sede perfeitos como o vosso Pai do céu é perfeito”. (Mt.5,48).

Os santos e as santas viveram profundamente aqui na terra esta comunhão dos bens espirituais: a fé, a esperança, a caridade, a partilha dos dons, serviços e carismas da santidade. É a multiforme graça de Deus prodigalizada a quem é fiel a Ele no Filho Amado! O livro do Apocalipse descreve os que chegam ao céu: foram “lavados e purificados no sangue do Cordeiro” (Ap.7,14). Querer ser santoimplica um esforço de conversão constante em nossos projetos, atitudes, desejos e opções íntimas. Partilhamos a fé mediante palavras, gestos e orações comunitárias no contato com o sagrado: cerimônias, bênçãos e atos religiosos exteriores, na Igreja una, santa e católica. Unidos em Cristo, na caridade dele, vivemos a comunhão na sua Igreja encarregada de prolongar na História a missão do seu Mestre e fundador, missão confiada a seus discípulos. Na cidadania da terra já somos peregrinos do céu, cidadãos do Reino de Deus.

Há uma comunhão vital entre o que a Igreja é na terra e o que ela será nos céus. O Credo ou símbolo dos Apóstolos termina enfeixando nosso olhar da terra ao céu: “Creio na Igreja uma santa, católica, apostólica. Na comunhão dos santos, na ressurreição da carne, na vida eterna”. A base bíblica dessa fé está dada na proclamação das Bem aventuranças. Leia Mateus, 5, 1-12.

Esta passagem é conhecida como: o Sermão da Montanha. “Jesus subiu ao monte e sentou-se”. Com esta informação um tanto estranha Mateus abre a lista das bem-aventuranças. O monte é um símbolo bíblico comum ao uso dos autores sagrados. Significa a proximidade com Deus. Aqui relembra ao leitor cristão o Monte Sinai, onde Moisés recebeu de Deus os 10 Mandamentos de uma forma solene. Jesus também sobe ao monte, isto é, substitui a função de Moisés o grande legislador do A.T. no ensino e na direção de um novo povo de Deus, formado a partir de seus discípulos. Jesus promulgou uma nova aliança entre Deus e nós, fundamentada nas bem-aventuranças. Estas são formuladas a partir dos grandes temas da sua pregação. Elas propõem as condições indispensáveis para fazermos parte do novo povo de Deus, o povo messiânico, a Igreja. As bem-aventuranças oferecem a plena felicidade. Mas, seus caminhos parecem contradizer nossas expectativas. Até nos espantem. Jesus considera felizes os pobres, os humildes, os marginalizados, os perseguidos!

Porém é certo! Não é a posse dos bens nem o gozo dos sentidos que nos fazem felizes. Não é o dinheiro, o poder, a glória, a fama, a badalação social, a segurança ou a sorte. Nada disso é garantia de uma vida bem sucedida e feliz! A prova está aí, no dia a dia. Seja como for, queremos ser felizes! Fomos criados para isso. A fonte das bem-aventuranças é a lei da vida santa perante Deus. Ela é a causa primeira da solidariedade entre os homens, da partilha dos bens, da fome e sede de justiça, amor e paz. O que Jesus nos propõe é santificar a vida, ou seja, humanizar o mais possível os nossos relacionamentos.

Aplicação mariana

 As primeiras informações do Evangelho sobre o estado íntimo de Maria se concentram em sua felicidade. É a ‘cheia de graça’, ‘bendita entre as mulheres’. É a bem-aventurada! E no texto de Lucas, cap.1º, Maria confirma tudo isso. Sabe que será proclamada feliz por todas as gerações, mas porque Deus olhou para sua humildade. Invocando a Santa Maria, mãe que nos gera em Cristo, recordemos nossos irmãos e irmãs no céu. São felizes, são bem-aventurados cidadãos na glória de Deus! Peregrinaram na terra em meio a muitos sofrimentos e até perseguições, mas perseveraram. Foram fiéis no discipulado! Vencedores estão recompensados junto ao Cordeiro imolado, constituindo a Igreja triunfante! Com Nossa Senhora os santos e santas atestam que a garantia da nossa salvação é a santidade de Deus! E nada mais neste mundo!

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