Por Pe. Antonio Clayton Sant’Anna, C.Ss.R. Em Grão de Trigo Atualizada em 26 MAR 2019 - 13H39

O Grão de Trigo – Homilia 03

trigo

Viver o domingo em sentido cristão é resgatar o tempo, o trabalho, a história humana de sua dimensão passageira e de suas ilusões fugazes. Celebrar o domingo como cristão é introduzir nas ações do homem na terra a força divina, a marca do eterno, o sopro de Deus. Em cada fase do tempo somos absorvidos pelos negócios, prazeres e várias preocupações. Vamos passando. Nossa vida vai passando, e quanto mais vivemos mais nos interrogamos: para onde vamos? Qual é a finalidade de todos os nossos esforços? Qual é o valor real das coisas como o dinheiro e a posse dos bens? Nosso dinheiro, nossa moeda se chama “real”. No caso, a palavra “real” significa o que existe de fato, o que é verdadeiro? Até que ponto nossa moeda é dinheiro verdadeiro e tem “real valor”? E para quem ele é dinheiro real? Para todos nós brasileiros, ou só para os mais privilegiados, ou a parcela pequena representa no topo da pirâmide social? O sistema econômico regula a circulação do dinheiro, o seu poder aquisitivo, a sua distribuição como salários, rendimentos e lucros. Em sã consciência pode – se dizer que temos um sistema econômico justo? Mesmo considerando a emergência das políticas sociais como são o “Fome Zero” e a “Bolsa Família”, elas estão aí atestando a injustiça de um País que nega a milhões de filhos oportunidades reais de trabalho e renda. Como disse uma pessoa pobre assim assistida: Fome Zero é como jogar milho ás galinhas. Não resolve meu problema de cidadão.

Nesse contexto social injusto, o domingo cristão vem nos oferecer a sua riqueza própria. Ela nunca está sujeita ás oscilações das bolsas nem ao jogo dos especuladores financeiros. O mistério de Jesus dá um sentido positivo e real á vida humana de todas as pessoas, ricas ou pobres. É preciso apenas fazer a opção de ser digno dele: a opção por Jesus na administração sensata da vida. Quem de fato segui – lo ficará atento e fiel ao seu conselho: “ Ajuntai riquezas no céu, onde nem traça e nem ferrugem as podem destruir, nem os ladrões conseguem assaltar e roubar. Pois onde estiver o teu tesouro aí estará também o teu coração! (MT. 6,20 – 21). Não há riqueza maior para o coração humano do que a Palavra de Deus. Este é o único tesouro a não perder jamais. Infelizmente não raro somos tentados a servir ao dinheiro em lugar de servir a Deus. É Jesus quem nos alerta. Leia: Lc.16,1 – 13.

O texto compõe – se de algumas sentenças de Jesus ao questionar a fidelidade dos discípulos. As sentenças são conclusões de parábolas sobre o que fez o administrador infiel. A má administração deu ao patrão o direito de demiti – lo por justa causa. Mas, aquele gerente foi esperto e garantiu o futuro, pois usou e distribui os lucros devidos a ele na administração para fazer possíveis amigos. Há outro detalhe: o homem tinha ao seu dispor apenas uma riqueza material duvidosa se boa ou má: o capital do seu patrão. O acúmulo de um capital nunca está livre de suspeição. Pode estar até marcado por injustiças na sua aquisição. A parábola nos passa a impressão de que Jesus está elogiando a desonestidade do administrador. Não. Louva só a sua sagacidade. Ou a prudência com que agiu no último ato de gestão dos bens, pois ele perdoou aos devedores do seu patrão, a parte a que tinha direito a receber na demissão. Enfim, Jesus não está aprovando a má administração como tal, e sim a esperteza de quem abre mão de sua comissão pensando ganhar amigos futuros.

É desse detalhe da parábola que Jesus tira as sentenças: os filhos das trevas ao usar coisas de justiça duvidosa como dinheiro, administram sua vida com mais esperteza do que os filhos da luz que podem administra – La usando coisa justas e boas. Ou então quem se costuma a ser fiel e justo no pouco, será fiel e justo no muito. Enfim, temos aí um teste para avaliar a fidelidade do discípulo. Jesus argumenta: se alguém não merece confiança nem quando usa de uma coisa injusta como o dinheiro, quem vai lhe confiar o bem verdadeiro? A sentença final concretiza mais a comparação: esperteza com o dinheiro (coisa não justa) e esperteza em ser fiel. O discípulo de Jesus terá que fazer uma escolha entre servir a Deus ou ao dinheiro. O dinheiro é uma realidade ambígua: em si não é bom nem mau. A bondade ou a maldade estarão ou na sua fonte. Ou no uso dele. Daí a sabedoria e a esperteza do discípulo de Jesus estarão em usar o dinheiro para fazer o bem aos necessitados e partilhar no sentido de solidariedade e justiça.

As riquezas terrenas passam de mão em mão. Aqui as encontramos, aqui as deixamos. Mas a vida pode ser um bem eterno se formos espertos e fiéis em servir ao reino de Deus, em promover a paz e a justiça, em amar a verdade, em produzir bens espirituais que serão nossos para sempre! Para tanto é preciso servir a Deus e não à posse do dinheiro. Plantemos mais esse grão de trigo!

O grão de trigo – 4 – Lc.16,1 – 13 – 25º DTC – C

 

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