Respeitar a sacralidade da vida é o serviço mais necessário que a Igreja presta ao nosso povo. Por isso estima a família fruto do matrimônio, instituição fecunda que une homem e mulher para transmitir e conservar a vida e é sua garantia natural antropológica e genética. As leis favoráveis aos homo afetivos não alteram esse estatuto natural das coisas. Só no papel…
Gerado na família cada um de nós é um in-divíduo. Ou seja, não-divisível. É uma pessoa “única” nela mesma. É ser livre, responsável por si, por sua própria vida e pelas opções em relação aos outros, construindo a paz social. Ora, somos “esse” ou aquele indivíduo porque cada um de nós vem de uma cepa, uma raiz, uma fonte. É a linhagem genética da nossa família! O Estado não explica o que ela é. A cultura também não. A ciência com seu arsenal de pesquisa, menos ainda. A pesquisa científica pode “dissecar” o código genético de um indivíduo. Não pode criá-lo e nem recriá-lo. Clonar ainda não é criar o “novo”. Donde vem a família? Vem de onde vem a vida. A resposta mais satisfatória à razão, aos sentimentos, ao íntimo de cada indivíduo seja qual for a sua raça, só pertence à fé. Vem de Deus. É linhagem dele. É dom divino. Cremos que viemos de uma família originante: a Trindade Santa e eterna. Mistério revelado pelo próprio Deus na história de Jesus Cristo e sua família. Ler: Lucas, 2, 22-40.
Na oitava do Natal o culto cristão prolonga as alegrias e esperanças do mistério da Encarnação de Jesus. Ele viera como UNGIDO de Deus! O Messias, na língua hebraica; o Cristo, na língua grega. Gerado pelo Espírito Santo no seio da Virgem “cheia de graça”, toda santa e pura aos olhos do Senhor. Nem Ele, nem ela precisavam de qualquer consagração no Templo. Mas, a “purificação” dela é o pretexto para a “apresentação” profético-messiânica do Filho. Vem só dele, o indivíduo-messias, a salvação para todos. No seu contexto familiar ele sujeita-se à lei civil e à cultura religiosa judaica. O gesto público da família de Nazaré que, submissa à Lei, consagra o primogênito 40 dias após o parto, marca a transição da espera para o cumprimento da promessa messiânica. Terminou o tempo da “espera”. O Templo era o núcleo da cidadania e da Lei, mas havia nele servidores que esperavam conhecer um dia o ungido de Deus, o Messias. Uma dessas pessoas era o velho Simeão. Quando ele viu aquela família e o bebezinho nos braços da mãe, ficou possuído por uma revelação íntima: Deus assumira a causa dos pobres e humilhados. Enviara Jesus, o Salvador, fazendo-se nele igual a nós desde a intimidade de um lar, no seio de uma família. Simeão percebeu que a aliança comum do matrimônio de José e Maria era o local terreno onde as duas etapas da Aliança trinitária se sucediam. A Aliança feita com os patriarcas e profetas do povo bíblico antigo estava sendo substituída por uma nova naquele menino que viera como luz das nações, mas seria sinal de contradição: salvando ou condenado.
Acreditar na família é o primeiro passo para um futuro bom. Sem famílias bem preparadas, estruturadas, formadas de modo consciente, adulto, responsável e maduro não temos futuro! O País não terá futuro. O mundo inteiro estará fadado ao fracasso se a política, a economia, as leis não honrarem e protegerem os valores da família. O Estado laico estará cada vez mais afogado na corrupção e ambição do poder, com atendimento precário à saúde, distribuição injusta de salários e serviços públicos, descaso aos direitos mais elementares da cidadania.
Preservar o matrimônio na fidelidade, na tolerância, na paciência com os defeitos alheios e próprios, e nas crises, é solução! A sobrevivência da família e do lar passa sim aqui e ali por feridas dolorosas, desânimos, provações dentro e fora pondo em perigo a boa convivência familiar. Divórcio, machismo, amor livre, violência doméstica, gravidez na adolescência, aborto, comportamento imoral, influência malsã da mídia etc. etc. São chagas abertas desafiando o diálogo, o amor, a dignidade de uma família.
Aplicação mariana
Acreditar na família como fonte fecunda da vida e sua defesa é partilhar a alegria dos seus membros individuais entrelaçando as boas qualidades dos pais e filhos. Maria cumpriu seu papel materno e familiar. Ela viveu a nossa realidade nos laços familiares. Também na aflição, nas dúvidas, nos sofrimentos maiores, quando “uma espada lhe traspassou-lhe a alma” (Lucas, 1,36.) Invoquemos a proteção da filha predileta do Pai, esposa do Espírito Santo, mãe do Filho do Altíssimo! Formamos com ela, discípula e mãe da Igreja peregrina, a família de Deus a caminho de novos céus e nova terra: a Jerusalém do alto, o Templo do trono de Deus e do Cordeiro, junto ao qual não haverá mais lágrimas, choro, morte e dor.
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