Por Maria de Jesus Correa Campos Em Homilias

Homilia: Sexta-Feira Santa (18.04.2014)

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Hoje, Sexta-Feira Santa, celebramos a Paixão e Morte de Jesus na cruz.

Hoje e amanhã não se celebra a eucaristia. São dias de silêncio, meditação, agradecimento, contemplação de Jesus morto na cruz, enquanto aguardamos a celebração da eucaristia na noite da Páscoa, mas podemos nesta celebração, comungar do Corpo do Senhor entregue por nós.

O centro da celebração de hoje é a paixão de Cristo e a cor litúrgica é o vermelho, cor do sangue de Jesus, derramado, livremente, e por amor, por toda a humanidade.

As leituras que escutamos há pouco e a adoração da cruz que faremos, em seguida, nos convidam a contemplar, silenciosamente, emocionados e agradecidos, Jesus pregado na cruz para nos libertar do pecado e nos reconciliar com Deus.

“Deus tanto amou o mundo, que entregou seu Filho único não para julgar o mundo, mas para que o mundo se salve por meio dele” (Jo 3, 16-17).

O profeta Isaías já no Antigo Testamento anuncia um Servo que vai se entregar pelos pecados do mundo, sendo ele o santo, o justo, o inocente.  “Meu servo, o justo, diz o profeta, fará justos inúmeros homens,  carregando sobre si suas culpas.” (Is 52,11).

É para manifestar o amor de Deus para conosco, que Jesus se humilhou até a morte, e morte de cruz. Sua missão querida pelo Pai, é a de manifestar o amor divino, mesmo que isso custe um alto preço.

Jesus teve que percorrer um caminho interior para aceitar a vontade do Pai. A carta aos Hebreus que escutamos, afirma  que “mesmo sendo Filho, aprendeu o que significa a obediência a Deus, para aquilo que ele sofreu. Mas, na consumação de sua vida, tornou-se causa de salvação eterna para todos os que lhe obedecem” (Hb 5,8-10).

A narração da Paixão  que neste dia é sempre a do evangelho de João nos mostra o quanto Jesus sofreu nos últimos momentos de sua vida terrena. Após ter sido flagelado, Jesus é condenado ao suplício reservado aos escravos, a crucifixão, a morte na cruz, uma das torturas mais cruéis inventadas pela maldade humana. As últimas horas de Jesus foram verdadeiramente atrozes. Embora submetido a tanto sofrimento, Jesus, o Cristo, aparece, na narração da paixão no evangelho de João, com toda majestade. Ele é a vítima, mas fundamentalmente, permanece o Senhor da história.

A paixão é apresentada por João como a hora de Jesus, o momento para o qual se dirige toda a existência de Jesus.  A presença de Maria  e do discípulo amado, na narração de João, completa a identidade da comunidade cristã, que nasce da cruz e se alimenta  dos sacramentos do batismo e da Eucaristia,  simbolizados no sangue e na água, jorrados do lado de Jesus e em Maria como mãe.

A paixão de Cristo se prolonga na história humana e como disse o Papa Francisco, “os pobres, os abandonados, os enfermos, os marginalizados são a carne de Cristo e não devemos ter medo, repugnância de tocar na carne de Cristo”. Podemos acrescentar ainda as vítimas do tráfico humano, tema da Campanha da Fraternidade deste ano, um dos problemas políticos, sociais e econômicos mais urgentes associados ao processo de globalização. É uma questão de justiça internacional que não pode ser adiada, o combate a esta moderna forma de escravidão.

A morte de Jesus não foi fruto do azar. Pertence ao mistério do amor infinito de Deus, como o explica São Pedro aos judeus de Jerusalém, no dia de Pentecostes: “Jesus de Nazaré, entregue segundo o plano previsto por Deus, vós o crucificastes pela mão de gente sem lei, e o matastes” (At 2,23).

“Nisto consiste o amor: não fomos nós que amamos a Deus, mas ele nos amou e enviou seu Filho para expiar nossos pecados” (I Jo 4,10). A prova de que Deus nos ama é que sendo ainda pecadores,  Cristo morreu por nós” (Rm 5,8).

 Ao contemplar Jesus cravado na cruz, devemos contemplar não só o seu sofrimento, mas a sua prolongação na humanidade e na nossa própria vida, mas sempre dentro da perspectiva pascal, do duplo movimento de morte e vida.

A Sexta-Feira Santa aponta para a Vigília da noite de Sábado e para o Domingo da Ressurreição. A última palavra, tanto no caso de Jesus como no nosso caso, não é a dor nem a morte, mas a vida, a felicidade plena em Deus.

Diante da cruz de Jesus, agradeçamos-lhe o seu amor. Peçamos-lhe perdão de nossos pecados. Digamos que cremos nele, que o amamos muito, que queremos segui-Lo até o fim de nossa vida, mesmo quando tivermos de carregar a cruz na nossa vida.

“Como cristãos temos o dever de lutar contra o mal através de muitas tribulações, e sofrer a morte; mas associados ao mistério pascal e configurados à morte de Cristo, vamos ao encontro da ressurreição, fortalecidos pela esperança” (GS 22).

 

 

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