MARIA DOS JANEIROS (MÃE DE DEUS)

   Logo no primeiro dia do ano, este está dedicado a Maria – Mãe de Deus. Ela o exemplo maior, a (THEOTOKOS) a significar mãe de Deus. O da misericórdia Seu Filho unigênito Jesus. Exemplificando; tomemos esse parâmetro maior de quem põe em prática a palavra de Deus sob o impulso do espírito. Ela como nenhuma outra soube ser modelo das virtudes evangélicas (pobreza, humildade, fé, esperança e caridade) que juntas nada mais são de que misericórdia pelo outro. “Diz-se que o espírito da virgem é o espírito de Deus. Ela não se deixou nunca conduzir por seu próprio espírito, senão sempre pelo Espírito de Deus, o qual se faz seu dono até o ponto de converter-se no espírito mesmo de Maria” (S. Luis Maria de Monfort). Assim sua vida espiritual ficou tão impregnada que se tornou pneumatizada, ou seja, espiritualizada. Aprisionada pelo espírito de Cristo e dócil aos seus carismas e por ele possuída.

Desde 8 de dezembro até novembro (festa de Cristo Rei) de 2016, o Papa Francisco instituiu o ano da MISERICORDIA. Etimologicamente significa em latim MISERERE + CORDIA (Compaixão do coração) Por isso o ano abriu-se com as Portas Santas. E Maria não é a Porta Santa cantada nas ladainhas dos livros de orações? Com o filho ainda no ventre, com apenas 14 anos pôs-se a caminho ao saber que sua prima Isabel grávida em idade madura (pela primeira vez), poderia necessitar de sua ajuda, compadeceu-se, pôs-se a serviço sua presença (adolescente) poderia ser útil aquela anciã Isabel. Ela intuiu que a obra da Redenção tinha que começar. E depressa para ajudar, para compartilhar, sejam alegrias ou lágrimas. Intuiu que “Isabel entrou de algum modo nos planos de Deus. A mãe do Redentor tinha que visitar a mãe do precursor a fim de que se cumpra toda a justiça. Desde então ouviu-se o hino “Subversivo”o “Magnificat” no encontro das duas mulheres grávidas de João Batista e Jesus. Escutou-se a canção-Oração, sim uma canção! Porque até hoje as mulheres judias tem por hábito cantarem hinos em momentos de alegria. “...Todas as gerações me chamarão de Bem-aventurada”.

Maria é toda misericórdia quando como Cristo compadecia-se dos doentes, dos mortos, das multidões famintas. Papa Francisco usou o termo MISERICORDIA, para explicar mudança de vida, conversão de pecadores e arrependidos. Portas Santas já estão sendo abertas em catedrais e santuários do mundo. Significado simbólico aos homens que ao entrar por aquela porta deve haver conversão. Maria mãe de Deus e dos Janeiros também foi a primeira Diaconisa a compartilhar, a dificuldade da falta de vinho nas Bodas de Caná, misericordiamente recorreu a seu Filho que ali iniciou sua missão a pedido de sua mãe. Foi primeira diaconisa porque os serviçais levavam o nome de DIAKONOS. Até baixo a cruz de seu filho. Sua presença ali constituiu junto com a encarnação o mais alto serviço que possa apresentar como virgem oferente (Mc.20).

Sei que misericórdia é uma palavra usada por Jesus há mais de dois mil anos. Por isso revestiu-se de um caráter tão sagrado que em épocas medievais era costume o senhor feudal carregar na cintura ao lado esquerdo um punhal para defender-se de algum desafeto. Se o subjugasse não hesitava em cravar-lhe o punhal em sua veia jugular para exterminá-lo. No entanto se o inimigo no chão, prestes a morrer falasse “MISERICORDIA”! O senhor feudal embainhava seu punhal e o poupava. A palavra revestiu-se de uma aura sacra. Uma palavra forte. Do Evangelho do Redentor. Com Portas-Santas abertas no dia Marial da Imaculada.

Carmen Novoa Silva é membro da Academia Amazonense de Letras e da Academia Marial